Petrobras lucra R$ 35,2 bilhões no 1º trimestre de 2025

Por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

A Petrobras publicou nesta segunda-feira, 12, o resultado financeiro do 1º trimestre de 2025, no qual o lucro líquido foi R$ 35,2 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 17 bilhões do 4º trimestre de 2024. Em termos de Lucro líquido sem eventos exclusivos (lucro líquido recorrente) o resultado foi de R$ 23,59 bilhões, 33,3% superior ao do último trimestre. Nesse último, desconsidera-se principalmente o ganho cambial do período (efeitos da variação cambial sobre as dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior), que foi de R$ 18 bilhões – oposto ao período anterior, quando houve uma perda de R$ 27,5 bilhões, que ocasionou o prejuízo do 4º trimestre.

O crescimento veio por conta do aumento de receitas de vendas da companhia, que subiu 1,5%, e principalmente da queda das despesas operacionais, decréscimo de 58% (no 4tri/24 houve despesas excepcionais com provisão de descomissionamento). O pequeno aumento das receitas veio (i) da leve subida de preços, Brent em reais aumentou 1,3% e o preço dos derivados no mercado interno 4,2%, (ii) do aumento da produção comercial de petróleo e gás, (iii) e também da queda de 3,5% do volume de vendas dos produtos derivados, devido à sazonalidade de início de ano (fim do ano com alta demanda por combustíveis, seguida por uma queda).

Além da venda de derivados, também tivemos uma diminuição na sua produção (-6,2%) e no fator de utilização da capacidade instalada das refinarias, que chegou a 90% neste trimestre – inferior ao 4ºtri/24 (95%) e ao 1º tri/24 (92%). Neste mesmo período, o mercado nacional de combustíveis apresentou expansão (aumento de 1,8% da demanda de gasolina A e 4,5% de diesel B, segundo dados da ANP), logo espera-se que a Petrobras retome logo a sua produção de derivados.
De toda forma, o fluxo de caixa operacional cresceu – tanto em relação ao último trimestre (3,5%) quanto em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (6,1%) – chegando a R$ 49,34 bilhões, próximo aos R$ 52,8 bilhões do 1º trimestre de 2022 quando os preços internacionais estavam elevadíssimos (brent a US$ 101,40 e derivados a R$ 544 o barril). 

O fluxo de caixa livre (FCL) também cresceu (20%), o que abriu mais espaço para dividendos. Lembrando que a fórmula atual da política de dividendos é de 45% do FCL. Assim, a Petrobras pagará R$ 11,7 bilhões em dividendos referentes a este trimestre (superior aos R$ 9,1 bilhões do trimestre anterior).

Os investimentos diminuíram consideravelmente neste trimestre, interrompendo a sua retomada desde o início do governo Lula. A queda foi de 29% se comparado ao trimestre anterior, mas ainda 33,6% superior ao mesmo trimestre do ano passado. A companhia justifica que os investimentos nas unidades próprias de Búzios do final do ano passado eram atípicos, inflando a base comparativa do 4º trimestre. Mas também houve queda nos investimentos do Refino (-25%), em parte por conta do final do 1º trem da RNEST e do HDT da REPLAN.

A Petrobras segue com bons resultados, fruto de um contexto de preços ainda elevados e de uma empresa que mantém uma trajetória – na média – ascendente em produção e novos investimentos, apesar de ainda preservar uma torneira dos dividendos excessivamente aberta.

A reversão, agora, do prejuízo do 4º trimestre — ocasionado por eventos extraordinários (principalmente a variação cambial, mas também a despesa de descomissionamento, citadas anteriormente) — também mostra que não fazia sentido esse resultado ter sido utilizado para rebaixar a PLR dos petroleiros. Se, naquele momento, o impacto cambial resultou em uma perda de R$ 27,5 bilhões, neste trimestre o ganho foi de R$ 18 bilhões — mas essa reversão não chegará aos trabalhadores da empresa. A incompatibilidade com a realidade é tamanha que os acionistas não utilizam o lucro líquido como critério, e sim o fluxo de caixa livre, já que esse indicador não sofre interferências como essas.