A rodada de reuniões com o RH da Petrobrás, no Rio de Janeiro, começou com a apresentação do novo gerente executivo do SMS, Luiz Eduardo Valente, que substitui Flávio Tojal, que passou à gerência geral de marketing da empresa.
A diretoria do Sindipetro-LP encaminhou o pedido de exame para detecção de benzeno nos trabalhadores da Usina Termelétrica Euzébio Rocha, que se localiza próxima a locais com emanação do elemento químico. A preocupação dos diretores é com vários casos de companheiros apresentando leucopenia, que é a redução dos glóbulos brancos, responsáveis pelas defesas do organismo.
O benzeno foi um dos assuntos mais discutidos durante a reunião. Como parte da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, o LP criticou a Petrobrás, que entre as empresas do ramo petroquímico, a companhia é a única que não indica o benzeno nos relatórios de risco. O Aso da Petrobrás só aceita ruídos como risco ocupacional.
A diretoria do Litoral Paulista denunciou um gerente da RPBC, que disse que medição de benzeno só será permitida por ele, proibindo o técnico de segurança de avisar a mão de obra se há risco no local. A desculpa do gerente é que a medição não é feita onde não tem indicação no PPOB. Sobre o assunto, o SMS disse que a orientação corporativa é que se siga o padrão da NR 15, no anexo 13. O nome do gerente foi passado para o corporativo para ser apurado o porquê da proibição.
A FNP foi incisiva em dizer que a Petrobrás está descumprindo a NR-15, e decreto do Ministério do Trabalho e Previdência Social, que reconhecem risco ao trabalhador que trabalha exposto em local que existe a presença de benzeno. Em 13 de janeiro foi distribuída uma aos peritos médicos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), orientando que passem a admitir a presença de benzeno, no ambiente de trabalho para fins de aposentadoria especial. A empresa também tem dificultado a liberação de gtbistas para reuniões das comissões.
Falta de pessoalA reposição do pessoal que está saindo pelo PIDV foi uma cobrança geral dos Sindicatos. Atualmente, com menos trabalhadores, a mão de obra tem sido insuficiente, o que tem causado constantes dobras, extenuando os petroleiros. Segundo o RH, todas as questões de efetivo serão respondidas no fórum sobre o tema, ainda sem data marcada para acontecer.
O Sindicato do Rio de Janeiro lembrou a morte de um petroleiro, atingido por condensado na UTE BLS. Sem ambulância no local do acidente, o gerente da unidade usou seu próprio carro para levar o trabalhador ao hospital. Manuel Cancela, diretor da FNP, solicitou ao novo gerente que um helicóptero fosse adquirido pela empresa, para atender as unidades da Petrobrás do Estado, em uma base estratégica. O SMS ficou de encaminhar o pedido para a diretoria, por se tratar de iniciativa que atenderia a categoria.
Apontada como principal gerência para os trabalhadores, o mesmo SMS que burocratiza a rotina da mão de obra, colocando como regra o preenchimento de várias folhas de protocolo, que ocupam horas do dia dos operadores, esquece de orientar seus gerentes de como lidar com os petroleiros.
Como emau exemplo, um engenheiro de Urucu, no Amazonas, está assediando a mão de obra, agindo de forma preconceituosa ao determinar que em cada equipe tenha apenas uma mulher, inclusive realocando as que tem mais de uma, para que se cumpra sua vontade.
TelemedicinaO SMS também recebeu críticas pelo atendimento de petroleiros embarcados por telemedicina. Um caso recente no Litoral Paulista, foi a morte de um companheiro, que passou pelo exame a distância, com queixas de dores lombares, sendo dispensado em seguida, sem nenhuma recomendação de procurar atendimento fora da plataforma em que estava. Em questões de horas as dores pioraram e o trabalhador foi enviado para tratamento em terra, onde foi identificado um avançado câncer, que o matou poucos dias depois. Embora seja difícil relacionar a morte ao atendimento remoto, fica a dúvida sobre a eficácia dos exames periódicos dos petroleiros, que não identificaram um câncer terminal.
Para o E&P o diagnóstico médico via teleconferência não teria sido diferente se fosse feito pessoalmente, mas outros casos aconteceram nos últimos meses. Fatalidades que poderiam ter sido evitadas, ou amenizadas, se o contato médico fosse físico e não virtual.
Acidentes por negligênciaUm projeto errado na usina termelétrica BLS, no Rio de Janeiro, causou a morte de um petroleiro, que foi atingido por condensado, que caiu sobre seu corpo. O acidente foi causado pelo silenciador, que deveria direcionar o vapor para cima, mas que é voltado para a plataforma. Quando há vazamento de vapor ou condensado, como foi projetado, o excedente transborda em direção à plataforma, onde estava o petroleiro.
