Diferente do que propaga, Jair Bolsonaro interfere nos domínios do Sistema Petrobrás quando lhe convém

Hipócritas

Em vídeo publicado por Bolsonaro em suas redes sociais e que circula por grupos de Whatsapp de petroleiros, aparece o diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás, Rafael Chaves Santos, indicado ao cargo na empresa em 2019 por Bolsonaro, sem nunca ter passado por concurso público para entrar na empresa, arrotando hipocrisia ao dizer, que “acabou a era do aparelhamento na empresa da era dos governos do PT”.

Assim como Rafael Chaves, vestidos de petroleiro, uniforme que nunca deve ter feito parte de seus guarda-roupas, uma meia dúzia de ilustríssimos concursad...ops, indicados por Bolsonaro, com salários de seis dígitos, acenavam para cada afirmação leviana que destilava, justificando como fruto da corrupção e má gestão de governo anteriores os altos preços dos combustíveis, que nesta semana chegou a R$ 8 reais em cidades do país.

Com o alto escalão da Petrobrás tomado por indicações políticas, Bolsonaro, assim como Rafael Chaves repete em seu discurso, não cansa de mentir dizendo que não interfere nos preços dos combustíveis, pois não cabe a ele essa decisão e sim do “corpo técnico” que está no comando da empresa. Mente descaradamente, pois da mesma forma que o governo coloca no comando da empresa seus indicados, bastaria um comando seu para que a Petrobrás retrocedesse de balizar seus preços ao mercado internacional. Aliás, está aí outra mentira, pois a Petrobrás não somente aumenta seus preços de acordo com as variações do mercado, mas cria taxas que não existem em nenhuma transação petrolífera, justamente para tornar mais atrativa a importação e beneficiar grandes petroleiras, em detrimento dos empregos que deixa de gerar ao manter suas unidades com baixa produção e vendendo refinarias.

Rafael Chaves omite de seu discurso as vendas lesa pátria, como a que tornou a Petrobrás dependente do aluguel de gasodutos que a própria empresa construiu e vendeu a preço de três anos de lucro.

Rafael omite também que a empresa tem adiantado a devolução de empréstimos e investimentos que ainda estão por vencer, inclusive com dinheiro de privatizações.

Rafael Chaves mente sobre a falta de interesse dos bancos na empresa, quando agentes do próprio governo Bolsonaro, como Claudio da Costa, ex BNDS e atual secretário especial do Ministério da Economia, dizem que qualquer banco gostaria de emprestar para a companhia, pois gera PIB, trabalho e emprego em inúmeros fornecedores e não pode ser tratada como uma empresa qualquer.

A repercussão dentre os petroleiros do vídeo de Rafael Chaves, discursando sem máscara, assim como seus pares, descumprindo os protocolos da companhia quanto a uso de máscara dentro das unidades, reflete a indignação da categoria para as mentiras que o governo e grande mídia adotam para atacar os direitos dos trabalhadores e reflete a indiferença dos gestores da companhia quanto a regras simples de prevenção ao coronavírus, daí a vista grossa para os surtos de covid que ocorreram em muitas unidades e que estão acontecendo neste momento nas plataformas do pré-sal.

A postura desses gestores mostra também o quanto patética é a atual gestão bolsonarista no comando do país. Não há brio nesses que estão comandando grandes empresas como a Petrobrás. Homens que eram CEOs de entidades como BNDS, Vale e outras, cargo importante e respeitado no mundo todo, hoje se rebaixam a meros bajuladores de um governo que se segura nas cordas para tentar chegar ao fim do mandato sem ser impeachmado.

Todo mundo em volta de Bolsonaro disputa os farelos da farofada que o governo joga para atrair mídia e o que restou de apoiadores.

No meio desse triste cenário estão os petroleiros, sendo chamados de marajás pela presidente e o povo brasileiro, que paga a conta pelo apoio dos barões do dinheiro, beneficiados pela alta do dolar, das commodities e dos combustíveis.

Não podemos deixar essa narrativa se sobrepor a verdade dos fatos: Bolsonaro é culpado pela alta dos combustíveis e não tem competência nem vontade de reduzir mais esse fardo das costas do trabalhador brasileiro.

Provavelmente porque nunca foi um trabalhador e sempre se refastelou dos benefícios de estar no poder, pendurado nas mesmas tetas que dizia a milhões que não mais amamentariam corruptos.