Petrobrás pode incluir ativos de logística em vendas de refinarias; detalhes devem sair no 1º tri, diz Parente

Estão vendendo tudo

A Petrobrás planeja publicar no primeiro trimestre de 2018 detalhes sobre as participações de refinarias que serão colocadas à venda, podendo incluir ativos da área logística, como dutos e terminais, como um pontapé final para garantir a longevidade de sua política de preços e de livre mercado de combustíveis no país.

Em entrevista à Reuters, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, frisou que o modelo para a venda desses ativos ainda não está finalizado e envolve muitas discussões em áreas internas da companhia, mas que uma proposta final será apresentada para o Conselho de Administração até o fim do ano.

Apesar de não entrar em detalhes sobre o tamanho das fatias em refinarias que serão vendidas, o executivo adiantou que a estratégia deve considerar a venda em conjunto com partes da logística do Sistema Petrobras.

"Só vender a refinaria talvez não seja suficiente, porque não incluiria uma parte muito importante para o sucesso do negócio, o que é uma condição para entregar produtos para os clientes", afirmou Parente, que recebeu a equipe da Reuters em um dos prédios da Petrobrás no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (25).

O executivo ponderou que a venda de participações no parque de refino é um processo bastante complexo e que necessita uma estruturação dos ativos a ser implementada.

Para Parente, a venda dos ativos é importante para consolidar a atual política de preços, que segue a lógica do mercado, para além de sua gestão. Isso porque a empresa deixará de ter o monopólio do refino no país. No modelo anterior, antes de o executivo assumir a empresa, havia margem para que o governo controlasse os preços.

"(A venda de ativos) é muito importante, especialmente para sustentabilidade da política de preço livre. Eu não espero no futuro qualquer tipo de influências em definição de preços não 'lincadas' ao interesse dos negócios", afirmou Parente.

Novo plano

As vendas de participações em refinarias fazem parte de um ambicioso plano de desinvestimentos que prevê levantar 21 bilhões de dólares entre 2017-2018.

Parente indicou que a meta deverá ser mantida em uma nova versão do Plano de Negócios e Gestão quinquenal da empresa, que será publicado no próximo mês.

"O plano terá importantes adições... mas não mudanças radicais. Algumas estratégias serão reforçadas e pode haver alguma nova estratégica", afirmou Parente, ressaltando que não haverá mudanças nas principais metas, a não ser no caso dos índices de segurança.

O executivo afirmou estar contente com resultados obtidos desde que assumiu a presidência.

Questionado sobre dividendos, o presidente disse que tem "bons números" e reiterou que deseja voltar a pagar assim que possível.

Cessão onerosa

Enquanto busca equacionar a situação financeira da empresa, Parente deseja uma aceleração no ritmo das negociações do contrato da cessão onerosa no pré-sal, assinado em 2010, com o governo. O executivo acredita que tem uma quantidade considerável a receber.

A cessão onerosa garantiu à empresa o direito de produzir até 5 bilhões de barris em algumas áreas da Bacia de Santos, após a empresa pagar à União o equivalente a 42,5 bilhões de dólares.

Mas o contrato da cessão onerosa desde o início previa uma renegociação de valores pagos pelos volumes, depois que as declarações de comercialidade fossem apresentadas.

"Nós ainda não iniciamos o ponto mais intenso da negociação. Nós queremos fazer o que for possível, nos preparamos, mas precisamos esperar o outro lado que é o governo", disse Parente.

O secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, afirmou recentemente que tem a expectativa de concluir as negociações ainda neste ano.

Fonte: G1