Dia Internacional da Igualdade Feminina marca a luta por direitos e o fim da violência contra a mulher

Protagonismo

No dia 26 de agosto de 1920, os Estados Unidos aprovaram a 19ª emenda a constituição. Nela, estava decidido que a partir daquela data as mulheres estadunidenses conseguiriam o direito de votar e serem votadas. O Dia Internacional da Igualdade Feminina foi promulgado no mesmo 26 de agosto de 1973, como referência a histórica vitória do início da década de 20. Utilizamos essa data para relembrar essas e outras conquistas femininas que foram fundamentais para que as mulheres se destacassem diante do patriarcado e conseguissem seu merecido espaço na sociedade. Mas isso só foi possível através de incontáveis movimentos e lutas feministas que se impuseram diante dos valores conservadores da sociedade.

O movimento do Sufrágio, por exemplo, foi fundamental para que as mulheres conseguissem o tão sonhado direito ao voto no final do século XIX e início do XX. Iniciado na Inglaterra e cativado diversos países ao longo das décadas, entre eles Estados Unidos, país que deu início a data comemorativa, e o Brasil que conseguiu aprovação para o voto feminino no ano de 1932. No entanto, a porcentagem de mulheres na política e ocupando cargos de liderança ainda é baixo. Segundo um estudo realizado pela União Interparlamentar, organização internacional responsável por analisar os parlamentos mundiais, mostra que o Brasil amarga a 142º posição no ranking de mulheres na política sendo que, 15% das cadeiras da Câmara dos Deputados são ocupadas por mulheres. De todo modo, o índice de mulheres candidatas subiu de 9221 em 2018 para 9353 em 2022, o que representa um aumento de 1,67% em quatro anos. Já no quesito de ocupação de cargos de liderança, a pesquisa realizada pela Grant Thornton indicou que 38% das trabalhadoras estão em cargos de chefia, mostrando uma queda de 1% em relação ao ano anterior, mas um avanço bom se comparado a 2019 cuja porcentagem estava na casa de 25%. De qualquer forma, elas ganham 20,5% menos que os homens mesmo quando ocupam as mesmas funções com o mesmo perfil de escolaridade e idade.

Dados mostram que a luta não deve parar
Apesar de vitórias importantíssimas ao público feminino terem sido conquistadas através de muita luta ao longo dos anos, o índice de desigualdade entre homens e mulheres ainda é muito alto. Um estudo feito pelo Fórum Econômico Mundial no ano de 2022 mostrou que precisaríamos de mais 132 anos para alcançar a igualdade de gênero no trabalho, índice que atrasou em uma geração devido aos impactos causados pela pandemia da Covid-19. O Brasil amarga o 85º lugar da lista dos países com igualdade de oportunidades econômicas e 104º em empoderamento político. O pior não para por aí, o nosso “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, como já dizia Jorge Ben Jor, atingiu em 2021 a triste marca de um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), sendo que as vítimas de até 14 anos eram maioria. Foram registrados 56.098 boletins de ocorrência de estupros, e a taxa média de estupro de vulneráveis é de 51,8 para cada 100 mil habitantes no mesmo ano.

Além do mais, é sabido que incontáveis mulheres sofrem violência e não denunciam por diversos fatores, entre eles medo do assediador, medo de perder o emprego, de enfrentar o processo e não dar em nada, ser culpabilizada, não querer reviver a experiência, e o fato dos crimes muitas vezes serem tratados como um problema entre o homem e a mulher, e não como algo que envolve a sociedade. Entretanto em diversas vezes quando uma denunciou, outras fizeram o mesmo, como por exemplo, o caso do médium João de Deus, do ex-médico Roger Abdelmassih, do americano Jeffrey Epstein, ou o mais recente do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, flagrado estuprando uma paciente sedada que passava por uma cesariana, e tantos outros.

É através disso que compreendemos que apesar da conquista de vários direitos, ainda há muito que lutar para garantir a igualdade de gênero e o fim da violência, que é muito presente. É com ela que vem o machismo que além de dificultar a obtenção de oportunidades profissionais, também mata, estupra e oprime brutalmente uma pessoa pelo simples fato de ter nascido num corpo feminino. Não há outra forma de resolver isso se não por meio da educação e do voto, e nesse ponto as mulheres saem na frente por serem 51% da população. É preciso escolher candidatas (os) que defendem as causas de igualdade de gênero, ao invés daqueles que alegam que determinada mulher “não merece ser estuprada por ser feia”. É fundamental que o patriarcado entenda que o feminismo não se trata de um movimento pela supremacia feminina, e sim por igualdade de oportunidades independente do gênero, e pelo fim do assédio e da violência contra a mulher.

Viva o protagonismo das mulheres, feliz 26 de agosto!