Com apoio de diversas categorias, petroleiros se incorporam com peso à greve geral

Nenhum direito a menos!

Os petroleiros do Litoral Paulista fizeram bonito na greve geral convocada para esta sexta-feira (30), pelas centrais sindicais do país, contra os ataques de Temer à aposentadoria e direitos trabalhistas. No dia em que diversas cidades foram afetadas por paralisações, atos, protestos e greves, a categoria realizou um forte dia de greve em todas as unidades da companhia, demonstrando que os trabalhadores de um dos setores mais estratégicos do Brasil seguem cumprindo um papel importante na luta contra os ataques dos patrões e dos governos.

Esta forte mobilização na Petrobrás não seria possível sem a resposta positiva da categoria ao chamado do sindicato, compreendendo que as "reformas" de Temer estão combinadas com o desmonte da Petrobrás. Não seria possível também sem o apoio fundamental de diversos trabalhadores das mais variadas categorias, além de estudantes e ativistas de organizações de esquerda que, desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira (30), cerraram fileiras com os petroleiros nas portas das unidades da companhia na Baixada Santista e Litoral Norte.

A solidariedade prestada por esses valorosos companheiros e companheiras é uma demonstração concreta de que a classe trabalhadora, assim como a luta contra a exploração do capital, é uma só. Portanto, para ser vitoriosa é indispensável que seja construída de maneira combinada e unificada. Este é o caminho para derrotar as reformas, a privatização da Petrobrás e derrubar Temer.

Além disso, este apoio foi fundamental para fortalecer a luta dos petroleiros num momento crítico da categoria: a companhia, em nível nacional, vem reduzindo de forma criminosa o efetivo de operadores nas unidades de refino. Essa decisão gera riscos reais de acidentes e mortes, fazendo com que uma greve por tempo indeterminado seja colocada na ordem do dia. Neste sentido, a realização deste forte dia de greve com a ajuda das demais categorias dá confiança aos petroleiros para intensificar uma luta que não é pequena.

A greve nas unidades da Petrobrás
Na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão e UTE Euzébio Rocha a adesão à greve geral foi muito forte. Os ônibus do turno chegaram completamente vazios, concretizando 100% de adesão, e poucos trabalhadores do regime administrativo desembarcaram na porta da unidade. Com isso,  a adesão nesse setor da refinaria chegou a 90% - um número muito positivo e que fortalece a unidade da categoria.

No caso dos petroleiros terceirizados, foi concretizada uma grande vitória: a adesão superior a 80% das empreiteiras e demais prestadoras de serviço. Este percentual só foi conquistado graças à presença de diversos lutadores de outras categorias e setores. Servidores e servidoras de Cubatão, São Vicente e Santos, metalúrgicos, estudantes da Unifesp e Unesp, companheiros desempregados de Cubatão, militantes de organizações de esquerda como PCB, PSTU, MAIS e LSR, e tantos outros ativistas foram fundamentais para concretizar a greve na refinaria. As empreiteiras e demais prestadoras de serviço seguraram os trabalhadores por horas na porta da unidade, outras aguardaram o fim do piquete no centro de Cubatão, no entanto os esforços foram em vão: com a manutenção dos piquetes em quase todas as entradas da refinaria até meio-dia, os trabalhadores foram liberados e voltaram para suas casas.

No Terminal Alemoa da Transpetro, em Santos, a adesão foi de 100% entre próprios e terceirizados, reafirmando a sintonia e relação de confiança entre Sindicato e trabalhadores da base - fruto do trabalho cotidiano de conscientização e mobiilização exercido pela entidade na unidade. A presença constante no terminal serviu também para dar respaldo aos empregados diretos e terceirizados que foram pressionados por suas gerências a comparecer ao trabalho. Para se ter uma ideia, por volta do meio-dia - seguindo ordens das chefias que atrasaram deliberadamente a chegada dos trabalhadores - vans chegaram à unidade com terceirizados para furar o movimento. Entretanto, com a presença dos dirigentes, a manobra fracassou. Na Alemoa, tivemos o apoio da Assojubs, entidade que representa os servidores do Judiciário Estadual e compõe a Frente Sindical Classista da Baixada Santista.

No Terminal de Pilões, em Cubatão, houve corte de rendição e adesão de 100% do turno, 95% do administrativo e terceirizados. No Edisa Valongo, no Centro de Santos, mais da metade dos petroleiros diretos e terceirizados não compareceram ao local de trabalho, um número muito expressivo para uma base onde a combinação entre repressão da Polícia Militar e práticas antissindicais da gerência dificultam muito o trabalho dos dirigentes sindicais. Além disso, respondendo positivamente ao chamado do Sindicato, cerca de 30 petroleiros em greve de outras bases marcaram presença para ajudar no piquete.

Litoral Norte
Na UTGCA, em Caraguatatuba, houve adesão de 90% dos trabalhadores do regime de turno, administrativo e terceirizados. Por estar localizada próxima à Rodovia dos Tamoios, com potencial de afetar sensivelmente o trânsito da região, é comum a presença ostensiva da Polícia Militar. Entretanto, apesar de mais uma vez tentar intimidar os grevistas, o movimento foi garantido mesmo sob pressão. Lá, houve o apoio do Sintricon e Sinfuspesp, sindicatos da construção civil e dos agentes penitenciários, respectivamente. A unidade está nas mãos do grupo de contingência, que foi formado sem a anuência do Sindipetro-LP. Diante disso, foi feito um Boletim de Ocorrência responsabilizando a gerência por colocar a planta em risco.

No Tebar, em São Sebastião, os ônibus também chegaram completamente vazios. Logo pela manhã, às 8 horas, a operação foi entregue à contingência. Foram parte importante da mobilização, em solidariedade, dirigentes de diversas categorias e entidades, como servidores municipais, portuários, construção civil, Apeoesp, OAB, Sindiprev, trabalhadores do Ministério Público Federal, estudantes e artistas, além de representantes do Fórum Sindical da Região.

A greve no Porto de Santos e nas ruas da região
Logo pela manhã, por volta das 6 horas, ativistas dos movimentos sociais, sindical e estudantil organizaram o bloqueio de duas vias importantes da região. Por aproximadamente uma hora, os manifestantes interromperam o trânsito na Av. Martins Fontes, na entrada de Santos, e na Av. Airton Senna da Silva, na praia do Itararé, em frente ao Teleférico de São Vicente. Logo após os bloqueios, parte dos ativistas saiu em passeata pelas ruas do Centro de Santos até a Praça Mauá, onde encerraram o protesto. Em greve desde sexta-feira, com previsão de término no domingo, os estivadores paralisaram os terminais de contêineres no Porto de Santos.