Diretor da AEPET responde à carta de Parente aos petroleiros

"democracia deve ser transparente"

No dia 28/07/2016 os petroleir@s e o movimento social estiveram na frente do EDISE, símbolo sede da Petrobrás, ato público em - Defesa da Petrobrás Pública, do Pré-Sal e Contra a Venda de Ativos da Companhia. Este ato, entre tantos outros anteriores e a porvir, representam a indignação dos petroleiros e da população brasileira aos ataques, perpetrados e em andamento, feitos por este governo interino, contra os mais elementares direitos trabalhistas, previdenciários e sociais. Outrossim e sobretudo, incluído neste pacote, o desmonte e esfacelamento da maior conquista histórica da soberania brasileira: A Petrobrás.

Respondo a sua carta de presidente interino, que foi parcialmente copiada abaixo, pois até então, 03/08/16, não foi disponibilizada conforme suas anteriores, no Portal da Petrobrás para os pertinentes comentários dos petroleiros. Nem mesmo seu (re)encaminhamento por notes está permitida, talvez por receio de ler e ouvir aquilo que não lhe julga pertinente e respeitoso. Mas assim como, neste ato, lhe chamei de canalha, não o leve como ataque pessoal, e sim como uma afirmação política para um senhor político. Sim, político, o senhor é um ser político, homem de partido, nomeado por um governo interino, o qual não tem legitimidade dada pelas urnas para combater a grande indignação popular motivada pelo mau cheiro da corrupção. A diferença entre nós é que não fui nomeado, por um governo golpista, para desmantelar cordialmente a Petrobrás e atacar seus trabalhadores, e sim como um dos inúmeros diretores sindicais eleitos diretamente pelos petroleiros para defender a sua simbologia e sua concretude perene.

Aos senhores que serve politicamente, todos, estão denunciados seriamente por desvios éticos, corrupção braba, pesada, contra o interesse público da Petrobrás. Vamos a alguns nomes principais ligados ao seu poder de plantão: Michel Temer, Renan Calheiros, Romero Jucá, Henrique Alves, etc et caverna. Seu partido PSDB, aliado a estes, representados por seus padrinhos FHC e José Serra, fizeram muitos desmantelos e entregas históricas da soberania nacional, negócios no minímo duvidosos para apequenar o Brasil e a Petrobrás.

O Sr. por exemplo, quando era presidente do CA da Petrobrás, no governo FHC, empurrou para o caixa da Petrobrás o abacaxi do apagão elétrico, sua alcunha na época foi de Ministro do Apagão, no qual a população brasileira sofreu nos idos do governo do seu partido - PSDB. Há inclusive um indiciamento judicial histórico, em andamento, feito pela AEPET e  Sindipetro RS contra sua decisão entreguista de troca, compra e venda de ativos nacionais e internacionais na Argentina, Nisto vendeu parte da refinaria Alberto Pasqualine. Aliás é o que prega seu mentor José Serra, que em depoimento na audiência pública de lei de sua autoria pregou a entrega de 100% do pré-sal a empresas estrangeiras. O ministro interino, seu padrinho, afirmou, está nos autos da audiência pública PL4567/16 :

A PETROBRÁS DEVE SER RESTRITA A SER UNICAMENTE UMA EMPRESA DE E&P, TODOS OS SEUS DEMAIS SEGMENTOS EMPRESARIAS DEVEM SER PRIVATIZADOS.

A BR DISTRIBUIDORA, a Transpetro, a Liquigás, as Termoelétricas, ou seja, todas as principais empresas do seu sistema logístico ou que representam seu  valor agregado, que interligam sua cadeia de valor, estão em processo acelerado de privatização do seu controle acionário, à toque de caixa, tudo antes da eleição devida, sequer a de 2018. Seu mentor José Serra, não respondeu na audiência citada, a pergunta que não quer calar: qual empresa "player mundial" do setor petróleo não é integrada do poço ao posto ? A riqueza do petróleo  não advém da sua mera produção, sobretudo para exportação. Ao contrário - vide os povos do Oriente Médio e os países africanos, imersos em guerras fratricidas e abissal desigualdade social, dado serem grandes produtores e exportadores de petróleo e gás. Mas é sim, do seu uso nacional disponível como energia, e sobretudo do seu valor agregado, presente em mais de 3000 produtos, que um país engrandece socialmente e soberanamente.

Atualmente o Brasil não precisa de petróleo bruto como nos anos 70/80/90 do séc. XX. Futuramente precisará das reservas do pré-sal e de uma Petrobrás integrada e robusta para fazer o que já provou saber fazer:  alavancar o desenvolvimento econômico e social do Brasil - missão sempre omitida pelo setor empresarial que o senhor representa. Sua representação sindical, estas entidades que o Sr. representa, foram sempre atuantes em fazer o povo brasileiro pagar o pato :  FIESP FIRJAN, CNC, etc...  

Lamento Sr. Parente, a democracia deve ser transparente, ética e dar muito trabalho público aos poderosos de plantão. O senhor é um impostor, travestido de bom moço. Era assim também, os filhos dos cruéis coronéis da Casa Grande quando voltavam educados da Europa, cordiais, com bons modos no trato pessoal com a senzala, mas coronéis, fiéis a sua oligarquia e a seus interesses econômicos imediatos. Quem é dos seus seus não degenera, diz a sabedoria popular. O sr. é assim, lamento. O que mudou é o povo brasileiro, os trabalhadores, a dita ralé, ciente hoje, que os ditos doutores como o senhor, absolutamente não os podem defender, sequer representá-los.

Diferente da sua história de vida política, eu como os demais petroleir@s diretos e indiretos, nunca tivemos atalhos fáceis na vida, ao contrário, sempre lutamos árdua e permanentemente; estudando, disputando emprego por concurso público, trabalhando arduamente, sofrendo assédio moral, perda de direitos, perda de emprego, perda de saúde, em inóspitos e periculosos ambientes para a vida humana. Assim é a vida dos trabalhadores petroleiros. Assim é a vida do trabalhador brasileiro.

É por este ideal, hoje concreto, que esta empresa de sucesso foi arduamente criada, com sacrifício pessoal e político de inúmeros brasileiros, gente que faz acontecer: tornando a cada dia o Brasil soberano e independente no suprimento nacional de petróleo, e sobretudo em toda a sua cadeia de valor, desenvolvendo o que a atual geração de brasileiros considera hoje natural. Foi com esta visão estratégica, longínqua, com altos e baixos, que trabalhadores e patriotas de todos os matizes políticos fez e fará valer.

A sua cartilha entreguista está em andamento, o senhor tenta dourá-la e perfumá-la para os petroleiros e para a sociedade brasileira. Mas a máscara da falácia que o senhor representa está somente começando a cair. Não nos faltam argumentos, nos sobra é indignação. Quanto a canalhice, sugiro ver o que o nosso grande professor de filosofia, o conheci em palestra na Petrobrás, conceitua canalha, curta no link abaixo: como e porquê as atitudes políticas canalhas prosperam, seja pelo descaramento destes, seja por nossa omissão. https://www.youtube.com/watch?v=sQ9G_ArkUx0

Esta carta pode ser replicada.

Até,

    ARTHUR FERRARI 

    Diretor Sindipetro RJ - 2014 a 2017

    Diretor AEPET -  2015 a 2017