Como foi o desempenho da Petros em 2023?

Por Eric Gil Dantas - Ibeps

A Petros publicou na última quinta (22), uma matéria lembrando que o fundo teve a sua melhor rentabilidade desde 2019, fechando o ano com um retorno médio de 12,6% - acima do objetivo de 9,7%. Neste texto vamos explorar alguns elementos que explicam este bom resultado, que emerge após anos bastante difíceis para os beneficiários do fundo.

Antes de tudo, mostramos um histórico da rentabilidade anual da Petros, que nos últimos 17 anos teve um crescimento nominal médio de 10% ao ano. Como podemos ver, o ano de 2023 foi um resultado realmente superior ao que tivemos desde o início da pandemia, inclusive em termos reais, pois 2023 foi o ano com a menor inflação desde 2021.

Gráfico 1 – Rentabilidade média anual da Petros (2007 – 2023)

O resultado por plano

O saldo positivo de 2023 veio depois de um biênio difícil. Em 2021 o PPSP-R havia rendido 19,23% abaixo da sua meta, enquanto o NR amargurou um resultado 18,66% abaixo da meta e o PP-2 13,42% abaixo. Em 2022 todos os três planos continuaram no vermelho, -4,04%, -4,19% e -1,32%, respectivamente, em relação às suas metas.

Tabela 1 – Rentabilidade, objetivo de retorno e diferença por plano da Petros (2018 a 2023)

 

O principal fator que permitiu o resultado de 2023 acima da meta foi o bom resultado na renda fixa. Este é o maior segmento em todos os planos, compondo 81% da carteira do PPSP-R, 79% dos Não-Repactuados e 76% do PP-2. Como podemos ver na Tabela 2 a renda fixa rendeu entre 11,77% e 13,77%, sempre acima da meta. Isto ocorreu por conta do momento favorável de altas taxas de juros para a dívida pública federal, onde está alocado a grande parte dos ativos de renda fixa, seja com a propriedade direta dos títulos públicos seja através de fundos de investimento de renda fixa. Já a renda variável, segundo segmento com maior peso nas carteiras dos planos, teve um grande resultado apenas para o PP-2, rendendo 21%, o que permitiu que o PP-2 tivesse a maior rentabilidade dentre os três planos analisados. O outro segmento que ainda tem relevância no resultado é de Investimentos Estruturados, que é responsável por 8% da carteira do PP-2 (para os outros dois planos este segmento é irrelevante). Neste caso, o Estruturado teve uma rentabilidade de 9,15% no PP-2, consideravelmente abaixo da rentabilidade geral do plano.

Tabela 2 – Rentabilidade dos planos PPSP-R, PPSP-NR e PP-2 por segmento no ano de 2023

Pensando no médio prazo, o ambiente deve continuar relativamente favorável à Petros. Isto deve possibilitar ao fundo a atingir sem grandes surpresas suas metas atuariais nos próximos anos. Isto ocorre por conta da disponibilidade de títulos públicos pagando taxas de juros superiores ao objetivo de retorno, sendo a maioria deles com vencimento posterior ao ano de 2030, o que fez com que os gestores dos planos apostassem na locação de mais ativos da Petros neste segmento, o que chamaram de estratégia de imunização. Além disto, estamos vivendo um momento relativamente favorável na renda variável com o Ibovespa atingindo patamares recordes, como vimos no último dia de dezembro de 2023 quando a bolsa atingiu os inéditos 134 mil pontos. No entanto, essa mesma renda variável gerou uma queda nos números da Petros em janeiro, recém-publicados. Mas deve voltar a crescer em fevereiro, tendo em vista que o Ibovespa teve uma queda no início de 2024 mas já se recuperou no mês de fevereiro.

Tudo isto deve dar alguns anos de tranquilidade na Petros, que passará a ter como desafio compensar as grandes perdas e equacionamentos deste último biênio.