Petróleo
Por Fernando Siqueira
1) A Petrobrás não está quebrada; Em 2015, ela gerou um lucro bruto de R$ 98,5 bilhões e um lucro líquido de RS 15 bilhões. Por exigência da PriceWaterhouse, auditora americana da Companhia, ela fez uma desvalorização dos seus ativos em R$ 49,4 bilhões. Este fato absurdo gerou um falso rombo de R$ 34,5 bilhões. Visou facilitar a entrega do pré-sal.
2) Ao contrario do que os neoliberais estão dizendo, o pré-sal não é uma decepção: os poços furados no campo de Libra estão comprovando uma estrutura com espessura bem maior do que a esperada; as áreas adquiridas pela Petrobrás na cessão onerosa tinham uma previsão de reserva de 5 bilhões de barris. Hoje estão próximas de 20 bilhões;
3) Segundo estudo da UERJ, a reserva do pré-sal pode ser da ordem de 176 a 280 bilhões de barris, situando-se entre a 2ª ou 3ª reserva mundial..
4) O petróleo (óleo + gás) é o energético mais eficiente, mais estratégico e mais cobiçado do planeta. Ele contribui com 57% da matriz energéticas mundial, é responsável por 92% do transporte de pessoas, materiais e alimentos e é matéria prima para 3000 produtos que usamos no nosso dia a dia: fertilizantes, remédios, computadores, DVD-s e muitos outros.
5) A dívida líquida da Petrobrás é de US$ 90 bilhões, com o dólar a 3,25/1 ela caiu para cerca de R$ 290 bilhões. Como o pré-sal tem uma reserva superior a 100 bilhões de barris, um patrimônio superior a US$ 5 trilhões, a dívida é irrisória em relação a patrimônio. Essa conta desconsidera os custos de exploração e produção e é enganosa. Não podemos multiplicar as reservas pelo preço do petróleo (50US$/barril) e desconsiderar os custos de extração, a depreciação, o pagamento do investimento (principal e juros da dívida), impostos, além da exploração de novas reservas, pesquisa etc.
6) Os Países desenvolvidos precisam de petróleo e não tem reservas, estando em uma grande insegurança energética; Por isto querem o pré-sal;
7) As empresas do cartel do petróleo – Anglo-americanas - também estão numa grande insegurança energética por dominarem menos de 5% das reservas mundiais. Elas são as mais corruptas e corruptoras do mundo. São fomentadoras de todas as guerras mundiais, pelo petróleo. Querem o pré-sal para sobreviver. Jogam pesado no Congresso Nacional.
8) Os países que entregaram o seu petróleo para essas multinacionais produzirem estão todos na miséria: Gabão, Angola, Nigéria, Indonésia, Iraque e outros.
9) A Noruega, que criou a estatal Statoil para controlar o seu petróleo e que fica com 82% do petróleo produzido, saiu de segundo país mais pobre da Europa, na década de 70, para o ser o país mais desenvolvido do mundo (melhor IDH nos últimos cinco anos, melhor bem estar social, 2ª renda per capta). E ainda tem um fundo soberano, para quando o petróleo acabar, que já atingiu o montante de 900 bilhões de euros;
10) Só gera tecnologia quem opera, pois obtém o “feed back” operacional. Por isto a Petrobras ganhou por três vezes o prêmio mundial máximo da tecnologia do petróleo, sendo a única a ganhar por três vezes esse prêmio. Se não for operadora perde tudo.
11) A Petrobrás tem o maior conjunto de campos a serem postos em produção (Tupi – 10bi; Libra-15bi; Franco -10bi; Sapinhoá -2bi; iara 4bi; Carcará – 4bi; Carioca e outros – 10bi; área das baleias-5bi - total 60bi). Segundo cálculo do Engenheiro Paulo Cesar R. Lima, Assessor Legislativo, se o fator de recuperação desses campos já descobertos, for 50%, como é na Bacia de Campos, essa reserva, cresce para 105 bilhões de barris. É preciso ressaltar que não há abundância para exportação considerando todas as necessidades não atendidas de uma população de 205 milhões de brasileiros. Precisamos consumir cerca de 10 milhões de barris por dia para elevar nosso padrão de desenvolvimento humano. As reservas do pré-sal são grandes, mas nossas necessidades não atendidas são ainda maiores.
