Privação de sono e fome são as novas modalidades usadas contra os petroleiros da P-66

Caos na plataforma

A cada dia mais cobras “criam asas” nas plataformas da UN-BS e o RH da empresa se “finge de morto” diante de todos os absurdos. O rol de trapalhadas, se é que podemos chamar assim, é imenso e até o momento não houve sequer uma punição ou medidas efetivas para que condutas desse tipo não se proliferem ainda mais. As denúncias vão desde veto à imunização (veja aqui), trabalhadores proibidos de tomar banho (veja aqui) até suspensão do adicional de provisório de transferência.

A coisa não para por aí. Nesta quinta-feira (22) os gestores da P-66 lançaram duas novas modalidades de ataque aos trabalhadores. A primeira foi preferir jogar comida no lixo a alimentar os embarcados da produção que chegaram à plataforma às 13h20 por conta de atraso no voo.

O translado era pra ter acontecido na quarta-feira (20), mas como na terça-feira (19) o aeroporto de Jacarepaguá fechou o embarque foi transferido para quinta-feira, às 11h30. Os trabalhadores passaram pelo UMPA (Flotel), às 13h25. Pelo horário ninguém tinha almoçado ainda e quando os embarcados foram questionar se poderiam comer, a enfermeira informou que a rampa de alimentação já estava fechada e que só seria liberada por apenas 20 minutos.

Diante da negativa, o Geplat foi questionado e ele argumentou que não tinha como servir almoço e que no máximo poderia fornecer um misto quente. Qual é a parte que ele não entendeu que “saco vazio não para em pé”? Para piorar a situação, os trabalhadores teriam que enfrentar um turno inteiro na área, emitindo PT, fazendo manobra e andando para lá e para cá. O importante para esses chefetes é perpetuar a cartilha da atual gestão da empresa e fazer todo mundo trabalhar. Afinal, a produção não pode parar! Está cada dia mais difícil ser petroleiro!

A falta de alimento para os trabalhadores das plataformas não é uma novidade no Litoral Paulista. Os trabalhadores da P-67, P-68 e P-70 já passaram por problema semelhante. O Sindipetro-LP repudia veemente essa conduta da empresa em sempre botar na conta dos trabalhadores os erros por má gestão. A Diretoria do Sindipetro-LP exige que haja planejamento por parte dos gestores já que sabiam que o voo chegaria atrasado.

Em uma atividade operacional com alto grau de tensão e bastante esforço físico, não se pode considerar adequado substituir uma refeição completa por apenas um lanche. Não se trata de uma troca feita em casa quando se tem preguiça de se cozinhar, mas de trabalhadores extraindo petróleo do fundo do oceano.

Ali ninguém dorme
No mesmo dia, outra arbitrariedade aconteceu. Os trabalhadores do G3 iniciaram a jornada de trabalho às 2h30 e em função do atraso no voo o expediente foi encerrado ás 15h. O retorno desse mesmo grupo estava previsto para as 22h30. Para a surpresa dos embarcados, que estavam descansando, às 19h chegou  a informação de que seria feito um teste no sistema de alarme e logo em seguida começou a soar o alarme geral. O som persistiu por cerca de 20 minutos que foram suficientes para tirar o sossego de quem trabalhou pelo período de 12 h. Isso foi uma tremenda sucessão de erros. O TCOM solicitou o teste e o Geplat não se deu ao trabalho de analisar os impactos dessa liberação. Uma coisa simples seria verificar se tinha algum grupo de turno em horário de descanso. O Coprod também viu o início do teste, mas também não impediu. Um verdadeiro festival de lambanças.

É nítido e notório que o teste, que não faz parte da rotina da plataforma e que não era urgente, poderia ter sido feito pela manhã ou em qualquer outro horário ou dia da semana diferente da virada, mas o pouco caso com a força de trabalho é uma realidade.

A pergunta que fica é como esses petroleiros podem assumir uma sala de controle ou liberação de equipamentos com o descanso prejudicado? A chefia nem se importa mais em disfarçar que não se importa com os embarcados. O negócio é trabalhar a qualquer custo e nem que isso causa um acidente ou alguém perca a vida. O desprezo pela dignidade humana não só continua, como agora se manifesta sem pudor.

Os diretores do Sindicato têm acompanhado de perto os problemas relacionados à força de trabalho das plataformas. E tem exigido em mesa de negociação que o tratamento oferecido aos embarcados seja revisto já que tem sido extremamente danoso e vem causando problema de saúde. Haja visto, os consecutivos surtos de Covid-19 nas unidades offshore e o aumento considerável de afastamento por problemas psiquiátricos. Essa conta também é do RH da empresa que só faz com que esse tipo de gestão caia para cima. Precisamos cortar essas asas!