Mudança na Petrobrás é fachada para manter os preços exorbitantes dos combustíveis e gás de cozinha

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Primeiro Roberto Castelo Branco, depois o general Joaquim Silva e Luna, agora José Mauro Coelho. O segundo substituiu o primeiro, assim como o terceiro o segundo, uma simples operação de fachada de Bolsonaro a fim de criar a falsa expectativa de que teria o poder de controle sobre a empresa, mas que visa, no final das contas, manter a política de preços atrelada ao mercado internacional, o que reflete nos preços exorbitantes dos combustíveis e do gás para a população,  como é o interesse do acionistas internacionais que controlam, na prática, a empresa.

A Petrobrás está no centro do golpe de 2016.  A gota d’água foi a tentativa dos governos petistas em impulsionar o desenvolvimento da cadeia produtiva ligada ao petróleo a partir da exploração do pré-sal. Calcula-se que cerca de 500 mil postos de trabalho foram fechados nos segmentos de Exploração, Refino, Indústria Petroquímica e de Transformação. A Indústria naval que retomou um alto nível de investimento a partir de 2010, transformou-se em pouco mais de 2 anos de Lava-Jato, em imensos galpões desertos com a demissão de dezenas de milhares de trabalhadores.

Além de liquidar com o desenvolvimento da cadeia produtiva do petróleo, os grandes monopólios do Petróleo tem por objetivo finalizar aquilo que o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso quase conseguiu, que é a privatização total da Petrobras. Em entrevista concedida ao site Tutaméia, em outubro de 2020, quando a Petrobrás completava 67 anos, Guilherme Estrella, geólogo, ex-diretor de exploração e produção da Petrobrás e “pai do pré-sal” afirma:  “Estamos vendendo ativos, sendo esquartejados não para o capitalismo produtivo. O que estamos sofrendo é uma privatização ligada à faceta que hoje domina o capitalismo, que é o financeiro. Tudo que estamos enfrentando é produto do governo Fernando Henrique Cardoso, que fez um governo criminoso em relação aos interesses brasileiros, com a abertura da Petrobras na Bolsa de Nova York. Hoje em torno de 60 a 70% dos acionistas são estrangeiros. Isso significa que até 70% dos lucros é dirigido a esses grupos, que são financeiros. Esse governo que está aí e desde o golpe de 2016 é ligado a esses capitalistas. A Petrobras acabou. O nome da Petrobrás hoje é Petrobrax. A nossa Petrobras acabou. Está de costas para o Brasil. Não tem mais interesse no Brasil, a não ser tirar muito dinheiro, tirar recursos daqui e exportar recursos. Nós estamos com a Petrobrax, que é a Petrobras que estava lá no governo FHC”. 

Como se pode constatar pelo trecho citado da entrevista, não é mais possível dizer que a Petrobrás seja uma empresa estatal. O domínio do capital internacional, dos oligopólios e do capital financeiro, que na verdade são um só,  já é majoritário, como se pode ver diante da política de preços, mesmo contra a vontade do governo Bolsonaro, incapaz de se opor aos interesses imperialistas, como admitido pelo próprio presidente.

Não é por outro motivo, que no ano passado, a empresa atingiu o maior lucro da sua história, R$ 106 bilhões,  em quase toda sua totalidade como decorrência da venda do petróleo bruto e da política de preços, que equipara os combustíveis aqui no Brasil ao valor do mercado internacional.  Em outros termos, o Brasil, que é autossuficiente em  petróleo bruto, que refina mais de 70% das suas necessidades e teria condição sem muita dificuldade de atingir os 100%, paga em dólar aquilo que é custo em real.

Depois que o imperialismo avançou em seus objetivos de dominar totalmente a Petrobras, não será de bom grado que darão um passo atrás para atender os interesses de qualquer governo que venha querer colocar um freio à política de preços ou de privatização das subsidiárias, refinarias, de poços continentais e do pré-sal.

O petróleo e a Petrobrás  são questões chave na luta pela soberania nacional e pela derrota do golpe de 2016. É preciso uma gigantesca campanha pela nacionalização do petróleo e pela reestatização da Petrobras. Para ser bem sucedida, a campanha tem de estar apoiada na mobilização popular e deve ser atrelada à luta por eleger Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.

Fonte: Causa operária