Inflação maior e rentabilidade levemente abaixo do esperado segura recuperação da Petros em fevereiro

Por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

Por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

Janeiro não foi um bom mês para os resultados da Petros, explicado basicamente pelo desempenho ruim na renda variável. Em fevereiro os números melhoraram consideravelmente, mas ainda não o suficiente. Os quatro principais planos da Petros ficaram entre 0,35 e 0,4 pontos percentuais abaixo da meta de rentabilidade neste mês, mas ainda assim renderam entre 0,62% e 0,81%.

A primeira explicação para o resultado abaixo da meta é a alta da inflação. Em fevereiro o IPCA ficou em 0,83%, basicamente por uma alta em alimentos, transportes e educação. Nada que deva perdurar, para março a inflação deverá ficar em 0,22%. Mas esta alta foi maior do que se esperava anteriormente. No final de janeiro, o mercado financeiro projetava uma inflação de 0,67% para fevereiro, ou seja, 0,16 p.p. a menos. Como a inflação veio maior, a meta atuarial também subiu. Por exemplo, para os planos BDs, ao invés de 1,02% foi para 1,18%.

Bem, mas mesmo se a meta tivesse sido menor, de 1,02% para os BDs, 1,01% para o PP-2 e 0,81% para o PP-3, ainda assim nenhum plano teria alcançado este patamar em fevereiro.

Na renda fixa, apesar de os títulos públicos em posse da Petros terem rendido 0,96% no mês, os fundos de investimento em renda fixa (responsável por 25% do total da carteira de renda fixa) renderam menos, 0,75%, puxando pra baixo o resultado total.

Já a renda variável teve um desempenho menor do que o parâmetro do mercado. Enquanto o Ibovespa subiu 0,99%, no PP-2 subiu 0,79%, no PP-3 0,73% e NR e R 0,45%. Segundo a Petros, “pressionada pelo desempenho da carteira de participação, que recuou 0,38% no período”. Como em janeiro a renda variável da Petros havia ficado no negativo, esperava-se que houvesse uma recuperação forte em fevereiro, o que não ocorreu – mesmo com a subida de quase 1% do Ibovespa. Março vem sendo um mês relativamente ruim para a Bovespa (B3), o que dificultará a necessária recuperação na renda variável.

Os investimentos estruturados também não tiveram um bom início de ano, com estagnação nos dois primeiros meses. Três dos quatro fundos multimercado da Petros tiveram rentabilidade negativa em janeiro e fevereiro (mas com recuperação parcial em março). Mas o segmento Estruturado é relevante apenas para os planos CV e CD, com o PP-2 apresentando 7,7% da composição da carteira e PP-3 13%. Nos planos BD têm peso inferior à 0,5% na carteira.

Apesar da melhora, principalmente nos Petros 2 e 3, fevereiro não trouxe toda a recuperação necessária para compensar janeiro. Os títulos públicos seguem impedindo resultados ruins, como planejado na estratégia de imunização para os BDs. Mas os outros segmentos da carteira, principalmente a Renda Variável, precisam ter resultados melhores.