Participação da Petrobrás nos investimentos do país desaba e chega a menor taxa já registrada pela empresa

2,2%

A participação da Petrobrás na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) ficou em apenas 2,2% no primeiro trimestre deste ano, a menor taxa já registrada pela empresa. De janeiro a março de 2022, os investimentos totais da estatal somaram R$ 9,2 bilhões, sendo R$ 7,2 bilhões, 78% do total, concentrados na atividade de exploração e produção (E&P); e R$ 1,3 bilhão em refino.

O atual baixo índice de investimentos da maior empresa do país segue o comportamento de 2021, quando a presença da Petrobras na FBCF do Brasil ficou em somente 2,8%, refletindo a política de desinvestimentos da companhia. Em 2015, no governo Dilma, a participação era de 7,2%; o recorde foi alcançado em 2009, com 11,1%.

Os cálculos foram feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção Federação Única dos Petroleiros – FUP), com base em relatórios da Petrobras e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Do total de R$ 47,4 bilhões investidos pela Petrobras no ano passado, R$ 38,4 bilhões (80% do montante global) foram destinados à E&P, nos campos do pré-sal; e R$ 5 bilhões em refino (10,5% do total). “É o mais baixo montante investido em refino da história da empresa, que, com isso, viu as importações brasileiras de combustíveis aumentarem significativamente”, observa o economista Cloviomar Cararine, do Dieese/FUP.

Em linha com o encolhimento do nível dos investimentos, a produção de refinados da Petrobras, nos primeiros três meses deste ano, atingiu 1,73 milhão de barris/dia, abaixo do total de 1,85 milhão de barris diários de 2021. No diesel – segmento sensível, que enfrenta riscos de desabastecimento do mercado – a produção média da Petrobras, de janeiro a março deste ano, foi de 684 mil barris/dia, inferior aos 726 mil barris/dia de 2021.

Enquanto isso, aumentou a dependência brasileira por importações de derivados. As compras de diesel e óleo combustível dos Estados Unidos, nosso maior fornecedor mundial, somaram 1.510 metros cúbicos (m³) no primeiro trimestre de 2022. Somente em março último, atingiram 830,5m³, acima dos 679,8m³ adquiridos no acumulado de janeiro/fevereiro deste ano, segundo dados da Energy Information Administration (EIA), agência norte-americana de energia. O movimento veio acompanhado pelo crescimento do número de importadores de derivados no Brasil, que pulou de 363 agentes em 2016, para 643 em dezembro de 2021.

Fonte: Monitor Mercantil