Petros perde seus artilheiros do time de multimercados para o Itaú

Por Ronaldo Tedesco

Na última sexta-feira (3/3), fomos informados que Banco Itaú captou todo o time da área de multimercados que a Petros construiu nos últimos anos. Responsáveis por alguns dos bons resultados que são demonstrados nos balanços anuais da Fundação, os profissionais foram seduzidos pela proposta profissional do Itaú.

Esta notícia se soma a outra importante informação. Esse mês os participantes e assistidos da Petros tiveram a notícia de um Superbônus a ser pago a 7 (diretores e ex-diretores) da Fundação. O valor total da remuneração variável é de R$ 9,3 milhões.

Essa remuneração variável foi levada a público por uma reportagem da CNN e envolve Incentivos de Curto Prazo (ICP) e Incentivos de Longo Prazo (ILP) envolvendo os quatro últimos anos. Ela foi aprovada em 2019, pelo Conselho Deliberativo da Petros, em votação apertada em que os conselheiros eleitos se manifestaram firmemente contrários ao pagamento do referido Superbônus. Assim, para aprovar a proposta, a Petrobrás precisou se valer do voto de qualidade do Presidente do Conselho Deliberativo na época.

O Superbônus foi revelado no momento que a Petros apresenta a conta de novo déficit técnico do Plano PPSP-R que será cobrada a partir no mês de abril dos participantes e assistidos e da patrocinadora, em partes iguais.
 

Desigual capacidade financeira. Desigual influência na gestão da Petros
Salta aos olhos a diferença brutal de capacidade financeira existente entre participantes e assistidos, de um lado, e a patrocinadora, de outro. A Petrobrás anunciou na virada do ano seu resultado de 2022, com pagamento de dividendos da ordem de R$200 bilhões a seus acionistas.

Resultado proveniente tanto da venda de seus ativos, como da prática do Preço de Paridade Internacional (PPI) e da redução absurda dos seus investimentos. A Petrobrás hoje é uma empresa que não está mais a serviço do seu país, do povo brasileiro e muito menos dos seus trabalhadores, aos quais se verifica tratar com profundo desprezo.

A proposta do Superbônus também foi aprovada num momento em que a Petros apresentava um déficit, tendo como consequência a aprovação do PED 2015-2018, em substituição ao anterior PED 2015 (chamado de PED assassino) que estava destruindo o plano e as nossas vidas naquele momento.

A proposta dos conselheiros eleitos da Petros naquele momento era promover incentivo para a contratação de quadros técnicos do corpo da Petrobrás que pudessem gerar valor para a Petros. Entre os principais técnicos da Petrobrás, naquela época e ainda hoje, o sentimento é de que trabalhar no Petros significava entre num ninho de marimbondos, tamanha a ingerência praticada pela Petrobrás em nosso fundo de pensão.
 

A Responsabilidade da Petrobrás
A Petrobrás é responsável direta por todos os problemas existentes na Petros, desde a sua criação em 1970. Criou a Petros já com um déficit técnico referente a aposentadoria dos pré-existentes e dos pré-70. A aposentadoria e as pensões naquela época já eram pagas com o caixa que deveria ser acumulado pela Petros para pagamento dos benefícios futuros.

Ao longo de anos, a gestão da Petrobrás na Petros omitiu dos balanços financeiros da entidade tanto a falta de controle de seus compromissos atuariais como a péssima gestão de seus contingentes e passivos financeiros. Auditorias independentes aprovaram ao longo de anos demonstrações financeiras com “buracos” que chegaram a até R$ 15 bilhões tanto na constituição das reservas matemáticas (Família Real, Fundo Previdencial, Teto operacional etc.) como nos chamados “Limite de Escopo” onde se esconderam o total descontrole dos depósitos judiciais nas milhares de ações judiciais da Fundação.

Um verdadeiro desastre de gestão que foi rejeitado e denunciado pelos conselheiros eleitos da época aos órgãos de fiscalização (SPC, PREVIC, MP etc.) sem qualquer providência dos mesmos por mais de 17 anos consecutivos.

Na época da aprovação do Superbônus na Petros, a Petrobrás praticava forte austeridade em seu caixa. Foi generosa com o dinheiro alheio. Com a justificativa de reter talentos aumentou o salário do Presidente da Petros para um valor maior do que o praticado ao Presidente da própria Petrobrás, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.

Mas os verdadeiros talentos ela não busca reter. Prova cabal é o assédio vitorioso do Itaú que levou toda a equipe da área de multimercado da Petros sem qualquer dificuldade.