22 anos da tragédia da P-36 não mudam a realidade dos riscos à vida e a segurança no Sistema Petrobrás

Jamais esqueceremos

Passados 22 anos do afundamento da P-36 o cenário de caos permanece o mesmo nas instalações do Sistema Petrobrás. O desastre envolvendo a plataforma, causado por "não-conformidades quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto", segundo a ANP, não parece ter servido de lição para os gestores.Segundo o órgão, a principal causa da explosão foi um problema no fechamento de uma válvula. Entre as deficiências do projeto, está até a classificação da área onde se localizava o tanque que explodiu que não era considerada como área de risco.

De acordo com o relatório, deveriam ser utilizados dispositivos de detecção e contenção de gás e ainda equipamentos resistentes a explosões. Outra deficiência no projeto é a ligação do tanque de emergência a um equipamento chamado "manifolde de produção", onde ficam armazenados óleo e gás. O correto seria a existência de mais válvulas, para garantir o isolamento entre o tanque e os combustíveis.
Toda a sucessão dos problemas foi fruto de uma política de redução no número de funcionários e que aumentou drasticamente o número de terceirizados na Companhia, que podiam trabalhar até em áreas e atividades estratégicas, o que foi muito grave. Uma realidade não tão distante do que a categoria petroleira vivenciou na gestão do governo Bolsonaro.O cenário atual é o mesmo enfrentado pelos trabalhadores na década de 90, quando a empresa enfrentava duros ataques impostos no governo Fernando Henrique que queria vender a estatal.  

O acidente
No dia 14 de março de 2001 havia 175 pessoas a bordo da P-36, dentre as quais, segundo a Petrobrás, 45 eram próprios e 130 eram terceirizados. A explosão, que aconteceu por volta das 0h20, do dia 15, foi à primeira. Mais duas a seguiram, todas na mesma coluna de sustentação. Toda a estrutura da plataforma começou a ficar avariada, com a brigada de incêndio surgindo para tentar reverter à situação. Um erro fatal que levou à morte os onze trabalhadores. O tanque que explodiu estava fechado. Isso porque a bomba de drenagem ligada ao tanque estava desativada desde o dia 26 de fevereiro, para reparo.

A esta altura, o quarto piso da coluna, onde se encontravam os dois tanques, foi totalmente alagado com água, óleo e gás. Passados 17 minutos, o gás disperso entrou em combustão e causou uma grande explosão.  Simultaneamente, ao acidente teve início a operação de retirada da tripulação da plataforma P-36 dentro de cestas carregadas por guindastes e transportados para a plataforma P-47, a 12 quilômetros dali, em navios-sonda e rebocadores.

No momento do acidente a plataforma P-36 produzia cerca de 84.000 barris de petróleo e 1.300.000 metros cúbicos de gás, por dia, oriundos de 6 poços interligados.A P-36, que era considerada a maior plataforma do mundo, tinha a altura de um prédio de quarenta andares e a largura de um quarteirão. Para a construção, foram gastos 430 milhões de dólares. O acidente é um dos maiores registrados na indústria brasileira do petróleo.

Adilson Almeida de Oliveira, Charles Roberto Oscar, Emanoel Portela Lima, Ernesto de Azevedo Couto, Geraldo Magela Gonçalves, Josevaldo Dias de Souza, Laerson Antônio dos Santos, Luciano Cardoso Souza, Mário Sérgio Matheus, Sérgio dos Santos Souza e Sérgio dos Santos Barbosa, presentes!