Reunião com RH da RPBC
Na segunda-feira (25), a diretoria do Sindipetro-LP se reunião com o RH da Petrobrás e gestores da RPBC e UTE Euzébio Rocha para tratar de demandas antigas e de problemas apurados durante as setoriais com os grupos da refinaria, realizadas nas duas últimas semanas.
Logo no início, o diretor Fabio Mello cobrou resposta sobre a demanda de ampliação da linha 17 (veja texto sobre a reunião anterior aqui). Em resposta, os representantes da Petrobrás disseram que estão estudando uma solução, que deverá ser apresentada até a segunda quinzena do mês de maio.
A reunião prosseguiu com cobranças específicas por setor, dentre eles SMS – Saúde Ocupacional, Destilação e Laboratório.
SMS
Dentre os principais pontos levantados durante a reunião, o sindicato apurou a saída de técnicos de segurança (TS) da RPBC, que irão se aposentar pelo PIDV até janeiro de 2023. Os dados apontam que a refinaria de Cubatão ficará com apenas 19 TSs, o que irá ocasionar na formação de quatro grupos com quatro TSs e um grupo com três, além de não ter nenhum TS para o administrativo, desguarnecendo totalmente o quadro mínimo pregado pelo sindicato, que é de seis TSs.
O sindicato disse na reunião que não vê nenhum posicionamento por parte da gerência de SMS de preocupação em ser demandante de técnicos de segurança, quando os fatos apontam a falta desses profissionais em um curto prazo. É de conhecimento do sindicato, inclusive, que alguns TSs estão chegando na RPBC para cobrir vaga de operadores.
Em resposta, o representante do SMS disse que a RPBC solicitou a realocação de TSs para a refinaria ao RH do Rio de Janeiro, porém, não informou o quantitativo.
Segurança Industrial
Ainda no setor de SMS, o sindicato informou que os trabalhadores estão reclamando da banalização dos procedimentos de segurança. As Recomendações Adicionais de Segurança (RAS) devem ser feitas somente por técnicos de segurança da Petrobrás, mas infelizmente há relatos que tais recomendações estão sendo desprezadas ou não estão sendo cumpridas para atender as ordens do Centro de Operação de Intervenção (COI).
Durante as setoriais ficou claro que muitos procedimentos baseados pelas orientações do COI ferem padrões tácitos de segurança. São inúmeras Análises de Risco (ARs) e Análises Preliminares de Risco (APRs) que apresentam inconsistências, devido terem sido elaboradas por terceirizados, que não têm conhecimento da área de forma específica.
Os técnicos de segurança, por inúmeras vezes, questionaram a forma que estão sendo feitos tais documentações e temem pelo pior. Procedimentos relacionados à segurança, emissão e elaboração de PT, além de APRs e ARs devem ser feitas por profissionais próprios, com a devida vivência na área operacional para efetuar as tarefas. Infelizmente, através do COI, a terceirização está avançando a passos largos, e futuramente poderemos colher frutos indesejados, como acidentes e incidentes. Para o sindicato, seria importante que esse grupo de intervenção, fosse composto em sua maioria por trabalhadores próprios. Porém, até o momento o sindicato não recebeu apresentação de qual é a real importância do COI existir.
Durante as setoriais recebemos vários relatos, tanto da operação, como da manutenção e da própria Segurança Industrial (SI) de documentações inconsistentes, mas que graças à atenção dos operados e dos TSs da casa as correções foram feitas em tempo.
Os atuais gestores da companhia precisam entender que estamos em uma refinaria de petróleo e não num simples despachante de documentos. Portanto, o sindicato exige que os procedimentos nas elaborações de PTs, ARs APRs e RAS sejam feitos como antes, por funcionários próprios e com as devidas reuniões necessárias entre as três partes envolvidas, manutenção, operação e a Segurança Industrial.
Até que algo de pior aconteça, os trabalhadores que apontam os erros estão sendo perseguidos, assediados e punidos de diversas formas, inclusive com a não progressão em suas carreiras.
Não somente os petroleiros do SMS apontam os desvios descritos, como também a operação, manutenção e segurança reclamam da forma atropelada que passam pelos procedimentos. Dentre as queixas, uma recorrente é a falta de integração em se priorizar serviços.
Para os trabalhadores parte dos problemas começam pelo COI, cuja funcionalidade não está clara para os petroleiros. Falta esclarecer em que o setor atua, como funciona e qual o objetivo da central, uma vez que no quesito segurança o setor atua com ingerência, apressando os procedimentos.
Apesar da explicação simplória dos representantes da empresa, de que o COI ajusta as operações para melhorar a logística, no entanto, é consenso nas setoriais que está faltando sinergia das prioridades, que se sobrepõe as demandas e baixo efetivo.
O sindicato questionou a empresa de o porquê a área de tanques está sendo tratada como “liberada”, o que não era. Recentemente por pouco não houve acidente com vítimas, após o teto do P-118C despencar devido a acúmulo de água da chuva. Talvez se nesse acidente tivesse alguma vítima, mesmo que não fatal, o conceito mudasse.
O diretor Fabio Mello também criticou a terceirização da segurança patrimonial, que para o sindicato deveria ser feita em sua maioria por funcionários próprios da Petrobrás, com apoio de terceirizados.
Saúde Ocupacional
O sindicato cobrou também reforço nas equipes da Saúde Ocupacional, pois hoje se falta um Técnico de Enfermagem (TE), quem assume é um trabalhador terceirizado. Nesse ponto, o pleito do sindicato é de um quadro com dois TE por turno e um (1) para o administrativo, dentro das 12 horas do turno.
