Gestão da Petrobrás perpetua conduta negacionista e não retoma testes de Covid-19 no Edisa

Imprudência

A conduta negacionista atrelada à necropolítica do governo Bolsonaro tem se perpetuado no Sistema Petrobrás. A atual gestão da empresa nega a existência da Covid-19 nas unidades de terra e mar e com isso, ignora a necessidade de uma política efetiva de combate a propagação do coronavírus. Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia, no dia 11 de março, o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista vem denunciando sistematicamente a postura da atual gestão da Petrobrás.   

Prova disso, é a suspensão por completo todo o processo de testagem rápida na força de trabalho do Edisa Valongo. A medida foi adotada justamente no período em que mais crescem os casos de contaminação em todo país e na Baixada Santista. 

Segundo dados da Prefeitura de Santos, na última segunda-feira (21) a cidade s bateu recorde com 915 casos confirmados em apenas 24 horas. Segundo Agência Metropolitana da Baixada Santista, nas 9 cidades da região temos 147.171 casos confirmados de Covid-19 com lamentáveis 5.873 mortes. O aumento vem ocorrendo mesmo com o processo de imunização avançado na região. Os dados são alarmantes e alguns infectologistas da cidade falam em um novo lockdown ainda mais severo. A gerência da UN-BS tem “nadado contra essa maré” e continua implementando irresponsavelmente práticas negacionistas de testagem zero na maior sede da Petrobrás do estado de São Paulo.

É sem dúvida alguma uma carta-convite para o vírus continuar infectando e matando os petroleiros próprios e terceirizados que, a bem do suor e sacrifício, vêm colocando suas vidas em risco diariamente nas atividades dos serviços essenciais sem ter uma razoável contrapartida de proteção preventiva por parte da atual gestão da Petrobrás.

De uma forma bem didática, a diretoria do Sindipetro-LP vem alertando os gestores da unidade que com vidas em jogo, não se faz programa de contenção de gastos, e nem políticas negacionistas, ainda mais gastos tão insignificantes se comparado ao altíssimo retorno financeiro que os petroleiros e petroleiras próprios e terceirizados colocam no caixa e no bolso dos conselheiros da empresa.

Segundo denúncias da própria força de trabalho, desde que houve a suspensão da testagem rápida no prédio no Edisa, onde possui inclusive, diversas equipes de serviços essenciais de turno, cresceu o número de pessoas sendo vistas na unidade com possíveis sintomas de Covid-19. Isso representa um grande potencial de transmissão nas trocas de plantão e serviços de zeladoria, operação, manutenção e administrativo. Além disso, alguns trabalhadores relataram que trabalharam com colegas o dia inteiro e que no dia seguinte se afastaram por suspeita de Covid-19. As gerências fecham os olhos para os funcionários que tiveram contato com os que estão em quarentena. A coisa não para por aí. Alguns petroleiros denunciam que dezenas de trabalhadores tentam não demonstrar sintomas perto da vigilância, e após passar pelo procedimento simples de detecção de temperatura, acabam entrando para trabalhar. Esse tipo de situação não ocorria quando havia a testagem rápida, pois, escondendo ou não os sintomas, o funcionário tinha que passar pela triagem e acabava sendo barrado após o teste.

O balanço dessa irresponsabilidade, orquestrada pela gerência da UN-BS e da Petrobrás, a propagação do vírus não fica restrita apenas ao prédio do Edisa. Os trabalhadores contaminados se transformam em agentes multiplicadores do vírus na unidade, da família, do município de Santos e região e do Estado de São Paulo.

Sendo assim, a retirada dos testes serve apenas para manipular estatísticas, sendo um tremendo desserviço para a sociedade e para as honestas políticas de enfrentamento da pandemia. O Boletim nº 62 de Monitoramento COVID-19 do Ministério de Minas e Energia, emitido em 21 de junho, denuncia que o número de mortos por Covid-19, no Sistema Petrobrás, saltou de 33 para 47 óbitos em menos de um mês, sendo 31 em situação de teletrabalho, 15 em presencial e 1 estava em férias.  Infelizmente, nas últimas semanas, mais de 03 mortes ligadas ao Edisa  foram registradas.

Para um prédio administrativo, com absurda proposta de retorno gradativo de trabalho presencial no mês de julho, onde os ambientes não foram projetados para ocupação de pessoas em períodos de pandemia, sem testagem rápida maciça e com apenas 20% da população brasileira imunizada com as duas doses da vacina pelo Programa Nacional de Imunização, como é que a diretoria da Petrobrás e os gestores do Edisa compram a ideia de que nada está acontecendo no Brasil e principalmente na Baixada Santista? As milhares de mortes não significam nada para os gestores? As pessoas são apenas números?

A postura em continuar mantendo a suspensão da testagem rápida no Edisa é contribuir com mais disseminação do vírus dentro da Petrobrás e na região. Além disso, favorece também com o aumento de mais casos de possíveis e lamentáveis mortes na empresa. Essa necropolítica vem sendo combatida exaustivamente pela diretoria do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, mas sem cooperação da própria companhia tem se tornado um trabalho cada dia mais difícil, mas não impossível. É alta cúpula da Petrobrás contribuindo com sua cota de desserviço à sociedade brasileira. Que voltem os testes!