Landim, presidente do Flamengo, nomeado ao C.A da Petrobrás, pode ser o novo presidente da estatal

Padrinho mágico

Bolsonaro indicou Rodolfo Landim, atual presidente do Flamengo, para presidir o Conselho Administrativo da Petrobrás (C.A), uma das principais instâncias de decisão da estatal.

A indicação foi feita no início deste mês e demonstrou claramente conflito de interesse, pois Landim é alvo por parte do Ministério Público Federal (MPF) de um indiciamento em julho de 2021 por gestão fraudulenta contra fundos de pensão, incluindo o PETROS, em decorrência de um prejuízo de R$ 100 milhões.

Além disso, Landim é ex-funcionário de carreira da Petrobrás, de onde saiu em 2006 para dar crédito aos negócios de Eike Batista perante o mercado.

A pergunta que fica é: qual é a honestidade e legitimidade de uma indicação do Governo Bolsonaro ao Conselho de Administração da Petrobrás de um sujeito denunciado por fraudar as aposentadorias dos próprios trabalhadores da Petrobrás? E com o histórico de relações e interesses que conflitam com os da maior empresa do país?

Dança da cadeira
As jogadas parecem ter mudado nesta semana com a informação da colunista Malu Gaspar, do “O Globo”, que divulgou que Bolsonaro teria determinado a retirada do nome de Silva e Luna do conselho da Petrobrás para viabilizar a demissão do general na presidência da empresa.

O estatuto da Petrobrás determina que o presidente tenha que ser conselheiro, assim Luna estaria impedido de continuar seu mandato na companhia.

Ainda, segundo Malu Gaspar, para o lugar de Silva e Luna, Bolsonaro colocará o atual indicado à presidência do C.A, Rodolfo Landim. Por conta do estatuto não permitir o acúmulo da presidência da empresa e do conselho, Landim ficaria apenas no comando da companhia.

Caso se confirme esta dança de cadeiras no comando da empresa, vai ficar mais do que claro que o governo Bolsonaro usa a Petrobrás conforme sua conveniência para proteger sua popularidade para fins eleitorais.

Tudo indica que a escolha de Bolsonaro visa, sobretudo, garantir eventuais mudanças que ele venha implementar na empresa, visando o calendário eleitoral. A ideia seria colocar alguém de confiança e com pretenso conhecimento técnico sobre a Petrobrás para justificar uma mudança visando a eleição presidencial. Certamente, Landim vai fazer de tudo para atender aos interesses do Bolsonaro. Até mesmo, fazendo o teatro de mudar o ator, para seguir enganando o público.

Quem é Landim?
Landim atuou no sistema Petrobrás por 26 anos quando ocupou diversas funções gerenciais, nos governos de FHC e Lula, na área de Exploração & Produção, chegando, no período, à diretoria da PETROBRÁS e a presidir a, agora, privatizada BR Distribuidora (entre 2003 e 2006) e a GASPETRO (entre 2000 e 2003), em processo de privatização.

Posteriormente, saiu da empresa para se associar aos esquemas de Eike Batista na OGX, tendo uma relação conflituosa com o sócio que culminou com um processo judicial.

Em 2019, se afastou de sua empresa, a Ouro Preto Óleo e Gás, criada para se beneficiar das privatizações da Petrobrás, sendo vendida para um fundo de investimentos. Ao longo de sua gestão como presidente do Flamengo Landim conseguiu uma aproximação com o presidente Bolsonaro que assistia jogos do clube com frequência.

Investimento furado
Segundo o MPF, o esquema ocorreu entre 2011 e 2016, captando mais de R$ 585 milhões de outros fundos de pensão como VALIA (Vale), Real Grandeza (FURNAS), FORLUZ (CEMIG), BANESPREV (Banespa), Economus (Banco do Brasil/Nossa Caixa) e Santander. Os denunciados, Luiz Rodolfo Landim Machado, Nelson José Guitti Guimarães, Demian Fiocca, Geoffrey David Cleaver e Gustavo Henrique Lins Peixoto, atuaram como representantes das empresas Maré Investimentos e Mantiq junto aos diretores dos fundos de pensão. Essas duas instituições foram as gestoras do FIP Brasil Petróleo 1.

De acordo com matéria divulgada pelo Sindipetro-RJ, as investigações revelaram que os gestores da Maré e da Mantiq participaram ativamente das negociações que driblaram a regulamentação do FIP, que, segundo a norma vigente, não era permitido realizar investimentos de fundos de pensão em empresas estrangeiras, mas apenas nacionais.

Ocorre que os denunciados tinham por objetivo investir, desde o início, na empresa americana Deepflex. O dinheiro foi irregularmente remetido para o exterior e a Deepflex incidiu em falência, desaparecendo todo o recurso financeiro que havia recebido.

Aproximação com Bolsonaro
Landim, presidente do Flamengo, aproximou-se do presidente Jair Messias Bolsonaro com trocas de visitas, ora no Maracanã, ora no Planalto. E é neste contexto de apoio mútuo que Landim recebeu a indicação de Bolsonaro para presidir o C.A da Petrobrás.

Por fim, pode se dizer que se os preços nas bombas de combustíveis, por todo o país, são um indicador do nível de corrupção do Governo Bolsonaro com os preços dolarizados (PPI) contra o povo, a indicação de Landim é mais uma ameaça direta à previdência dos trabalhadores do Sistema Petrobrás e um indicativo de que o desmantelamento da Petrobrás seguirá, assim como o mecanismo da PPI contra o povo: em a potencial manipulação pré-eleitoral ou na manutenção do saque das riquezas nacionais e da exploração privada de nossas vantagens competitivas, Pré-Sal e Petrobrás, com a PPI.

Fonte: Sindipetro-RJ.