Falta de manutenção e efetivo reduzido causa mais um acidente: petroleiro cai em poço com água, após grade ceder

RPBC a beira de um acidente fatal

 

No último dia 27 de fevereiro (segunda-feira), um técnico de operação da RPBC caiu dentro de um poço de sucção da bomba de água do Rio Cubatão, que felizmente estava desligada. O acidente aconteceu após a grade sobre o poço que o petroleiro andava ter se desprendido, cedendo sob os seus pés ecaindo na água. Ao cair, o operador torceu o joelho. Apesar do risco e da lesão que sofreu, o trabalhador está bem.

Os desdobramentos após o acidente chamam a atenção, pois ao serem apuradas as causas da queda, descobrimos que ocorreram outros incidentes, que se já tivessem sido resolvidos não causariam mais risco para os trabalhadores. No entanto, vários desses incidentes não foram nem registrados. Em todos os casos, às más condições dos pisos de grade, falta de manutenção dos equipamentos e baixo efetivo foram os problemas, que a gerência da Refinaria tem conhecimento.

Foram encontradas várias áreas com problemas no piso de grades, e é questão de tempo para outra grade soltar no lugar errado e causar uma fatalidade. Segundo apuração do sindicato, quase todas as grades estão irregulares e muitas com risco iminente de acidentes.

No entanto, além dos incidentes recentes, lembramos que já em 2014, um acidente similar alertava a refinaria dos perigos da falta de controle e manutenção dos pisos de grade. Na ocasião, um técnico de operação, que estava numa torre fracionadora em uma altura de uns 30 metros na área da destilação, sobre uma dessas grades, caiu, após a grade ceder, mas por sorte parou um nível abaixo, em outra grade que o segurou. 

Como é de costume na gestão da refinaria, mal o acidente foi apurado e a gerência já arranjou formas de desviar a atenção do verdadeiro problema, tirando de sua responsabilidade a falta de manutenção dos equipamentos e passando aos operadores tarefas que não são de sua responsabilidade. Os operadores foram orientados a, além de emitir permissão de trabalho (PT), elaborar uma lista de verificação (LV), dando garantias de que as grades estão bem fixadas, com grampos nos lugares corretos etc. Porém, os técnicos de operação não foram treinados para fazer isso e sequer têm conhecimento para dar um parecer confiável. A empresa quer se eximir da responsabilidade e passar para os operadores, quando o correto seria ter efetivo suficiente e dar condições para que os técnicos de inspeção ou SMSfizessem esse serviço. A responsabilidade de verificar e corrigir problemasnas condições dos pisos é da manutenção, que praticamente não existe mais na RPBC.

Sem a reposição do efetivo de manutenção e demais profissionais que estão fazendo falta na área, acidentes como o que ocorreu estão fadados a acontecer. Mas ao invés de agirem para tornar a unidade segura, os atuais gestores da empresa vão na contramão da solução, reduzindo efetivo e impedindo até mesmo as reuniões de inspeção de CIPA, que se acontecessem poderiam mapear esses problemas e atuar para resolvê-los.

Pela gravidade deste acidente e dos riscos envolvidos, oSindipetro-LP exige a nomeação da comissão de análise de acidentes, na qual devem participar sindicato e CIPA levando também em consideração as medidas de correção apontadas no relatório do acidente de 2014.