Petros: resultado de outubro aponta que planos devem terminar 2023 acima da meta

Por Eric Gil Dantas e Adaedson Costa

Por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps e Adaedson Costa, Federação Nacional dos Petroleiros
 

A Petros publicou nesta segunda-feira, 13, o resultado para o mês de outubro. A dois meses de acabar o ano, os novos números mostram que o mais provável é que, finalmente, os planos tenham rentabilidade superior aos seus objetivos de retorno, um alívio para o bolso dos petroleiros, principalmente dos aposentados que já estão pagando equacionamentos.

Como podemos ver na Tabela 1, o PPSP-NR ultrapassou em 0,89 pontos percentuais o seu objetivo de retorno até outubro, o PPSP-R 0,91 p.p. e o PP-2 1,64 p.p.. Lembrando que em 2022 o saldo (rentabilidade – objetivo de retorno) havia sido negativo de -4,2% para o PPSP-NR, -4% para o PPSP-R e -1,32% para o PP-2.

Tabela 1 – Rentabilidade dos três principais planos da Petros até outubro de 2023 por segmento

O resultado positivo ocorreu basicamente puxado pelo principal segmento, o de renda fixa, que abrange 78% da composição total da carteira da Petros. A renda fixa teve um desempenho de quase 10% para os dois planos BD e de 11,32% para o PP-2. Isto decorre ainda de altas taxas de juros pagas pelo governo federal pelos títulos públicos. 

Já a renda variável (responsável por pouco mais de 12% da composição destas carteiras) teve um avanço pequeno ao longo do ano, entre 2,13% e 3,21%, com o mês de outubro sendo responsável por perdas significativas. Em outubro, os planos tiveram perdas de renda variável entre -3,73% e -1,88%, acompanhando a perda do Ibovespa naquele mês (que foi de -3,5%).

Como o restante dos setores têm peso menor, pouco mais de 12% do total da carteira, são menos impactantes nos resultados finais. De qualquer forma, o único que apresentou um resultado ruim foi o de investimentos no exterior, com rentabilidade negativa de quase -2%, provavelmente puxado pela desvalorização do dólar ao longo do ano (o dólar caiu 8% até o fim de outubro).

A partir destes números é factível prever que 2023 acabará com a rentabilidade dos planos acima da meta. Primeiro, porque não haverá grandes mudanças nas taxas de juros de títulos públicos até o fim do ano, e a maior parte dos títulos está marcado na curva (o que os imuniza de variações de curto prazo). Segundo, porque a renda variável voltou a crescer em novembro, com o Ibovespa subindo 7,1% ao longo do atual mês. Além disto, mostra que é acertada a continuidade dos aportes em renda fixa, mesmo com o equacionamento para correr atrás, pois as atuais taxas de juros são mais favoráveis do que investimento em ações de empresas (renda variável).

Mas não podemos baixar a guarda!
Depois de anos de preocupação, isto pode ser considerado um grande alívio para os participantes. Mas a categoria continua na expectativa de um desfecho positivo para o GT da Petrobrás com a Petros e Entidades, alimentada principalmente pelas declarações frequentes do Presidente da Estatal de que a Patrocinadora irá resolver o problema.

Outro ponto importante é a recente manifestação da Previc que apontou a possibilidade de os déficits dos planos em 2021 e 2022 poderem ser postergados, caso atenda alguns requisitos prévios. Com certeza é mais uma boa notícia para os participantes do plano Petros PPSP-NR. Na próxima matéria abordaremos a decisão da Previ com maiores detalhes.

É preciso continuar cobrando a fundação para imunização do patrimônio dos planos e administração focada em redução de custos e busca por alternativas de cumprimento das metas. Este parece ser o caminho para a sustentabilidade do plano.

Por fim, é necessário termos a participação dos participantes na gestão do plano, assim como previsto no acordo de obrigações recíprocas (AOR) da ação civil pública de 2001. Os eleitos para diretoria de previdência e administração também serão imprescindíveis para as garantias e futuro dos planos PPSP R e NR, PP2 e PP3, que é uma obrigação do GT em andamento.