Gestão atua com “dois pesos e duas medidas” frente à propagação da Covid-19

UN-BS

Com mais de 570 mil mortos por Covid-19 e a variante Delta avançando no país, a atual gestão da Petrobrás segue negligenciando a vida da força de trabalho. Os petroleiros embarcados são os que estão mais sofrendo com essa política negacionista perpetuada pela gerência da UN-BS.

Na P-66, que já teve surtos da doença, estão usando critérios diferentes para contactantes do coronavírus de acordo com a conveniência dos gerentes da unidade. Na semana passada desembarcaram quatro trabalhadores que estavam no mesmo camarote, mas que trabalhavam em turnos opostos e quase não tinham contato. No último sábado (21) um embarcado apresentou sintomas e não isolaram os contactantes que estavam no mesmo camarote que ele e que trabalhavam no mesmo período do turno. Tudo isso para não deixar os postos de trabalho desguarnecidos. O famoso dois pesos e duas medidas. Para se ter ideia do tipo de conduta discrepante da chefia da P-66 é que teve trabalhador impedido de embarcar e com saldo negativado por não responder questionário, mesmo fazendo a quarentena. Por outro lado, quando chefia quer dar seu jeitinho e ignora todo e qualquer procedimento para embarcar quem é do interesse deles. Isso significa coordenadores, supervisores ou qualquer cargo de chefia. Isso também sobrecarrega o setor de saúde que tem que fazer monitoramento contínuo em camarotes com trabalhadores isolados. No caso da falta de questionário poderia ter sido usado a NT-44. A norma trata sobre falta de efetivo que é constante nas plataformas principalmente no período da noite. A coisa está tão descabida que um terceirizado embarcou sem fazer o monitoramento. O que se sabia até agora que o procedimento era obrigatório, mas na prática tudo pode ser mudado.  Além da chefia permitir o embarque, ela colocou o trabalhador em um camarote isolado como “profilaxia”, mas exercendo suas funções com os demais embarcados.

O que a gerência da P-66 esquece que esse tipo de conduta, e tantas outras semelhantes a essas, são como uma roleta russa já que a Covid-19 é uma doença que tem um alto índice de letalidade.   

Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia, a gestão da UN-BS, atrelada a alta cúpula da Petrobrás, vem promovendo inúmeras lambanças para manter a produção das plataformas a todo vapor. O objetivo é lucrar nem que isso implique em “ceifar” algumas vidas. Haja vista a bolada que os acionistas irão embolsar esse ano. O valor chegou ao patamar de R$ 31,6 bilhões. Essa é a maior distribuição de remunerações na história da Petrobrás.

P-70
Na P-70 a coisa não é nada diferente. A diretoria do Sindipetro-LP recebeu a denúncia que um trabalhador apresentou sintomas de Covid-19 e para resolver o problema a chefia da unidade offshore resolveu desembarcar os três trabalhadores que dividiam o camarote com ele. Além disso, desembarcaram também mais três petroleiros que estavam em assentos próximos ao doente no voo de embarque e outro trabalhador que estava também com sintomas, mas que é da P-66. Isso significa que em uma “tacada só” foram oito trabalhadores em um mesmo voo. O detalhe que ninguém pensou ou se pensou, ignorou é que misturar tanta gente sem ter certeza de nada significa que o voo pode ter se tornado um grande foco da doença e que nesse momento as pessoas podem estar doentes pela simples falta de organização, planejamento, economia no transporte e “pouco caso” com a vida.

Além disso, o fato do primeiro trabalhador ter apresentado sintomas após o embarque pode significar que as medidas para conter a propagação da doença são ineficazes.  Trocando em miúdos a conduta negacionista da atual gestão da empresa perante a situação dos embarcados passou de negligente para criminosa. O desembarque para vacinação é prova dessa economia “porca”. Os gestores preferem barrar a imunização da força de trabalho para a segunda dose da vacina, que por lei é direito deles, para não gastar em transporte. O fato também é comprovado ao juntar sete pessoas da P-66 e P-70 em um voo só e manter os contactantes embarcados e juntos na P-66.

O Sindipetro tem exigido exaustivamente em mesa de negociação que essa triste realidade mude, mas é um trabalho de “formiguinha”. Alguns avanços foram obtidos como, por exemplo, o fim da jornada de 21 dias, mas isso não é nada perto do que deve ser feito para que os embarcados não entrem para as estatísticas.