Obra de gasoduto que tornaria país autossuficiente em gás natural até 2027 é paralisada, diz Petrobrás

Rota 3

Em comunicado ao mercado, a Petrobrás informou que o gasoduto Rota 3, responsável por contribuir para tornar o Brasil autossuficiente em gás natural até 2027, não será mais inaugurado no segundo semestre, como previsto.

A Petrobrás comunicou que as obras da Unidade de Processamento de Gás Natural do Polo Gás Lub (UPGN), em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, estão paralisadas porque a empresa responsável pela construção interrompeu unilateralmente o contrato.

Com o informe da Petrobrás, o mercado trabalha agora com a previsão de que a UPGN seja inaugurada em março de 2023, o que ainda não foi confirmado pela companhia.

Ainda segundo a estatal, a empresa responsável pela obra da UPGN desmobilizou o quadro de funcionários, estimado em cerca de 1,5 mil trabalhadores.

“Por este motivo, a obra está paralisada, sendo realizada apenas atividades de preservação dos equipamentos e das instalações. Adicionalmente, a Petrobras reforça que está em dia com todos os seus compromissos com a referida empresa”, diz um trecho do comunicado divulgado pela estatal.

As obras são realizadas pelo consórcio formado entre a petroleira chinesa Kerui e a empreiteira brasileira Método Potencial, que resultou na Sociedade de Propósito Específico (SPE) Keruí-Método. Procurada, a parceria ainda não e manifestou.

Quando pronta, a UPGN tem previsão de receber e processar, segundo a Petrobrás, o equivalente a 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, colocando o Brasil num patamar de independência porque o país passará a ter sua demanda por gás natural suprida internamente.

A previsão é que essa autonomia esteja garantida até 2027.

O produto vem dos campos marítimos da Bacia de Santos, por meio de um gasoduto de 355 quilômetros de extensão.

Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, estiveram presentes na unidade, para a cerimônia de pré-partida.Diretor-executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, que esteve cotado para a presidência da Petrobras esse ano, entende que o atraso é prejudicial para a demanda interna do país e gerará custos extras, por conta do elevado preço da commodity no mercado internacional.

O fenômeno se deve à Guerra na Ucrânia.
“É uma notícia muito ruim, porque esse gás supriria uma queda de produção que acontece nos campos do pós-sal. O gás, que chegou a custar cinco dólares o milhão de BTUS, agora oscila entre US$ 25 e US$ 30. Então, a Petrobras vai ter que arrumar esse gás que, provavelmente, será importado”, afirma Pires.

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Rio de Janeiro é detentor de cerca de 60% das reservas brasileiras provadas de gás natural.

Em maio, a estatal boliviana Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) reduziu em 30% o fornecimento de gás natural ao Brasil, por meio do gasoduto Brasil-Bolívia, o que resultou na redução de fornecimento de seis milhões de metros cúbicos diários e fez com que o país precisasse importar mais gás natural liquefeito (GNL).

Por meio de nota, o Ministério de Minas e Energia disse que o abastecimento de gás natural no Brasil, no segundo semestre de 2022, não depende, necessariamente, da entrada em operação do gasoduto Rota 3, considerando que há disponibilidade de outras fontes de gás natural produzido em território nacional e complementação, por meio da importação, de gás natural da Bolívia e de GNL.

“O Comitê Setorial de Monitoramento do Suprimento Nacional de Combustíveis e Biocombustíveis (CMSNC), criado por meio da Portaria nº 623/GM/MME, de 10 de março de 2022, continuará monitorando o suprimento de gás natural ao mercado nacional”.

Fonte: CNN