Siqueira volta a denunciar as manobras para entregar a Petrobrás

Atual contexto

Veja os principais tópicos da entrevista concedida pelo engenheiro Fernando Siqueira, vice-diretor de Comunicação da AEPET, ao Programa Faixa Livre.

Embora o petróleo desvalorizado prejudique Rússia e Arábia Saudita, os dois países não se entendem sobre a necessidade de reduzir a produção para manter o preço. A OPEP não deveria atuar para garantir um preço mínimo?

Os EUA estão por trás disso. É a terceira vez que a Arábia Saudita age assim. A União Soviética se desmantelou com a queda provocada pela Arábia Saudita. A Rússia tem atualmente prejudicado as manobras geopolíticas dos EUA no Irã, na Venezuela e na Síria, por exemplo. Até o pré-sal é afetado, pois com preço baixo aumenta o peso do custo de produção. A Arábia Saudita, inclusive, aumentou sua produção, em vez de reduzir. Há que se considerar que, para a Rússia e mesmo a Arábia Saudita, há uma vantagem: com o preço do petróleo nesse nível, fica prejudicada a produção de shale gas. Embora haja um pouco de prejuízo para os americanos, isso também ajuda a subjulgar países citados antes.


Como vê o comportamento da diretoria da Petrobrás no atual contexto?

Está claro o erro estratégico clamoroso das últimas diretorias de Petrobrás: colocam os ovos numa única cesta. Precisamos da produção, da comercialização e da petroquímica. Castello Branco quer ficar só com o pré-sal, quando o preço do petróleo é cada vez mais instável. Estamos vendendo ativos, como as malhas de gasoduto, que geram lucro independente dos preços do petróleo. Vendemos a BR Distribuidora, que é outra geradora de caixa, bem como a Liquigás e a Gaspetro.

Lucro recorde?

Dizer que no último balanço houve o maior lucro da história é uma mentira deslavada. Contabilizou-se a receita da venda de subsidiárias, que engordaram em R$ 38 bilhões esse suposto lucro. O lucro operacional foi de R$ 2 bilhões, um dos piores resultados da história. Mas R$ 10 bilhões foram distribuídos a acionistas, majoritariamente estrangeiros, em forma de dividendos. Ficou explicitado o erro estratégico brutal.

PIG e corrupção

Não se pode minimizar a corrupção, mas o Partido da Imprensa Golpista (PIG) exacerbou, como se isso fosse a causa principal da situação da Companhia. Não se viu nem uma linha informando que, em 10 de fevereiro, a Petrobrás ganhou pela quarta ver o Oscar da indústria mundial do petróleo. Num país independente sairia nas primeiras páginas dos jornais. Nenhuma empresa ganhou esse prêmio mais de duas vezes. Mas a imprensa fica muda, só fala de corrupção, que não vem de hoje. Colocaram a corrupção como grande problema da Petrobrás, quando o impacto foi de 3% do faturamento.

A corrupção é execrável, mas não foi nem de longe a causa do endividamento da Petrobrás. Para produzir o pré-sal, que hoje responde por 60% da produção nacional, investimentos precisaram ser feitos. A Petrobrás não é inviável, pelo contrário. Mas houve desvalorização de ativos para favorecer o argumento da Petrobrás inviável e a consequente venda de ativos. Uma campanha insidiosa pela privatização da Companhia.

Cessão onerosa

No leilão da Cessão Onerosa as multinacionais do petróleo deixaram Petrobrás comprar 17 bilhões de barris pelo preço mínimo, embora seja uma reserva maior do que a de muitas empresas das empresas do cartel. Na minha visão, não compraram nada para depois adquirir a Petrobrás com toda essa reserva.

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Fonte: Aepet