Em Petrobrás privatizada, ataques na Arábia Saudita afetariam o bolso do brasileiro

Disparada no preço dos combustíveis

No último sábado (14), o mundo voltou os seus olhos para a Arábia Saudita após se espalhar a notícia de que um ataque através de drones provocou incêndios a duas instalações petrolíferas do país. A ação, reivindicada pelo grupo rebelde houthis, do Iêmen, provocou um corte de mais da metade da produção de petróleo do reino saudita (5,7 milhões de barris por dia). Para se ter uma ideia do tamanho do dano causado ao setor em nível global, trata-se de cerca de 6% de toda a produção mundial. A Arábia ostenta o posto de maior exportadora de petróleo do mundo.

Com isso, a cotação do barril saltou quase 20% em Londres – a maior alta durante uma sessão desde a guerra do Golfo em 1991. Desde 2016, seguindo a lógica de uma empresa privada, a direção da Petrobrás vem adotando para os seus derivados a política de paridade com os preços internacionais. Ou seja, a cada reajuste do valor do barril no plano internacional, aqui no Brasil é feito reajuste automático.

Em relação aos ataques na Arábia Saudita isso significaria uma disparada no preço dos combustíveis de pelo menos 10%, afetando diretamente o bolso do brasileiro. Seja na hora de encher o tanque do automóvel no posto de gasolina, na compra de diesel ou gasolina; seja na hora de ir às compras no supermercado, com o repasse da elevação do custo com transporte para o consumidor; seja na hora de comprar o gás de cozinha, produto que já vem sendo vendido a um preço inacessível para milhões de brasileiros. Em um país mergulhado em índices absurdos de desemprego, miséria e desalento, o impacto seria enorme.

No entanto, na última segunda-feira (16), em entrevista à grande imprensa, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que por enquanto a Petrobrás não irá elevar o preço do combustível. As justificativas pouco importam, pois mais servem para desviar o foco do que é relevante nesta decisão: o fato de que só foi possível adotar esta medida porque a Petrobrás, contrariando os objetivos do próprio governo e do mercado internacional, segue resistindo à sanha privatista e trata-se, apesar de todos os ataques, de uma empresa pública cuja missão é servir ao povo brasileiro.

Se a empresa tivesse sido privatizada, como já defendeu o atual presidente da companhia Roberto Castello Branco e o ministro da Economia, Paulo Guedes, a elevação no preço do barril do petróleo teria sido repassada aos brasileiros. Se as refinarias colocadas à venda pelo atual governo já tivessem sido vendidas, entregando metade de nosso parque de refino para a inciativa privada, certamente o preço dos combustíveis sofreria uma disparada.

E a razão é muito simples: uma empresa privada opera sob a lógica do lucro a qualquer custo. Não há qualquer responsabilidade social diante da população. Diante da oportunidade de elevar a taxa de lucros, com a valorização no preço do barril de petróleo, qualquer multinacional aproveitaria este momento para ganhar dinheiro fácil.

Não custa lembrar que esta é a segunda vez que Bolsonaro, à revelia de seu projeto de entrega do patrimônio nacional, se vê forçado a suspender a política privatista de paridade com os preços internacionais. A primeira vez foi quando os caminhoneiros ameaçaram entrar em greve.

Também fica muito evidente a falácia repetida pela imprensa, “analistas” de mercado e pelo próprio governo de que a Petrobrás não deve sofrer intervenção externa, no caso do governo. Desde que assumiu a presidência, o que Bolsonaro mais tem feito é interferir sobre os rumos da companhia. Entretanto, quando se trata de intervenção pró-mercado nada é dito pelos lobistas da privatização. Por outro lado, quando os interesses privados são afetados de alguma forma a gritaria do mercado contra o “intervencionismo” volta com força.

Felizmente, apesar de toda a campanha antinação a maioria do povo brasileiro segue contrário às privatizações. E, mais uma vez, fica comprovada a importância estratégica da Petrobrás 100% Estatal e Pública para a soberania energética e popular do país.

Privatizar faz mal ao Brasil!
Defender a Petrobrás é defender o Brasil!