Política de terceirização faz mais 70 vítimas no Litoral Paulista

Você já se sentiu lesado? Aquela sensação de que foi enganado, passado para trás, usurpado de seus direitos inalienáveis de ser humano. Na Petrobrás é comum encontrar, amiúde, trabalhadores terceirizados com a expressão desolada e perdida de quem acabou de cair numa brincadeira maldosa, tipo aquelas pegadinhas" da televisão.Contudo, tudo é verdade. Tão verdade que a RJ Projetos e Empreendimentos Ltda paga seus funcionários quando quer e o fiscal do contrato da Petrobrás finge não saber.Em primeiro lugar, cabe explicar o que faz essa empresa. A RJ é um grupo que existe desde 1980 e essencialmente trabalha com transportes, seja num aeroporto, nos Correios e, no caso, na Transpetro de São Paulo, além das faixas de dutos. Seus funcionários são motoristas. No Litoral Paulista são 70 e o primeiro contrato foi fechado em janeiro de 2007. A empresa pode ser encontrada na estrutura do Sistema Petrobrás de Minas Gerais, também.O fiscal fica entrincheirado num prédio da engenharia (CMSPCO) próximo ao Terminal de São Caetano. É ele o responsável em pedir explicações para a RJ. Segundo fontes não oficiais, um funcionário da RJ foi reclamar para o fiscal que, sem pestanejar, disse: "Não está empregado? Fica quieto que o desemprego está aí!".A situação faz com que os trabalhadores da RJ dos Terminais de Pilões, Alemoa, São Sebastião e faixa de dutos, além de outras bases no Estado, saibam bem o que é se sentir lesado. Afinal é bem comum, todo mês, ocorrer atrasos nos salários e vale refeição e desconto em hora extra. Até hoje, dia 10, nada caiu na conta dos trabalhadores referente ao mês de janeiro. Ou seja, as contas domésticas amontoam-se e paga-se para trabalhar.O engraçado é que a Petrobrás fala em economia e corte de custos, mas mantém o contrato com a RJ permitindo que a empresa use o carro Bora, da Volkswagem, com preço acima de 55 mil reais, na engenharia. Oras, isso deve encarecer e muito o contrato!É tanto desaforo que nem o "caixa" dos funcionários que se deslocam para outras regiões é pago. Os trabalhadores são obrigados a arcar com hotel, alimentação, gasolina, pedágio. Até o "Sem Parar" da rodovia Anchieta já barrou motoristas da RJ porque a empresa não efetuou o pagamento do convênio.Grave, aliás, é o caso dos trabalhadores que saíram de férias em dezembro, não receberam nada e agora voltaram e a remuneração permanece atrasada.Quando que a Petrobrás vai acabar com a irresponsabilidade de avaliação na aprovação de contratos? A terceirização é uma das faces mais cruéis da desregulamentação do trabalho e a Petrobrás deixa tudo pior contratando de maneira, no mínimo, estranha empresas cheias de problemas.O Sindipetro-LP exige uma postura mais enfática do fiscal de contrato e o pagamento dos salários dos funcionários. Em menos de um mês, a RJ já é a quinta terceirizada a dar problemas com os trabalhadores.ServimarcA Petrobrás irá pagar no próximo dia 26 os salários de dezembro das recepcionistas do Edisa I e II, ex-funcionárias da terceirizada Servimarc - aquela empresa que "abriu o bico" e deixou o Parque Ibirapuera entulhado de lixo e as meninas sem salários. Mesmo assim, as trabalhadoras permanecerão no prejuízo. Além do atraso, elas deixam de receber os 20 dias trabalhados em janeiro, férias, 13º salário e a multa do Fundo de Garantia.A Petrobrás alega que não é sua responsabilidade arcar com estes encargos trabalhistas. O Sindipetro-LP lamenta a postura da empresa e orienta as recepcionistas a entrarem com processos trabalhistas não só contra a Servimarc, mas também contra a Petrobrás por ela ser a responsável pelo contrato.É necessário, de uma vez por todas, acabar com a bandalheira dos contratos. Moralização já! "