Brigadistas denunciam descaso da gerência e evidenciam postura da atual gestão da Petrobrás

Plataformas

A Diretoria do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista recebeu várias denúncias sobre a situação dos brigadistas de incêndio das plataformas. Os voluntários não estão sendo liberados para tirar o dia folga que tem direito conforme padrão da empresa. Em mais uma “canetada”, as chefias das unidades de mar estão barrando os trabalhadores sem a menor justificativa.

Cabe lembrar, que mesmo que os brigadistas que já tenham seus dias de descanso "vencidos" e não foram autorizados a folgar, apesar de o sistema SAP barrar duas folgas para brigada no mesmo período aquisitivo, esse problema pode ser solucionado com um dia de abono gerencial. Os gestores podem liberar a folga visto que o problema foi gerado, uma vez que este foi um problema da própria gestão ao não autorizar a folga.

Se fizermos um paralelo com as férias, onde ao vencer a segunda, a empresa por lei é obrigada a indenizar em mais uma, isso também poderia ser aplicado no caso das folgas. A gestão da empresa poderia demonstrar que se preocupa com esses profissionais indenizando-os da mesma forma e agregando uma folga extra. Além disso, poderiam também retomar os direitos dos petroleiros da Transpetro.

A situação dos brigadistas no Sistema Petrobrás vai de mal a pior. A gestão da empresa não incentiva a adesão dos trabalhadores e os poucos que existem não têm nenhum incentivo. Na Transpetro, por exemplo, desde 2015 o benefício da folga foi extinto e o benefício academia foi suspenso em março de 2020. A falta de incentivo para prática de exercícios coloca em xeque a capacidade física dos combatentes. Os gestores da subsidiária se comprometeram a retomar o auxilio academia, mas até o momento nada foi feito.

No Terminal da Alemoa, em Santos, a gestão obriga os operadores a fazer teste ergométrico e psicotécnico para “forçar” uma adesão que deveria ser voluntária. Esses exames contidos no periódico dos trabalhadores acabam “transformando” os petroleiros em brigadistas.

Segundo publicado no próprio site da empresa, “a atuação dos brigadistas favorece não só na emergência, mas no pós-emergência e em como melhorar o sistema para evitar novos acidentes”. Além disso, o trabalho deles traz segurança à empresa e as comunidades no entorno das unidades operacionais. O brigadista atua no dia a dia das unidades de terra e mar na prestação de primeiros socorros, evacuação de setores, na preservação da vida dos trabalhadores. O primeiro a ser acionado, em caso de ocorrência, e o último a deixar o local mesmo que isso implique na perda de suas vidas.

Papel de suma importância

Em 15 de março de 2001, ocorreu um grande acidente, com vazamento de gás seguido de explosão, na P-36 que matou 11 brigadistas de incêndio e levou ao naufrágio da plataforma. O acidente é um dos maiores registrados na indústria brasileira do petróleo.

No dia 2 de abril de 2015, um incêndio da Ultracargo, no Terminal Alemoa, foi considerado o maior da área industrial do país. Foram 197 horas ininterruptas de trabalho para conter as chamas que atingiam 80 metros de altura e podiam ser vistas a 15 km de distância. Um quadro aterrador para a Baixada Santista e virou notícia em rede nacional e no mundo.

Nesse cenário de medo que se instalou uma grande operação de combate às chamas começou. Corpo de Bombeiros, Prefeitura, Defesa Civil, Marinha, Exército e Aeronáutica concentraram suas ações para que um desastre maior não acontecesse.

Outra equipe que foi determinante no processo de combate ao incêndio foram os Brigadistas da RPBC e da Transpetro. A corporação esteve desde o primeiro instante se revezando para combater o incêndio. Eles utilizaram todo o conhecimento que tinham e mostraram o quanto eram preparados para qualquer tipo de situação.

No dia 18 de setembro de 2020 ocorreu na P-69 um acidente de média proporção. Os trabalhadores engajados na brigada de incêndio combateram com bravura e resguardaram a segurança dos demais trabalhadores. O combate às chamas durou cerca de uma hora e meia, mas a equipe permaneceu no local  mesmo após a última chama ser debelada.

A pergunta que fica é... Será que incêndios como esses seriam combatidos com a mesma eficiência e rapidez sem a presença dos brigadistas nas unidades? Não é papel da gestão da empresa fazer esse tipo de planejamento? Produzir garantindo a saúde e segurança dos trabalhadores e do meio ambiente é papel de uma petroleira estatal, mas ao que tudo indica atualmente o único objetivo é gerar lucro para os acionistas.

Quando o Sindicato e a categoria lutam pela manutenção de direitos, quadro mínimo e contra o rebaixamento de salário dificultamos a venda de ativos. Faz parte do plano de desinvestimento da Petrobrás a redução do custo da mão de obra. As demissões pelo PIDV e a falta de concursos para substituir os profissionais que estão deixando a companhia, acendem o sinal de alerta para segurança nas unidades e das comunidades no entorno e o papel do brigadista se torna ainda mais fundamental no Sistema Petrobrás.