Mexilhão e P-69 entram em lockdown após aumento de casos de covid-19

Seis casos confirmados

As medidas de prevenção ao coronavírus feito pela Petrobrás em suas unidades têm sido alvo de críticas dos sindicatos de petroleiros e Ministério Público do Trabalho: filas e aglomeração na hora do almoço, salas de testes lotadas e a falta de acompanhamento de medidas de precaução ao coronavírus nos petroleiros terceirizados e a falta de rigor na testagem dos que embarcam nas plataformas são alguns dos motivos que fazem os casos de coronavírus aumentarem em todo sistema Petrobrás. Tudo isso abre brechas que resultam, de forma mais acentuada nas plataformas, com surtos da doença entre os trabalhadores. Neste começo de ano, as plataformas de Mexilhão e P-69 se destacam pelo aumento de casos suspeitos de covid-19.

Em Mexilhão, diante de casos suspeitos, a gerência da plataforma acionou equipe medica para testagem de todo POB num total de 103 trabalhadores. Na terça-feira (5) o resultado dos exames foi positivo para seis dos sete trabalhadores que apresentavam sintomas de covid-19.

O problema em Mexilhão começou depois que o gerente da plataforma decidiu chamar reforço para os trabalhos que seguem a todo vapor na unidade. Seguindo a lógica negacionista do governo Bolsonaro e contrariando a recomendação de manter apenas os serviços essenciais, o que motivou solicitar três trabalhadores da P-71. De acordo com informações, um dos reforços embarcou sem que tivesse passado pela testagem de PCR.

Inevitavelmente, este trabalhador e outros dois com quem tivera contato começaram a apresentar sintomas de covid-19 e foram isolados. O mesmo foi feito com os contactantes diretos, porém, outros trabalhadores também foram expostos, num efeito de bola de neve, que contabilizou sete pessoas com suspeita de terem sido infectados pelo coronavírus, o que motivou o lockdown em Mexilhão, anunciado no domingo (3). 

Na segunda-feira (4), os trabalhadores que até então estavam com suspeita de estarem com covid-19 desembarcaram. A falta de consciência e logística por parte da gerência de Mexilhão gerou ainda outro imbróglio.

Dezessete dos trabalhadores embarcados estão há mais de 14 dias a bordo, com previsão de desembarcarem após mais sete dias na plataforma. O grupo não concorda com essa postura, pois além de terem passado pelo estresse da suspeita de terem sido infectados pelo coronavírus, em nenhum momento o ritmo de trabalho na plataforma diminuiu, mesmo com quadro desfalcado. Além desse grupo, há também trabalhadores isolados no hotel, aguardando para embarcar.

Por fim, destacamos o que está acontecendo com um dos operadores da Planta da Cetco, na Plataforma de Mexilhão, que mesmo sendo contactante de um empregado com sintomas de covid-19 não foi colocado em isolamento tendo em vista que a referida Planta é vital para continuidade da produção. Ou seja, mais uma vez prevalece a produção em detrimento a saúde dos trabalhadores. Esperamos gestão da área de Saúde neste caso.

Casos na P-69 e falta de médico de plantão no hotel dos isolados
Na P-69 a troca de turma foi suspensa até que saia o resultado da testagem. Dezessete pessoas desembarcaram, quatro apresentaram sintomas de covid-19. Até a publicação desta matéria o resultado dos exames ainda não havia sido divulgado.

Nestes casos, como os de Mexilhão, a empresa encaminha os trabalhadores com suspeita de covid-19 para o hotel Marapendi, no Rio de janeiro, onde são acompanhados por profissionais de saúde, com atendimento médico apenas durante o dia. O isolamento pode durar de sete a 15 dias, dependendo da avaliação médica.

A disponibilização de médicos e enfermeiros apenas de dia não está atendendo a necessidade do pessoal em isolamento.  Tal denúncia pode caracterizar abandono de pacientes uma vez que os trabalhadores não dispõem de profissionais de saúde no hotel durante horário noturno, período que podem apresentar piora do quadro clínico, o que ocorre com frequência. Para agravar a situação, à noite, acometidos de piora dos sintomas, alguns trabalhadores acabam se automedicando, solicitando medicamentos receitados a colegas com problemas parecidos para aliviar os sintomas da doença.

Diante do aumento de casos no estado do Rio de Janeiro, onde já há falta de leitos e filas para atendimento e internação, considerando que a contaminação com a doença teve relação com o regime de trabalho, o Sindipetro-LP encaminhou ofício à empresa onde cobra, além de uma equipe médica durante 24 horas: fornecimento de todos os medicamentos para controlar ou amenizar os sintomas da Covid-19 de todos os trabalhadores que foram desembarcados; ressarcimento em 100% de valores utilizados para compra de medicamentos aos casos retroativos a implantação da solicitação acima e para aqueles que decidirem cumprir isolamento em suas residências.

A responsabilidade pela vida desses trabalhadores é da Petrobrás, que ao ignorar as recomendações de manter apenas os serviços essenciais, negligenciar nas medidas de segurança também dos trabalhadores terceirizados e não ser rigorosa nas testagens dos trabalhadores embarcados, expõe todos os seus empregados. Portanto, nada mais justo do que manter um atendimento 24 horas a esses trabalhadores que estão cumprindo seus deveres, apesar de todos os riscos além dos inerentes ao trabalho.