De menina dos olhos na geração de emprego e renda a sucateamento o que houve com a Petrobrás ?

Realidade

Não faz muito tempo, os trabalhadores do Litoral Paulista encontravam emprego farto e bem remunerado na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), nos Terminais Transpetro em Santos, Cubatão e São Sebastião, Na UTGCA, em Caraguatatuba, e em outras empresas de grande porte do polo industrial. Naquele período, início dos anos 2000 e meados de 2015, o “peão” não aceitava desaforo de chefe, pois podia escolher em qual empresa trabalhar, sempre em busca de melhores salários e benefícios. Periodicamente uma leva de trabalhadores era reclassificada, tornando-se de auxiliares a profissionais de suas áreas, recebendo aumento de salário e uma nova qualificação. As sextas, após o expediente nos terminais e refinarias, as cidades eram uma festa, com centenas de trabalhadores em bares, restaurantes e lojas, fazendo a alegria de suas famílias ou “pagando o galo”, ritual de agradecimento dos trabalhadores aos amigos de empresa, por terem recebido a tão esperada promoção!

Empreiteirópolis foram construídas para acomodar milhares de trabalhadores de diversas empresas e consórcios, para a ampliação de unidades, para refinar o petróleo e gás do pré-sal, a menina dos olhos do país, naquela época, que garantiria pleno emprego, combustível barato, investimento na preparação de novos profissionais, com sobra para Saúde, Segurança e Educação. Na RPBC eram tantos trabalhadores, que uma nova portaria foi construída, assim como refeitório para alimentar milhares de pessoas, em mais de uma boa refeição por dia. Do gerente ao “orelha seca”, todo mundo se alimentava igual e ficavam todos satisfeitos. 
Ônibus confortáveis e seguros buscavam cada trabalhador praticamente em sua casa, e os deixavam após a jornada de trabalho. Eram outros tempos, que foram substituídos por desmonte, redução de salários, perda de direitos e aumento dos riscos por doenças ocupacionais, com o afrouxamento de normas regulamentadoras pelo atual governo. O pré-sal tem sido entregue a empresas estrangeiras e os royalties que deveriam financiar Saúde e Educação, estão agora deixando muito mais ricos alguns poucos bilionários.

A operação Lava Jato, iniciada para apurar denúncias de corrupção na Petrobrás, além de beneficiar corruptos confessos, por supostamente entregar os mandantes dos crimes que estavam sendo cometidos na empresa, foi responsável por paralisar todas as obras que estavam a pleno vapor e que tornariam o Brasil independente do diesel e gasolina de outros países, desempregando milhares de trabalhadores em nossa região e em todo o país. A “caça às bruxas” da Lava Jato, ao invés de mirar nos mandantes dos crimes, donos e gerentes das empresas envolvidas, suspendeu todas as obras, quebrando a indústria nacional, gerando outros milhares de desempregados. 

O que mudou para o trabalhador?
Após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, por pedalada fiscal, e que depois foi provada sua inocência, Michel Temer assumiu a presidência e tratou de intervir na Petrobrás, criando a política de paridade do preço de importação (PPI), que elevavam os preços dos combustíveis ao mercado internacional. Apesar da produção de combustíveis no Brasil ser mais barata do que no resto do mundo, o que poderia nos beneficiar com preços mais baixos, passamos a pagar em dólar e o preço alto chegou até mesmo para quem não tinha carro. 

Em 2018, iniciado o atual governo com a proposta de “mudar tudo isso que está aí”, o PPI foi mantido e as políticas de importação foram modificadas para favorecer a venda de alimentos, carnes, leites e derivados a países estrangeiros, encarecendo os produtos no mercado, prejudicando milhões de brasileiros, fazendo com que muitos tivessem dificuldade de fazer ao menos três refeições por dia. 

Quem diria que “mudar tudo isso que está aí” seria para piorar a vida do trabalhador? Os sindicatos disseram. Alertamos todos os efeitos danosos das reformas propostas para a terceirização, previdência e nas leis trabalhistas.

O índice de desemprego está estagnado em 13,7% há pelo menos dois anos, pois muitos desistiram de procurar emprego e portanto não constam como “desempregados” o salário mínimo diminuiu ao invés de aumentar em quatro anos e o poder de compra caiu a padrões pré plano real. Em Cubatão, principalmente nas unidades Petrobrás, os salários só não estão piores porque os trabalhadores se uniram e votaram uma tabela salarial que deve ser seguida pelas empreiteiras, ou mobilizamos greve!

Foram inúmeras mobilizações e greves em todas as unidades do LP nos últimos quatro anos: MIPE, G&E Engenharia, Método Potencial, Limpid, Allcontrol, Benge, Mérito Segurança Patrimonial, Altivale, JPTE, Alpitec, Masterlogic, Quality, dentre outras, todas contra calotes que a reforma trabalhista e lei da terceirização permitiram, graças ao afrouxamento da proteção dos direitos dos trabalhadores.  

Além dos baixos salários e retirada de benefícios, a segurança nas unidades foram colocadas de lado em nome do lucro. Não podemos esquecer que nos primeiros meses de pandemia, em 2020, assim como a Petrobrás, as empresas terceirizadas não se preocuparam com seus empregados, deixando que pessoas com testagem positiva para a Covid-19 continuassem trabalhando, aumentando os casos da doença na empresa. Até hoje não temos o número certo de terceirizados mortos pela Covid-19 no sistema Petrobrás. Para a atual gestão da companhia no comando da empresa, os terceirizados nem número são.
Enquanto o país discute a sucessão presidencial e observa a escolha de novos representantes no Congresso e no Senado, o trabalhador brasileiro continua sem ser ouvido, sem sequer ter um operário eleito para defender os seus interesses.

A luta em defesa dos nossos direitos é uma tarefa delegada a nós, trabalhadores, e não devemos entregá-la nas mãos de ninguém.  É fato que ter políticos comprometidos com a maioria e que não tenha seu mandato financiado por grandes empresas resulta em avanços para os trabalhadores, logo, precisamos buscar uma política mais justa e menos corporativista.

Também é fato, que quando a Petrobrás focava no desenvolvimento do país, com investimento nas unidades de norte a sul, ampliação do refino, construindo termelétricas, gasodutos, terminais e gerando milhares de empregos, vivíamos uma realidade totalmente diferente da atual, em que todo lucro gerado pela estatal vai para acionistas. 

Portanto, devemos defender a Petrobrás contra a sanha privatista que a ameaça e que é defendida como plano de governo, pois bem sabemos o que acontece com os empregados próprios e terceirizados quando uma empresa pública é privatizada, vide o que aconteceu com a Cosipa/Usiminas e com a BR Distribuidora (hoje Vibra). 

Defender a Petrobrás é defender o Brasil!