A diretoria do Sindipetro-LP reportou o problema de alta rotatividade na empresa que está tomando conta dos contratados da Saúde Ocupacional. A reclamação dos petroleiros é que ao invés do TE estar com a atenção voltada para atender a ocorrência que está se direcionando, ele precisa ficar indicando o caminho para o motorista do veículo que o conduz, pois o que consta é que os motoristas não sabem andar na refinaria. Para o sindicato, os motoristas precisam passar por mais treinamentos. Segundo a empresa, não está havendo rotatividade na equipe de motoristas, que é fixa. O sindicato sugeriu então reciclagem desses motoristas, que não estão sabendo como proceder durante trânsito na refinaria.
Destilação
O sindicato apontou diversos problemas estruturais na destilação. Dentre eles, a simples retirada de amostras se torna um grande problema, devido à ineficiência dos mostradores, pois muitos se encontram inoperantes ou com problemas no sistema de resfriamento, dificultando a retirada de amostras, a não ser de forma improvisada e insegura.
Segundo apurado pelo sindicato, a destilação sofre com a deteriorização das estruturas, inclusive metálicas, devido desgaste. Recentemente uma escada de marinheiro se desprendeu enquanto um trabalhador a estava utilizando. O sindicato disse que vai envolver a Cipa para apurar o acidente com a escada e vistoriar os demais equipamentos para cobrar do novo contratado da manutenção para a resolução dos problemas.
A setorial com o pessoal da destilação recebeu outra denúncia de irregularidade. De acordo com os trabalhadores, o petróleo trabalhado agora na refinaria é oriundo do pré-sal, o que exige mais das dessalgadoras, que produzem mais efluentes. Além disso, o sindicato cobrou que a Petrobrás desenvolva novos estudos qualitativos e quantitativos dos efluentes gerados na destilação, por conta da composição do petróleo, uma vez que o pré-sal é um petróleo mais leve, portanto com formulação diferente do que vinha sendo trabalhado na refinaria. Os operadores reclamam do constante cheiro do benzeno na área e isso aumentou ainda mais por conta dessa nova carga de petróleo do pré-sal utilizado na RPBC.
Outro ponto apresentado pelo sindicato relaciona o comportamento de supervisores, gestores, CTOS, que estão passando por cima de procedimentos e punindo qualquer um que conteste, alegando que estão fazendo corpo mole. Segundo os relatos dos trabalhadores, esses gestores operam tudo sem ter o devido conhecimento, “bypassam” tudo, e fazem avaliações rebaixadas para quem não aceita tais ordens.
Um dos grupos citou o nome de um supervisor como um dos assediadores, que tem feito pressão sobre os procedimentos, sem discussão com os trabalhadores, que muitas vezes são obrigados a deixar seus postos de trabalho para treinarem em outras áreas, de forma concomitante com a sua função no posto de trabalho, o que é um erro. Os trabalhadores devem estar totalmente dedicados ao treinamento e não podem estar assumindo área simultaneamente. No entanto, na RPBC quem aceita a esse tipo de situação é parabenizado e algumas vezes são bem avaliados. Já quem segue as regras e é mais conservador quanto ao uso de padrão e NRs têm avaliação rebaixada.
Outra denuncia apresentada pelo sindicato são as subnotificações de treinamento com estimulo de GD. De acordo com o que foi apurado, se o trabalhador se autodeclara treinado será melhor avaliado, mesmo sem a conclusão do curso.
O sindicato apurou também que na destilação tem operadores na área sem treinamento de ar mandado, o que é grave em uma refinaria. Em caso de vazamento de H2s, benzeno e outros agentes nocivos, temos operadores na área sem treinamento de ar mandado, sem NR20, isso tudo com o agravante de problemas da composição nas brigadas.
O sindicato lembrou ainda que no GPI havia três operadores e agora é apenas um operador para cuidar das de três unidades.
Laboratório
O sindicato mais uma vez reforçou que a Petrobrás contrata serviço e não pode treinar fornecedores. Os petroleiros do laboratório relataram que estão sofrendo assédio para treinar prestadores de serviço e deixar que terceirizados assumam certificados, ensaio específicos de venda, octanagem etc.
O que estamos vendo é o avanço da terceirização e a contratação irregular, uma vez que não se acha no mercado técnicos químicos do petróleo, devidamente qualificados para fazer nossas amostragens, testes e ensaios específicos. O sindicato tem orientado os trabalhadores a não efetuarem treinamentos para terceiros por isso ser irregular. A Petrobrás contrata prestadores de serviços prontos, e não pode treinar terceiros.
O sindicato cobrou as melhorias, que inclusive foram indicadas em ação civil pública, relacionada ao setor. A diretoria pediu um relatório de como a empresa está lidando com a exigência do MPT e preparando o setor. Dentre as pendencias estão o sistema de drenagem e ventilação, dentre outros. Segundo o gestor do SMS, as melhorias no sistema de drenagem foram concluídas. Apesar da informação satisfatória, depois de tantos anos cobrando sobre o mesmo assunto, faltam ainda outras pendências, como o conserto da climatização do laboratório.
A diretoria do Sindipetro-LP também exigiu a retomada das reuniões para demonstração efetiva do plano para o laboratório, conforme acordo feito em 2021, quando a RPBC se comprometeu a realizar reuniões específicas para tratar de demandas do setor.
A diretoria do Sindipetro-LP está atuando para solucionar os problemas novos e antigos que continuam existindo na RPBC e para isso precisa que a categoria continue participando das reuniões, setoriais e conversas com o sindicato, muito importantes para dar respaldo aos diretores diante dos representantes da empresa em reuniões com RHs.
Estamos em ação!