Terceirizadas demitem trabalhadores por serem grupo de risco da Covid-19

Dois pesos, duas medidas

A situação dos trabalhadores terceirizados no sistema Petrobrás já era bem difícil sem o advento da pandemia. Com a chegada do coronavírus a coisa piorou. Além de terem que enfrentar calotes no pagamento, rescisão contratual, retirada de direitos e achatamento salarial os trabalhadores têm enfrentado uma nova modalidade criada pelos donos das empresas - demissão por pertencer ao grupo de risco da Covid-19. E o pior! Tudo isso com o aval da gestão da gerência da Transpetro.

Em reunião, os gestores do RH da Transpetro afirmaram que colocam em home office os petroleiros que pertencem ao grupo de risco ou fazem Análise de Risco, conforme orientação da EOR, para permitir o trabalho presencial de alguns desses trabalhadores. Em contrapartida, permitem que as empresas terceirizadas dispensem os funcionários do grupo de risco sem que ofereçam oportunidade semelhante.  Isso provoca o caos já que os terceirizados ficam com medo de perder o emprego e com isso, pode estimular a omissão por parte de quem tenha alguma comorbidade.

Além disso, também incentiva as contratadas a demitirem os empregados que poderiam realizar atividades combinadas entre presencial e à distância.

Essa é uma prática deplorável e ilegítima que coloca ainda mais em risco a vida da força de trabalho que tem que se deparar dia a dia com a omissão frente a propagação do coronavírus nas unidades do Sistema Petrobrás. Para os donos das “gatas” não importa se estão agindo de acordo com a lei ou não ou se podem dar oportunidade de emprego a quem precisa. O objetivo principal é lucrar e não ter ninguém afastado, mas eles esquecem que o coronavírus não escolhe em quem se aloja.

A pergunta que não quer calar: onde está a função social tanto da Transpetro quanto das contratadas? Com uma conduta dessas fica nítido que o discurso “é somente para inglês ver” e que na prática a realidade é bem diferente. Essa conduta só ajuda a aumentar o número de desempregados no país que já está batendo a cada dos 14,3 milhões.

Petrobrás
Na Petrobrás a situação não é nada diferente. Na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, a coisa ainda é pior. Os trabalhadores da Benge que seriam admitidos pela nova contratado passaram por um “pente fino” e somente os que estavam abaixo dos 60 anos que conseguiram uma vaga. Não há palavra no dicionário que consiga denominar esse tipo de conduta. As pessoas nessa faixa de idade já encontram dificuldade de conseguir emprego por que “estão velhas” para o mercado de trabalho e agora inventaram uma política demissional em nome da vida!  A vida também depende do alimento e só podemos comprar com dinheiro que provem do trabalho.