Inclusão
No dia 12 de novembro (sábado), às 15h, o Grupo de Apoio as Mães de autistas (Gama) irá realizar no auditório do Sindipetro-LP a palestra “TEA, inclusão social e escolar. Um sonho possível”, que trata de explicar, com base na experiência pessoal e em estudos, como conviver com o autismo, ou, Transtorno de Espectro do Autismo (TEA). A palestra é realizada em família, por Nicolas Brito, que tem TEA, sua mãe, professora e escritora Anita Brito e seu pai, Alexandre Sales.
A ciência ainda não consegue prever quando uma pessoa nascerá autista, mas é possível identificar o TEA logo nos primeiros meses de vida da criança. A estimativa atual é que de cada 68 nascidos, um tem TEA. Outro dado diz que de cada cinco autistas, quatro são do sexo masculino.
Não há medicação para o autismo, mas é possível viver de forma independente e saudável com terapia, ajuda familiar e escolar. Embora não sejam unânimes, médicos e especialistas acreditam que o transtorno está relacionado a mudanças no meio ambiente. Também há uma forte corrente de estudos que apontam o uso de alimentos transgênicos, como soja, agrotóxicos e outros químicos utilizados na indústria alimentar como responsáveis pelo aumento vertiginoso dos casos de autismo no mundo (No final dos anos 80 uma (1) em cada 500 crianças que nasciam eram identificadas com autismo). O aumento de casos de TEA registrados deve-se também à mudança na definição de autismo.
Quando acontece na nossa família
O autismo já foi dividido em três níveis, sendo 1 o mais leve, 2 o nível médio/moderado e 3 o chamado autismo clássico. Em 2013 as subdivisões usadas para classificar o problema foram abolidas e criado o termo TEA.
A maioria das pessoas tem histórias de casos de autismo na família, mas não sabem. Aquele tio caladão, primo antissocial, parente com manias esquisitas e todas aquelas pessoas taxadas de “estranhas” no passado possivelmente sofriam de TEA.
Identificar o autismo ainda nos primeiros meses de vida da criança irá ajuda-la a levar uma vida plena, sem muitas ou nenhuma limitação. Maria Luiza, a Malu, que faz parte do Gama, explica que ter um laudo atestando autismo pode demorar mais de quatro anos. “Temos casos de crianças no grupo que até hoje não foram diagnosticadas, mesmo com todos os indícios. Muitos médicos não gostam de atestar uma pessoa com autismo, costumam dizer que cada criança tem um tempo para desenvolver a fala e outras habilidades, por isso descartam o diagnóstico o máximo possível. No caso do meu filho, com um ano e cinco meses, durante uma consulta de retorno ao médico, começamos a perceber sinais de autismo. Pesquisei na internet, procurei alguns médicos, que se negaram a dar o laudo, até que encontrei um neuropediatra, que confirmou minha suspeita”.
Sem informação sobre o assunto, Malu conta que ao ter o diagnóstico perdeu o chão. “Foi como se abrisse um buraco na minha frente, não ouvi mais nada. Tudo que me vinha à mente era uma personagem autista da novela ‘Amor à Vida’, chamada Linda (Bruna Linzmeyer). Depois descobri que o caso retratado na novela é de um autista clássico, uma das formas mais severas do TEA”. Pouco depois do diagnóstico, já com um ano e sete meses, Malu matriculou seu filho na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Santos (APAE).
Logo no início da gravidez Malu saiu do trabalho. Depois do nascimento, ao descobrir que o filho tinha TEA a mãe decidiu se dedicar exclusivamente aos cuidados com o filho. “Não faria sentido eu trabalhar e pagar alguém para tomar conta do meu filho. Ele tem aulas, terapia, médico. Seria impossível delegar essa responsabilidade para alguém. Decidi cuidar dele para que quando eu não estiver mais aqui - o que é meu maior medo- ele possa se cuidar sozinho”.
Para a família também é importante ter conhecimento sobre tratamentos e direitos dos autistas. Pais de crianças autistas recebem alguns subsídios do governo. Em algumas cidades, como Santos, quem tem filho com autismo não paga o IPTU, independente da renda familiar. Também é possível conseguir desconto de 30% na conta de energia elétrica, desconto no IPVA (geralmente se consegue por meio de ação na justiça) e também não paga ônibus municipal e intermunicipal. Famílias com renda de até R$ 200 por pessoa podem receber o auxílio do governo no valor de um salário mínimo. A ajuda é fundamental para as famílias com menos condições financeiras, pois os gastos com escola, cursos, terapias, remédios, alimentação, entre outros, são muitos, mesmo conseguindo ajuda em instituições filantrópicas.
Sobre os palestrantes
A mãe de Nicolas, Anita Brito é autora de três livros sobre o tema: "Meu filho ERA autista - A história real de um garoto que nasceu autista e que aprendeu a viver em dois mundos" (2012), o qual foi premiado com o IX Prêmio Orgulho Autista; "TEA e Inclusão Escolar: Um sonho mais que possível" (2014); e o livro paradidático "Um livro diferente" (2015). Anita tem ainda um canal no Youtube, onde divulga vídeos sobre o Nicolas e sobre TEA.
Nicolas, hoje com 17 anos, faz palestra sobre o tema desde 2011. Ele cursa o ensino médio e começou a trabalhar como fotógrafo freelancer, profissão que deseja seguir. Nicolas é coautor do livro “TEA e inclusão social” e planeja escrever seu próprio livro, relatando como é viver com autismo.
A palestra será das 15h às 17h30, na sede do Sindipetro-LP, na Avenida Conselheiro Nébias, 248, Vila Mathias. A entrada é gratuita. Inscrições pelo whatsapp: (13) 99166-7487 (Falar com Malu).