Há cinco anos petroleiros impediam mais uma catástrofe na história de Cubatão

E se fosse hoje?

Há cinco anos, também numa sexta-feira, por volta das 20h, durante a jornada de trabalho do grupo 1, uma nuvem de GLP contido na esfera da área sul da refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) vazou por aproximadamente trinta minutos, formando um denso cobertor de gás inflamável que se deslocou para fora dos limites da unidade.  

Se naquela noite uma fonte de ignição fosse acionada dentro da nuvem explosiva a cidade de Cubatão teria sido mais uma vez palco de um acidente devastador e novamente centenas de vidas seriam perdidas, além de outros prejuízos incalculáveis, de várias naturezas, provocados pela propagação da onda de choque da detonação da NENC (Nuvem Explosiva Não Confinada).

A catástrofe foi evitada pela atuação dos petroleiros dos setores de SMS e operacional. A equipe de resposta a emergência atuou prontamente para evitar a explosão do parque de esferas da ARSUL, com destaque a coragem do técnico de segurança Marcos Aurélio Gonçalves, "Ferrinho", e do técnico de operação Esdra Correa da Cruz, "Maguila", que arriscando as próprias vidas fizeram o bloqueio de uma válvula em meio a nuvem explosiva, estancando o vazamento. Não é exagero dizer que quem estava no evento viu claramente a face da morte, mas não esmoreceu.

Se naquela ocasião conter o vazamento e escapar de uma explosão foi considerada um “milagre” pelos trabalhadores que estavam no local, fosse hoje o vazamento na RPBC a fatalidade seria quase certa.

Reposição do efetivo de petroleiros já!
Com efetivo reduzido a menos do mínimo, com sucessivas dobras que tiram dos trabalhadores a agilidade e clareza nas ações que tanto precisam para operarem uma planta tão complexa, e sem uma brigada de incêndio própria e incentivada para atuar em uma situação de emergência como a que aconteceu ou venha acontecer, os moradores da cidade de Cubatão e empregados da Petrobrás estão literalmente contando com a sorte de que um acidente de tamanha proporção não ocorra novamente.

A política de privatização do governo Bolsonaro, seguida à risca pelo atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco, tem aplicado a fórmula do sucateamento e desmonte do Sistema Petrobrás, promovendo a saída de profissionais altamente capacitados e treinados, sem substituí-los via concurso público, e ainda pior, transformando técnicos especializados em meras peças de reposição para “tapar buracos” em vagas nem sempre de especialidade desses profissionais.

Sem o menor pudor ou quem impeça o avanço do desmonte da Petrobrás, Castello Branco tem destruído a maior empresa do Brasil por poucas moedas, entregando de bandeja ativos caros para a economia do país, transformados em dividendos para acionistas e altos salários para os gestores da empresa, dos quais faz parte.

Na última segunda-feira (4) um dos trabalhadores que impediu que o pior acontecesse naquele 8 de janeiro, o TO Maguila, cumpriu sua missão na Petrobrás após 35 anos e merecidamente se aposentou, deixando para a história da refinaria seu ato de coragem. Em seu último dia na empresa seus colegas de grupo o homenagearam com uma placa pelos serviços e camaradagem prestados ao longo dos anos.

Assim como Esdra, outros tantos profissionais estão deixando a empresa e embora suas experiências profissionais sejam insubstituíveis, suas vagas não estão sendo preenchidas e não há nenhuma movimentação deste governo para que sejam, pelo contrário. A automação ou extinção de funções chave no controle de uma planta como a refinaria será o legado deixado por Castello Branco ao fim (esperado) de seu mandato. Já assistimos perplexos a terceirização da função de técnico de operação no Comperj.

Em 2021, além de vencermos o coronavírus, temos como tarefa vital para o futuro da Petrobrás impedir o avanço da privatização da empresa, destituir Castello Branco e toda a corja que tem sugado todos os recursos que deveriam estar gerando empregos e impulsionando a economia do país.

Graças a ação corajosa de nossos companheiros o pior foi evitado, mas não esqueceremos jamais um feito tão grande e heroico.

Quem viveu viu e lembrará.