Gestores da UTGCA colocam a planta em risco para se vangloriar com índices de disponibilidade

Má gestão

A unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, é uma bomba relógio prestes a explodir. A má gestão da unidade atrelada a um assédio permanente tem primado por manter um equipamento com título de "operante" e se vangloriar com índices de disponibilidade, do que zelar pela segurança dos trabalhadores, equipamentos e da comunidade no entorno.

Com a implantação do home office, virou rotina na UTGCA que o executante não participe da análise de riscos. A responsabilidade fica, geralmente, a cargo da supervisão, que se importa muito mais com índices de cumprimento dos planos de manutenção ao invés de priorizar a segurança. A meta é sempre seguir a cartilha da alta cúpula da empresa que não defende e protege a força de trabalho.

Em uma análise em home office, equivocada e perigosa em relação ao trabalho a ser executado no turbo gerador, um engenheiro que possui adicional de sobreaviso parcial e é membro da contingência, decidiu que a equipe composta por uma única pessoa, deveria executar a troca de um componente de segurança com o turbo gerador em funcionamento. O próprio supervisor da equipe, justificou a ordem alegando que o relé estaria desligado, mas o TG-A estava operando sem proteção, oferecendo risco ao patrimônio. Um tremendo absurdo!

Foi necessária análise in loco feita pelo técnico da Petrobrás, visto que nem a gestão de mudança para a tarefa foi contemplada para atestar que a atividade era perigosa. Além disso, foi questionado também se o fabricante do equipamento tinha sido consultado pelos responsáveis pelo setor de engenharia e supervisão que estavam em teletrabalho. A resposta foi uma tremenda negativa já que se o fabricante fosse contatado atestaria que a ordem o supervisor era totalmente equivocada e que ele tinha noção do risco a que estava submetendo o trabalhador.

Os trabalhadores da operação questionaram se os membros da Cipa abririam um Relatório de Tratamento de Anomalia (RTA), pela atividade em questão, mas até o fechamento dessa matéria não houve confirmação.

Vale ressaltar, que o forte trabalho no registro das demandas pela CIPA da UTGCA em conjunto com os dirigentes do Sindipetro-LP, tem sido extremamente eficaz dentre inúmeras situações como, por exemplo, as denúncias sobre à exposição ao benzeno. O fato ocorrido em relação à atividade no turbo gerador deve ser pressionado para que o registro da RTA seja feito e assim evitar que assédio, como o ocorrido pelo desempenho da atividade, voltem a acontecer.

 

O que se pode tirar de toda essa história é que a preocupação com os trabalhadores e com segurança de uma planta de processamento de gás é nula. O que é mais importante, para eles, é manter os multiplicadores no Plano de Carreiras e Remunerações (PCR).

Mais problemas

A terceirização das atividades dentro do Sistema Petrobrás têm sido um grande problema. Ela é porta para o plano de desinvestimento orquestrado pela gestão de Castello Branco e para a insegurança nas unidades já que muitas empresas ganham contratos pelos valores reduzidos ao invés da expertise no serviço que oferece.

Na UTGCA uma empresa foi contratada, por dois anos, para atuar em tempo integral com dois técnicos nas subestações e equipamentos elétricos. O contrato, cujo valor é de R$ 5.067.280,99, foi feito às escondidas dos técnicos de manutenção elétrica da própria Petrobrás, mas com a anuência do gerente e engenheiro de manutenção. A terceirizada tem servido, na prática, para pressionar ainda mais os técnicos que utilizam seu direito de recusa em prol de sua segurança. Com a recusa dos trabalhadores a “gata” conseguiu eliminar dois postos de trabalho e obrigou apenas um técnico atuar sozinho em diversas situações. Isso acaba tirando a “culpa” dos gestores da Petrobrás já que juridicamente são impedidos de orquestrar esse tipo de situação.