Retaliação já prevista pelo movimento sindical petroleiro, a Petrobrás está bloqueando a participação dos trabalhadores nos encontros da Comissão Nacional Permanente do Benzeno. Na RPBC, para ficar em apenas um exemplo, a gerência não liberou nenhum trabalhador do GTB para a reunião da CNPBz que acontecerá em Brasília, entre os dias 5 e 7 de dezembro.
Com isso, a gerência da refinaria quebra a tradição de liberar quatro trabalhadores para o encontro e radicaliza um bloqueio que já vem sendo aplicado há algum tempo. A intenção, em nível nacional, é esvaziar a CNPBz e transformá-la em uma mera formalidade, uma vez que a bancada dos trabalhadores resiste à tentativa da bancada patronal de estabelecer um limite de tolerância para o benzeno.
É justamente por este mesmo motivo que a empresa está depositando todas as suas fichas e esforços no Seminário Nacional do Benzeno, evento que será realizado nos dias 5 e 6 de dezembro, também em Brasília. Em resumo, tal encontro servirá para que institutos chapa branca, financiados pelas petrolíferas e outras corporações, endossem e defendam o interesse do patronato: substituir o critério qualitativo pelo quantitativo no que se refere à exposição ao Benzeno.
Não por acaso, enquanto não libera um único trabalhador do GTB para a CNPBz, a RPBC está enviando espontaneamente três trabalhadores para este Seminário. Com isso, quebra um acordo que já havia sido selado entre FNP e Petrobrás de que as unidades enviariam, no mímino, dois integrantes do GTB para as comissões. Tal engajamento contra a organização dos trabalhadores também se repete nas demais unidades da Petrobrás no país, cujo pano de fundo é uma forte campanha de assédio moral para que os integrantes dos GTBs compareçam ao seminário, esvaziando por consequência a CNPBz, que terá no dia 6 um encontro nacional dos GTBs de todo o País.
Ainda em relação ao seminário, vale lembrar que inicialmente ele seria realizado de maneira tripartite pelas bancadas (trabalhadores, Governo e Patronal). A estrutura do evento estaria destinada à conscientização dos trabalhadores e maior participação nas discussões. Entretanto, quebrando este acordo, a bancada patronal construiu de maneira unilateral a programação do evento, não restando outra alternativa à bancada de trabalhadores senão o repúdio e a denúncia ao caráter tendencioso deste evento e o grande retrocesso que ele significa.
Para se ter uma ideia, a programação do seminário - organizado oficialmente pela CNI (Confederação Nacional de Indústria) e pelo SESI (Serviço Social da Indústria) - é um ataque direto à atual legislação brasileira, que diz taxativamente que não existe limite de tolerância ao Benzeno. Segundo a própria organização, os principais temas debatidos serão:
- Novos paradigmas para o gerenciamento do risco carcinogênico- Limites de exposição ocupacional (OEL): novas abordagens- Derivação de limites de exposição ocupacional para substâncias carcinogênicas e mutagênicas: experiência internacional
Dentre os especialistas convidados, estão médicos dos EUA e da Alemanha, países que estão sendo usados como referência pela Petrobrás para legitimar a tentativa de estabelecer limite de tolerância ao Benzeno.
A FNP e o Sindipetro-LP estarão presentes ao encontro da CNPBz em Brasília e desde já fazemos um chamado aos lutadores de todo o país: se recusem a participar deste seminário chapa-branca da Petrobrás. Com todas as suas limitações e ataques que vem sofrendo da bancada patronal no último período, a CNPBz continuam sendo o lugar onde os lutadores devem se encontrar e discutir políticas que ajudem a mitigar, de fato, a exposição ocupacional ao benzeno.