Petrobras sabia de problemas com guindastes e nada fez

O acidente envolvendo o guindaste G-17 da Petrobras, que tombou na área leste da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) na terça-feira, dia 21, deixando um trabalhador terceirizado ferido, é a crônica de uma tragédia anunciada. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santos e Região, entidade de classe representante dos operadores de guindastes da empresa terceirizada NM Engenharia, já havia notificado a Petrobras e a NM, além de ter entrado com uma denúncia no Ministério Público do Trabalho.A triste crônica do acidente, que poderia ter tido vítimas fatais, começa quando os próprios trabalhadores fizeram as denúncias aos Metalúrgicos. As reclamações se concentravam no fato dos guindastes da Petrobras estarem sucateados, com problemas que iam da buzina ao freio, não oferecendo condições seguras de operação.Sob orientação sindical, os seis guindasteiros terceirizados passaram a negar a operação as máquinas enquanto não houvesse condições seguras de trabalho. A NM e a Petrobras fizeram relatórios, onde afirmaram que tudo estava em perfeito estado de operação, sem riscos aos trabalhadores. No feriado do dia 21, terça-feira, a categoria petroleira e os terceirizados tiveram "a prova dos nove"."Agora entendemos porque a Petrobras não informou o sindicato sobre o acidente. Tinha essa questão aí", afirmou o diretor do Sindipetro-LP, Ademir Parrela. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Florêncio Rezende de Sá, o Sasá, "nenhuma providência foi tomada e os trabalhadores foram se munindo de documentos e informações sobre o problema. Vamos chamar os responsáveis - Petrobras e NM - na justiça".O líder sindical metalúrgico aponta para o fato do fiscal do contrato da Petrobras com a NM ter feito um suposto acordo com a Transdata para admitir trabalhadores com menos de dois anos de experiência, quesito exigido no contrato."Foi um acidente de "bola cantada". Havíamos apontado o problema, comunicamos as empresas e quase um trabalhador acaba morrendo. Um absurdo", enfatiza Sasá.O Sindipetro-LP está tomando suas providências e em breve mais informações serão disponibilizadas.