De símbolo do pré-sal, Valongo vira exemplo dramático do desmonte da Petrobrás em SP

Saída do estado de São Paulo

Demissões de terceirizados, transferências compulsórias e teletrabalho permanente estão entre as ações articuladas pela empresa em meio à pandemia que apontam para a saída da companhia do estado de São Paulo

Em dolorosas parcelas, a direção da Petrobrás está reduzindo a preseança da empresa no estado de São Paulo, extinguindo postos de trabalho terceirizados e transferindo mão de obra direta para o Rio de Janeiro. Além disso, já anunciou a intenção de transformar o teletrabalho em regime permanente para ao menos metade do seu efetivo administrativo próprio, o que resulta na extinção de postos de trabalho terceirizados e no impacto negativo nas cidades onde a companhia possui prédios administrativos. 

Com metade da força de trabalho em casa, a tendência é essas estruturas desaparecerem. Perdem os trabalhadores, engrossando o batalhão de desempregados do país, que superam os 12 milhões pelos dados oficiais, e perde toda população, com a fuga de investimentos da estatal e consequente queda na arrecadação de tributos e outras receitas. O Estado de São Paulo, com o Edifício Valongo como exemplo mais dramático, é um dos que mais sofrem com esse processo de desmonte.

Espécie de QG das operações de exploração e produção de gás e petróleo das plataformas da Bacia de Santos, o papel estratégico do Valongo, que possui 1.861 trabalhadores próprios e praticamente o mesmo número de terceirizados, vem sendo ameaçado. Uma medida recente que ilustra essa tendência é a transferência da representação sindical de 937 trabalhadores para o Rio de Janeiro. Anunciada no dia 11 de maio, a mudança atinge petroleiros lotados no Edisa Valongo que atuam, sob regime especial, em sete plataformas da base territorial do litoral paulista.

A mudança tem dois objetivos. O primeiro deles, econômico, tirar da companhia a responsabilidade pelos custos relacionados ao transporte desses empregados. E o segundo, político, desarticular a organização sindical da categoria, objetivo que também explica a escolha pelo teletrabalho: submetidos a uma condição de isolamento permanente, esses trabalhadores perderão qualquer contato com a coletividade.