Novos diretores da Petrobrás prometem diálogo, mas a categoria precisa lutar para avançar na pauta

Na mesa de negociação

Em reunião presencial, FNP apresentou extensa lista com os principais problemas represados nas áreas de Exploração e Produção, Refino e Gás e na gestão de RH nos últimos anos; petroleiros aguardam a criação de GTs

Na última quarta-feira (12/04), a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) se encontrou com os novos diretores da Petrobás para Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes; e Refino e Gás Natural, William França da Silva; além de Felipe Freitas, designado para o cargo de gerente executivo de Recursos Humanos (RH).

As reuniões presenciais aconteceram no Edifício Senado (Edisen), no Rio de Janeiro, entre 14h e 19h. A delegação da FNP – cerca de 20 diretores sindicais – apresentou uma extensa pauta da categoria com as demandas mais críticas e urgentes em cada uma das áreas supracitadas.

“A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) defende uma Petrobrás 100% estatal, empresa integrada de energia e o retorno do monopólio do setor de óleo e gás. Defendemos que os recursos do petróleo estejam a serviço de uma transição energética justa. É fundamental que a gestão da empresa e seu planejamento estratégico apontem nesse sentido”, diz um trecho do preâmbulo do documento entregue em mãos aos três diretores.

“Reiteramos aqui a independência e a autonomia da FNP em relação ao governo e à gestão da empresa e apresentamos nesse documento pontos essenciais que nortearão nossos debates com a gestão e com o governo e, sobretudo, nossas lutas em defesas dos direitos da categoria petroleira”, sintetiza o mesmo documento.

Exploração e Produção
Por aparente confusão de agendas, o novo diretor de Exploração e Produção (E&P), Joelson Falcão Mendes, permaneceu apenas uma hora na reunião com a FNP – que estava agendada para ter uma hora e 30 minutos. Esse desencontro impossibilitou a apresentação de uma parte das demandas registradas na pauta.

Em pouco mais de 10 minutos, Joelson fez um rápido panorama sobre algumas questões que a Federação apresentou, como os projetos Sergipe Águas Profundas (SEAP) e da Margem Equatorial, os modelos de transição energética e os recorrentes casos de assédio moral e sexual. “Nós temos o compromisso de não deixar acontecer. E se acontecer, precisamos tomar atitudes”, comentou.

FNP reunida com o novo diretor de E&P, Joelson Falcão Mendes
O diretor se colocou à disposição para novo encontros com a FNP, mas ponderou seu pouco tempo no novo cargo para o compromisso imediato com todas as pautas da categoria.

“Estou apenas 12 dias na função. Eu tenho noção de vários problemas [que vocês relatam], mas não tenho respostas porque acabei de chegar”, disse Joelson. “A gente vai ter diálogo. Nosso compromisso existe. O que for possível a gente vai atender. O que não for possível a gente vai deixar as razões bem claras”, complementou.

Refino e Gás
William França da Silva, o novo diretor da área de Refino e Gás Natural, preferiu um formato mais dinâmico de reunião, reagindo pontualmente a alguns casos apresentados pelos representantes da categoria petroleira. De pronto, ele disse que “a ideia é ampliar a capacidade de refino, mas não necessariamente haverá a construção de uma nova refinaria”.

Também sob a justificativa da recém-chegada ao novo posto, o diretor disse não poder dar encaminhamentos concretos às propostas da FNP para as políticas de gestão de portfólio do refino e gás natural, gestão ambiental, ou ainda em relação à criação de grupos de trabalho para prover soluções – a criação de GTs também foi apresentada para E&P e ao RH.

Entretanto, ele abriu um canal para se reunir com a Federação Nacional dos Petroleiros a cada trimestre, seja de maneira presencial ou remota. “Vamos divergir, mas vamos conversar e trabalhar as demandas que vocês nos colocam. A minha relação com os sindicatos sempre foi boa para a companhia”, resumiu William.

Recursos Humanos  
Felipe Freitas, o novo gestor designado para a gerência executiva de Recursos Humanos da Petrobrás, iniciou a sua intervenção prometendo revolucionar a política de promoção de diversidade na empresa.

Mas assim como seus colegas de diretoria, ele evitou grandes compromissos iniciais, alegando que o nível de autonomia dos gestores hoje é pequeno dentro da companhia.

Contudo, Freitas se comprometeu a atender a pauta dos 300 petroleiros e petroleiras PCDs (pessoa com deficiência) que demandam a incorporação do teletrabalho integral.

“Maldades e arbitrariedades passaram a ser a cultura da empresa. Eu sinto muito pelo que aconteceu nesses últimos anos. A Petrobras se desconectou das pessoas”, disse.

Por fim, o novo gestor prometeu criar uma gerência de equidade e inclusão dentro do RH da Petrobras. “Cobrem da gente, mas também tenham empatia com as pessoas que sofreram nesse período”, solicitou aos petroleiros, em referência a si próprio e a outros gestores que também se afastaram da companhia durante a gestão no governo Bolsonaro.

Saldo político e sequência
Para o secretário-geral da FNP, Eduardo Henrique, o saldo político foi a abertura de um canal de diálogo com os diretores de E&P, Refino e Gás Natural e com o novo gerente de RH.

“Mas não houve medidas mais concretas e objetivas”, criticou o dirigente. “É preciso seguir mobilizando a categoria petroleira e não abaixar a guarda. A FNP continuará cobrando dos diretores da Petrobras que tirem dos cargos os gerentes bolsonaristas, os gerentes alinhados com a privatização e com o assédio dos funcionários”, reforçou.

Eduardo Henrique também destaca a importância de organizar o calendário dos grupos de trabalho propostos pela Federação à Petrobras.

“A demanda imediata é que se efetivem os GTs, apresentando a agenda e a pauta que eles pretendem esmiuçar, para que os problemas possam ser atacados e resolvidos assertivamente por lá. São muitas as demandas, mas que eles comecem por algum lugar e apontem o que pretendem resolver”, explicou Eduardo Henrique.

Nas próximas semanas começam os congressos regionais dos sindicatos filiados à Federação Nacional dos Petroleiros, que por sua vez tem o seu congresso agendado para os dias 6, 7, 8 e 9 de julho, no Rio de Janeiro, em locar a ser definido.

Fonte: FNP