38 anos do maior acidente na Petrobrás na plataforma de Enchova. Será que a segurança na empresa evoluiu?

Triste realidade

Hoje, 16 de agosto de 2022, completam-se 38 anos do incêndio na plataforma de Enchova da Petrobrás, na bacia de Campos, que fez com que 37 trabalhadores viessem a óbito além de ferir outros 19, em decorrência da queda de uma das baleeiras, que enganchou em um de seus cabos e despencou na água a uma altura de cerca de 30 metros.

O incêndio foi causado por um vazamento de gás seguido de explosão e um de seus principais motivos foi a política de metas recorde imposta pelos gestores da empresa, que visava unicamente o lucro em detrimento da vida e das condições de trabalho dos petroleiros. Normas de segurança eram ignoradas por pressão do alto escalão para que todos os objetivos financeiros fossem cumpridos.

Mas e hoje, 38 anos depois, será que algo mudou? Bom, infelizmente é dever informar que não. Desde 2016, quando já no governo de Michel Temer a Petrobrás passou a servir somente os interesses dos acionistas, aplicando o Preço de Paridade Internacional (PPI) nos combustíveis, vendendo ativos estratégicos, como a BR Distribuidora, campos do pré-sal, refinarias e fechando fábricas de fertilizante, dentre outros, as condições de segurança de trabalho no Sistema Petrobrás só pioraram.

Após tantos Planos de Demissões Voluntárias (PDVs) e sem vislumbre de novos concursos públicos para suprir a demanda, os petroleiros próprios e terceirizados enfrentam ainda a pressão por metas dos gestores, que para garantirem seus bônus por produção, mantém as atividades nas unidades em ritmo acelerado, mesmo com baixo efetivo. E enquanto os petroleiros próprios podem se negar a realizar trabalhos com risco de acidentes, os terceirizados são os que mais sentem as consequências de uma gestão voltada ao lucro.

Fato é que são os terceirizados que mais sofrem acidentes de trabalho, como o que vitimou na última terça-feira (2), o petroleiro terceirizado Patric Carlos, na plataforma P19, também na Bacia de Campos, vítima de um disparo de CO2.

Nesse ritmo, acidentes como o de Enchova em 1984, o da plataforma P36 na Bacia de Campos em 2001, que matou 11 pessoas e no navio-plataforma Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, em 2016, que deixou três mortos e dez feridos, continuarão acontecendo por pura negligência, já que a meta é lucrar, independente de garantir a segurança do trabalhador.

Para garantir o respeito e condições de trabalho descentes, só através de muita luta, com mobilizações, ou, quando não houver abertura para negociação, exercendo o direito a greve, garantido pela Lei Nº 7.783, de 28 de junho de 1989.

Por todas as vítimas de acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, por seus familiares e para que acidentes como o de Enchova não mais aconteçam, seguimos lutando por melhores condições de trabalho e segurança!