Após fechar Fafens e permitir PPI, Bolsonaro anuncia falta de alimentos em 2022 e quer privatizar a Petrobrás

Agora é oficial

No último dia 7, Bolsonaro anunciou como “uma qüestão de crise energética” que em 2022 teremos problema de abastecimento de alimentos no Brasil. Segundo Jair, a China, atualmente a maior fornecedora de fertilizantes do país, diminuiu a produção e isso irá refletir na falta do insumo para o agronegócio produzir alimentos.

No entanto, Bolsonaro e a grande mídia, que ao mesmo tempo em que critica a falta de ação do governo em meio a crise econômica do país, apoia a pauta privatista e reformista de Paulo Guedes, deixam de falar que nos últimos dois anos o governo federal fechou fábricas de fertilizantes no Brasil, deixando o país dependente de importação e sob sério risco de falta de abastecimento. Além de nos tornarmos dependentes de fertilizantes importados, o fechamento dessas fábricas geraram milhares de desempregados de onde saíram. Somente na fábrica de fertilizantes de Araucária, última a ser fechada recentemente, mais de mil trabalhadores próprios perderam o emprego, além dos terceirizados e todo comércio local criado para atender as demandas da fábrica que foram destruídos.

O recente discurso pró privatização da Petrobrás do presidente da Câmara, Arthur Lira, do ministro da economia Paulo Guedes, que diz pretender vender ações da Petrobrás para “combater a pobreza” e do próprio Bolsonaro, nesta quinta-feira (14), dizendo que vai conversar com a equipe econômica para “ver o quer dá pra fazer”, só expõem a verdadeira intenção e motivos de tamanha crise. Para o governo, o cenário ainda mais caótico que se desenha para o próximo ano fortalece a defesa da privatização, que tem apoio maciço do empresariado e da mídia nacional.

A “súbita” preocupação de Bolsonaro pela falta de abastecimento não condiz com o papel do governo em impedir que isso aconteça. Ao contrário, desde que assumiu o governo, Bolsonaro tem se empenhado em se desfazer de ativos como as Fafens e manter uma política de preços de combustíveis em alta, quando poderíamos, com intervenção do maior acionista da empresa, o governo brasileiro, estabelecer preços justos nos combustíveis, mantendo margens de lucro para investimento e dividendos para acionistas.

Mas se a cortina de fumaça formada até aqui para criar esse cenário auspicioso para a privatização começa a se dissipar, fazendo com que as principais lideranças do país digam abertamente que querem vender a maior empresa do país, esse quadro vem sendo desenhando há anos.

O desmonte começou após o golpe travestido de impeachment, com a criação do preço de paridade de importação (PPI) em 2016, sob o governo de Michel Temer. Na mesma época, a Petrobrás interrompeu o projeto de Unidade de Fertilizantes 4 e em 2018, ainda com Temer no comando, a Petrobrás interrompeu também o projeto de Unidade de Fertilizantes 5 em Minas Gerais.

Já no governo Bolsonaro, em 2019 a Petrobrás fechou as fábricas de Fertilizantes na Bahia, desempregando mais de duas mil pessoas e em Sergipe, e após leilão sem interessados pela fábrica em Três Lagoas, a Petrobrás abandonou o projeto de implementação da Fafen no Mato Grosso do Sul.

Em março de 2020, mesmo sob protestos, greve e avisos de que fechar fábricas de fertilizantes colocaria o Brasil dependente do insumo importado, o governo Bolsonaro fechou a Fafen-Araucária, no Paraná, desempregando mil trabalhadores próprios, além de milhares de terceirizados e de ter desmontado toda uma cadeia de negócios voltados para a manutenção da unidade na região.

A manutenção de Bolsonaro no governo se revela estratégica para passar a agenda privatista defendida pelos liberais brasileiros e retirá-lo do poder não será possível sem manifestação do povo.

Mas se nem mesmo a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, no pior momento da pandemia, foi capaz de sensibilizar os lideres políticos em defesa da reabertura das fábricas de fertilizantes, que naquele momento poderiam produzir oxigênio que faltava no país, somente a população em massa nas ruas, pode reverter essa situação.

É lamentável que tenhamos chegado a esse ponto, em que a defesa da privatização da Petrobrás virou pauta na boca de políticos e começa a ser ventilada como solução para o país, quando sabemos que para chegar nesse “consenso” foi preciso fazer com que mais da metade da população estivesse à beira da miséria.

Agora é a vez do trabalhador petroleiro se envolver ainda mais na luta, participar dos atos chamados pelo sindicato e mostrar toda indignação nas ruas. O que está em jogo agora é a privatização total da Petrobrás é a perda de milhares de empregos, o risco de acidentes devido ao sucateamento das unidades, a entrega do lucro a acionistas em detrimento dos investimentos em segurança e saúde e o fim de uma era de crescimento impulsionado pela indústria do petróleo nacional.

Em defesa das vidas que jazem com fome, contra o genocídio de povos indígenas e da população negra, por geração de emprego e por qualidade de vida, que vem se perdendo a cada ano desse governo: #ForaBolsonaro!
#ForaArthurLira!
#PetrobrásParaOsBrasileiros!