12) Os dois maiores focos de corrupção na indústria mundial de petróleo são: medição fraudulenta e superdimensionamento do custo de produção que é ressarcido em petróleo. Exemplos: 1) uma operadora produz 500 mil barris/dia e declara 300 mil. Ganha 200 mil sem pagar nada; 2) Operadora gasta US$ 2 bilhões num sistema de produção e declara que gastou 3 bilhões. Vai receber US$ 1 bilhão limpinho, em petróleo, sem impostos, sem nada. Por isto querem tirar a Petrobrás da jogada.
13) A venda de ativos da Petrobrás, neste momento em que estão desvalorizados é uma insanidade, mas tem suas explicações: i) caso BR Distribuidora: a Bunge, empresa onde Parente trabalhava quer entrar na distribuição. Tentou comprar a ALE e não conseguiu. Agora leva a BR; ii) caso Transpetro: a empresa é que faz todo o transporte de petróleo do mar para a terra, inclusive o privado, e faz sua medição “on line”; o cartel quer fazer isto; iii) caso dos gasodutos: os gasodutos da Petrobrás já estão no limite. Não tem como ceder mais para as concorrentes. Como elas não querem investir fazem o lobby para comprar barato os da Petrobras. E ela que construa novos.
14) Não é hora de se pensar em aumentar a produção para exportar, pois o preço do petróleo já está baixo e será jogado ainda mais para baixo. O petróleo deverá voltar a subir no médio prazo, segundo especialistas e, além disto, as reservas já descobertas acima citadas já dão para autossuficiência da ordem de 50 anos. É um erro utilizar a relação reserva / produção porque 1) subestima nossa necessidade de consumo congelando a demanda futura e 2) não considerar a curva de produção que passa por um pico. Deve ser totalmente EXCLUÍDO.
15) Qualquer que seja a operadora, ela vai levar o mesmo tempo para por o pré-sal em produção, ou seja, 8 a 10 anos. Ela remete os lucros. A Petrobrás reinveste no País;
16) Quando a Petrobrás é a operadora, além dos royalties e do óleo lucro, a união fica com mais 48% referentes à sua participação acionaria no capital da Companhia. Se forem as multinacionais, 100% do lucro serão remetidos para o exterior.
17) Quanto à segurança operacional, vale lembrar: no campo de Macondo, no México, a operadora British Petroleum mandou a perfuradora Transocean economizar na cimentação do poço e gerou grave acidente com afundamento da plataforma; no campo de frade, no Brasil, a Chevron mandou a Transocean economizar na cimentação e gerou grave acidente. A mesma perfuradora Transocean já furou mais de 40 poços no pré-sal e não ocorreu qualquer acidente. A Petrobrás não faz economia relegando a segurança.
18) A Shell perfurou o campo de Libra até a profundidade de 3990m e o devolveu para a ANP. Mas a Petrobrás o perfurou até a profundidade de 7000m e achou o maior campo do mundo. Logo, se não fosse a Petrobrás, Libra não seria descoberto.
19) A alegada dívida excessiva da Petrobras é falaciosa, pois o cálculo contábil não considera o patrimônio real que são as suas reservas da ordem de 60 bilhões de barris, além dos 14 bilhões descobertos antes do pré-sal. Essa dívida da companhia é para investimentos, cujo retorno é dos mais elevados, pois os campos do pré-sal têm uma enorme produtividade, da ordem de 30.000 barris por dia.
20) O senador Serra alega que a Petrobrás tem uma divida tão alta que chega a R$ 340 por barril produzido, sendo que nas outras petroleiras esse fator é 60. Ora, esse parâmetro não quer dizer nada. O que importa é a relação da dívida por barril a produzir. Ou seja, se a divida está em R$ 350 bilhões e a dividirmos por 74 bilhões de barris a produzir (60 do pré-sal + 14 do pós-sal), resulta na relação 4,7 e esta é a menor relação entre as petroleiras.
21) Aliás, se a relação do serra significasse alguma coisa, a norueguesa Statoil não teria produzido nada, pois no início ela endividou-se para produzir o campo de Ekofisk e não produzia nada, ou seja, a relação dívida por barril produzido era infinita.