Bertioga: vazamento de petróleo, de um oleoduto que ligava São Sebastião à RPBC, completa 38 anos

1,5 milhão de litros

No dia 14 de outubro de 1983 um vazamento de grandes proporções levou 1,5 milhão de litros de petróleo de um oleoduto da Petrobrás, em Bertioga, que ligava São Sebastião à Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. Na época o vazamento foi considerado o maior da história. A quantidade de produto derramado era equivalente a 9 mil barris de petróleo.

As investigações na época davam conta que o acidente foi causado por uma pedra que rompeu o oleoduto, em uma região chamada Caruara, que enviava petróleo por 128 km. O produto chegou ao mar e atingiu cerca de 30 km das praias entre Bertioga e Guaratuba. O dano ecológico foi alto já que atingiu manguezais e na época a estimativa era de que seria necessário no mínimo um ano para recuperar a flora e a fauna da região.

Na época a gestão da Petrobrás culpava a empresa Firpavi responsável pela construção da ponte Rio-Santos. Segundo informações, o incidente aconteceu após a detonação em uma pedreira onde uma pedra de 5 toneladas caiu no local da tubulação. Os representantes da empresa, por sua vez, culpavam a Petrobrás pelo rompimento alegando que o duto foi rompido na parte de baixo e isso significava que ele estava em condições ruins. 

Após esse incidente, outros vazamentos desse tipo, de proporções variadas, ocorreram em território nacional, principalmente devido às explorações offshore. O mais recente foi no Campo de Manati que ocorreu no mês de setembro. No local houve vazamento de gás no gasoduto entre a estação de compressão e a estação de tratamento de gás.

Em 2019, um vazamento que atingiu mais de 130 municípios em 11 estados das regiões Nordeste e Sudeste, foi considerado a maior tragédia ambiental por derramamento de petróleo da história do Brasil. Segundo dados da Marinha do Brasil, foram retirados da costa brasileira mais de 5.000 toneladas de petróleo cru. Um navio grego foi apontado como suspeito de ter causado o vazamento.

Sucateamento
O relatório anual de sustentabilidade da Petrobrás, divulgado em 2020, demonstrou os vazamentos de óleo e derivados cresceram cerca de  23 vezes no período de 2018 a 2019. O aumento alarmante de 2157% é o pior índice dos últimos dez anos da empresa. Esse índice tem se intensificado desde que a atual gestão da Petrobrás decidiu fechar os seus Centros de Defesa Ambiental (CDA). Além disso, ganhou corpo desde que foi implementada a política de redução de custos que é muito lucrativa para os grandes acionistas da empresa e que visa facilitar a privatização que vem sendo feito a “toque de caixa”.

A política de redução de custos imposta nos últimos anos tem custado caro às unidades da companhia e à sua força de trabalho. Com mão de obra insuficiente para reparar os estragos feitos pelo corte de investimentos em segurança, há cada vez menos manutenção preventiva e mais manutenção corretiva.

Um dos sintomas deste quadro, é a dificuldade da força de trabalho em dar o encaminhamento adequado aos relatórios das equipes de turno com os mais variados pedidos de manutenção. Não há trabalhadores suficientes para transformar esses pedidos em notas de manutenção e, mesmo se houvesse, não haveria na sequência petroleiros suficientes para executar os serviços. Com isso, a capacidade para responder às demandas é crítica, facilitando a ocorrência de acidentes.

Diante do corte sistemático de investimentos em segurança, da política de redução em massa do quadro de empregados, a empresa na prática vem assumindo o risco de contar com a sorte para não sofrer uma tragédia.

As tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, causadas pela Vale, privatizada em 1996, são exemplos claros de descaso de empresas com seus próprios trabalhadores. Foram cerca de 300 mortes e milhares de pessoas perderam suas casas, sem falar no prejuízo ambiental incalculável. Mortes que seriam evitadas se a empresa não tivesse compromisso apenas com a geração de lucros, já que não teria cortado custos na área de segurança.

Com informações jornal A Tribuna, wwf, Portos e Navios, INEEP

Imagem: reprodução Jornal A Tribuna