Como se não bastasse absurdo do projeto errado, na hora do acidente não havia ambulância de plantão e o gerente da unidade utilizou o próprio carro para socorrer o companheiro, que morreu dias depois.
Após o acidente, segundo o corporativo de SMS, as gerências foram orientadas a verificarem se outros sinalizadores de unidades da Petrobrás possuíam o mesmo problema, mas só na BLS o projeto estava errado. A engenharia vai verificar como resolver o problema, ou trocando o sinalizador, ou isolando a plataforma. O Sindipetro-RJ sugeriu que um helicóptero fosse adquirido pela empresa, para atender as unidades próximas. A ideia tem o apoio do gerente Valente, que irá levar a demanda para ser estudada.
Curso de SMS ministrado por técnicos própriosOs Sindipetro-LP e de São José dos Campos apresentaram a mesma queixa: curso de SMS feito por instrutores do Senai, que embora entendam de segurança no trabalho, não conhecem quase nada da rotina de uma empresa como a Petrobrás e as particularidades encontradas nas refinarias.
Os diretores solicitaram que o curso de SMS seja aplicado por técnicos da própria Petrobrás. O gerente do SMS disse que irá avaliar a possibilidade de nos próximos cursos os instrutores serem próprios.
Automação e o exemplo de MexilhãoA automação das salas de controle preocupa a diretoria da FNP. Algumas unidades estão sendo operadas remotamente, feitas em terra.
O procedimento preocupa, pois a exemplo da plataforma de Mexilhão, no Litoral Paulista, que ficou três dias sem comunicação externa e é controlada por terra, através do Edisa 2, uma falha como esta poderia ter consequências catastróficas. Segundo a gerência de E&P, o problema em Mexilhão foi um curto-circuito elétrico, que prejudicou o contato de terra para o mar e que já foi regularizado.
Na UTGCA, a brigada de incêndio é composta por pessoal terceirizado. A diretoria do LP cobrou que o serviço fosse prestado por pessoal próprio, mas segundo o SMS, diversos "convites" para que petroleiros da UTGCA assumissem a brigada foram feitos, mas não houve interessados. A empresa não cogita ter equipe própria, tanto é que chamou operadores para que se ocupassem da brigada voluntariamente. Sem voluntário, a brigada passou a ser composta por pessoal terceirizado. Uma ação movida pelo Sindicato pede na justiça a obrigatoriedade da empresa dispor de uma brigada profissional própria.
O diretor Fábio Mello solicitou do SMS que instale detector de benzeno na UT-ER. O corporativo de SMS vai levar para a gerencia a possibilidade de instalar o parelho na unidade.
Fábio solicitou também máscaras de fuga para a UT-ER, pois a rota prevista para emergência passa por ponte que é proibida para tráfego de pedestre. Mello pediu as máscaras para que os petroleiros possam ter alternativas de rota de fuga, sendo que uma delas seria por local onde há emanação de gases tóxicos.
TerceirizaçãoO Sindipetro-LP denunciou empresas terceirizadas, em atividade em unidade do Litoral Norte, que estão agindo contrário ao que está estabelecido no acordo de suas categorias. Uma das empresas tem pagado salários abaixo do piso e registra os trabalhadores em funções diferentes da exercida.
Outra, em atividade na UTGCA tem descontado R$ 62 de almoço dos funcionários, além de disponibilizar transporte precários e pagar metade do que seria de direito por horas extras. A empresa também manda os funcionários realizarem exames em São Sebastião, ao invés de ser em Caraguatatuba.
Outra terceirizada foi denunciada por pagar plano de saúde abaixo do que regula ao ACT e paga R$ 90 de vale alimentação, ao invés dos R$ 550 que está no ACT.
Gatas ordináriasA FNP denunciou empresas terceirizadas, que, em fim de contrato, seguram seus empregados até o último dia de suas atividades, obrigando-os a pedirem demissão, para tentarem vaga em outra empresa, e garantirem assim seu ganha pão. Ao pedir demissão, a empresa paga menos ao funcionário, que não recebe a multa de rescisória. O dinheiro da multa acaba ficando com a empresa, pois a Petrobrás provisiona esta garantia aos trabalhadores dispensados, repassando o valor às gatas, que embolsam o valor.
Participaram das reuniões com a FNP e com o RH corporativo os diretores Adaedson Costa, Fábio Mello, Fábio Loureiro (Farofa) e Luiz Carlos Gonçalves, (Luizinho). Estes e outros diretores podem ser contatados pelos telefones, aqui.