Petrobrás paga 25 vezes mais dividendos que outras petroleiras. Investimento despenca e ameaça futuro da empresa

Mais privatização

Entre 2005 e 2020, a média dos dividendos pagos em relação aos investimentos líquidos da Petrobrás foi de 12,66%. Entre 2021 e 2022 (até o 2º trimestre), esta relação foi para 1.241,36%, cerca de 100 vezes maior. “Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas”, afirma o engenheiro químico Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet).

Em artigo publicado nesta terça-feira (“Insustentáveis dividendos pagos pela atual direção da Petrobras”), Coutinho compara as políticas de investimentos e de distribuição de dividendos da estatal brasileira com as de outras grandes companhias petrolíferas integradas.

O Monitor Mercantil mostrou como a política reduziu os investimentos e tornou a estatal brasileira a companhia – de qualquer ramo – que mais paga dividendos no mundo.

A Petrobrás, apesar de ter a menor receita em relação às outras cinco empresas (Exxon Mobil, Shell, Total, Chevron e BP), pagou o maior montante em dividendos (dados consolidados até o 2º trimestre de 2022). Além disso, foi a petrolífera que realizou o menor investimento líquido, sendo de apenas 11% em relação à média dos demais.

Tomando como exemplo a Shell, que teve um faturamento pouco mais de 3 vezes maior, e lucro líquido de US$ 25,16 bilhões: a companhia anglo-holandesa investiu US$ 10,54 bilhões e pagou US$ 3,8 bilhões em dividendos (relação de 36%). A Petrobras lucrou US$ 18,88 bilhões, pagou US$ 11,9 bilhões em dividendos e investiu apenas US$ 720 milhões (relação de 1.653%). “A relação da Petrobras é 25 vezes superior à média praticada pelas outras petrolíferas”, analisa o vice-presidente da Aepet.

“A redução significativa do investimento em E&P em relação à produção pode prejudicá-la. Trata-se de mais uma evidência de que as políticas de investimentos e de distribuição de dividendos, adotadas pela alta direção da Petrobras em 2021 e 2022, são insustentáveis”, finaliza Coutinho.

Fonte: Monitor Mercantil