Não estamos em 1964 e não é normal policiais invadirem armados um Sindicato

Nota de repúdio

O que para muitos se tratava simplesmente de frases inadequadas de um candidato à presidência polêmico está se convertendo, como muitos de nós alertamos e muitos duvidaram, em política concreta de intimidação e destruição dos movimentos sociais e da, cada vez mais frágil, democracia brasileira.

Nesta terça-feira (23), três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) invadiram armados a sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), onde ocorria uma reunião de lideranças sindicais e de movimentos sociais. O encontro tinha como objetivo organizar um ato contra a visita do presidente Jair Bolsonaro a Manaus, que acontece nesta quinta (25).

“Adentraram no Sinteam e fizeram algumas perguntas a respeito da reunião que estava ocorrendo. Chegaram a perguntar quem eram as lideranças (…) como uma forma de nos intimidar. Disseram que estavam a mando do Exército e faziam parte da segurança do presidente Jair Bolsonaro”, disse a presidente do Sinteam, professora Ana Cristina Rodrigues. "Marcamos uma reunião às 17h. Eles chegaram 16h40, não sei como souberam da reunião; era fechada para diretores de movimentos”, explicou o Secretário de finanças do Sinteam, Cléber Ferreira.

A informação de que se tratava de uma medida sob ordens do Exército foi negada pelo Comando Militar da Amazônia. Por sua vez, a PRF não deu explicações e Jair Bolsonaro também não quis se manifestar. Tal silêncio fala muito: mais uma vez, o presidente dá cheque em branco para ações que enfraquecem o Estado Democrático de Direito uma vez que desrespeitam direitos constitucionais elementares como a livre manifestação do pensamento.

Diante do ocorrido, o Sinteam já informou que irá ao Ministério Público Federal para dar prosseguimento ao inquérito que vai investigar a “visita” de policiais rodoviários federais à sede do sindicato.

Não podemos normalizar medidas abusivas e autoritárias como essa, pois são o primeiro passo para ações ainda mais truculentas. Por isso, o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista repudia esta ação e convoca toda a classe trabalhadora, entidades sindicais, movimentos sociais e estudantis a denunciar este absurdo e cercar os lutadores de Manaus de toda a solidariedade possível.

Aliás, não se trata apenas de solidariedade, se trata de autodefesa. Todos aqueles que lutam por uma sociedade democrática e justa precisam se indignar. Enquanto Bolsonaro trata trabalhadores e lutadores sociais como bandidos, os verdadeiros criminosos não só estão livres, como gozam de sua mais alta confiança e ocupam cargos de primeira linha no governo. Exemplos não faltam, como é o caso dos seus próprios filhos, todos ele envolvidos com milicianos, do seu motorista e amigo pessoal, o sumido Queiroz, e do Ministro do Turismo, envolvido em uma investigação sobre candidaturas laranjas no estado de Minas Gerais financiadas com dinheiro público.

Nós, petroleiros, temos diante de nós uma enorme e dura batalha: a defesa de nossos direitos e da Petrobrás como empresa pública a serviço do Brasil. E para vencer precisaremos lutar. E para lutar será necessário enfrentar um governo não só entreguista e submisso ao imperialismo, mas também autoritário e inimigo da classe trabalhadora.

Toda solidariedade às lutadoras e lutadores sociais de Manaus!