Em reunião com novo presidente, FNP demanda reincorporação da subsidiária à holding

Transpetro

Federação Nacional dos Petroleiros apresentou pautas estratégicas e gargalos represados do dia a dia, que assolam as condições de trabalho da categoria

Na quarta-feira (17/05), a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) se reuniu presencialmente com o novo presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, na sede da subsidiária, no centro do Rio de Janeiro (RJ). Participaram ainda, pela bancada patronal: o diretor de Operações, Jones Alexandre Barros Soares; Roni Barbosa, chefe do gabinete da Presidência; Alexandre Jatczak, designado para a gerência executiva de Recursos Humanos e Raildo Viana – gerente executivo de SMS.

A priori, os dirigentes da FNP destacaram que compreendem ser necessária a reincorporação da Transpetro à holding, sob a bandeira de uma Petrobrás 100% estatal, voltada para os brasileiros.

Na esteira das pautas estratégicas, a Federação também reivindicou: o fim dos leilões em áreas portuárias e a priorização para a Transpetro na concessão de terminais; a retomada da indústria naval; a ‘primeirização’ das atividades que hoje estão terceirizadas; a realização de novos concursos e a retirada dos ‘bolsonaristas’ dos cargos de chefia, que promoveram perseguições na subsidiária ao longo dos últimos quatro anos.

Pontos específicos
A FNP pediu a liberação de acessos (crachás) aos dirigentes sindicais às unidades da Transpetro – na entrada da reunião desta quarta, os dirigentes da Federação não tiveram seus crachás de acesso reconhecidos na portaria da Transpetro, inclusive os diretores aposentados.

A Federação Nacional dos Petroleiros cobra que as liberações sindicais entre as duas federações sejam efetivadas de forma isonômica – atualmente, a FNP possui apenas uma liberação integral contra cinco da outra federação.

O teletrabalho integral para pessoas com deficiência (PCDs) – ou com parentes e dependentes na mesma situação – também foi reivindicado pelos dirigentes.

A entidade relatou ao novo presidente que existem situações de assédio e perseguição dentro da subsidiária, como é o caso dos trabalhadores do Centro Nacional de Controle e Logística (CNCL) que realizaram uma greve de 10 dias, em 2022, pelo retorno do pagamento do adicional de mestra nacional, e ainda sofrem as consequências da paralisação.

Outro pleito apresentado é a retomada das negociações para o pagamento de adicional de gasodutos aos trabalhadores que exercem função análoga.

A precariedade das condições de trabalho dadas aos terceirizados, bem como a própria alimentação do pessoal, e o alto número de acidentes foram ressaltadas ao novo executivo da Transpetro.

A degradação das instalações dos terminais da Transpetro foi outra denúncia explicitada pelos diretores da FNP, além da falta de efetivo e de segurança operacional, e o uso indevido de trabalhadores terceirizados na operação e na segurança patrimonial.

A FNP ainda cobrou a integração da Transpetro nos GTs da Petrobrás com as federações, ou seja, que as diretrizes da holding sejam aplicadas na subsidiária – o novo presidente manifestou acordo com a proposta.

PLR
A Federação Nacional dos Petroleiros vai debater, inicialmente com a outra federação, depois com a direção da Transpetro, uma alternativa para que seja calculado um valor de Participação de Lucros e Resultados (PLR) para seus empregados num valor próximo da que será paga em 31/05 na holding, fazendo jus à contribuição aos lucros bilionários gerados pelo Sistema Petrobras em 2022.

O que disse a Transpetro
Sérgio Bacci disse que está aberto ao diálogo com os sindicatos dos petroleiros e as suas federações. A nova gestão reconheceu que a descentralização do SMS foi prejudicial à empresa e que vai prestigiar as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs).

Sobre as perseguições a quem participou da greve do CNCL, Bacci afirmou que vai averiguar a situação, e ressaltou que sua política será de tolerância zero com os casos de assédio moral e sexual dentro da empresa.

O novo presidente da Transpetro falou que pretende melhorar a situação dos terceirizados, e que vai realizar concurso público para o preenchimento de vagas, melhorando a relação de concursados X terceirizados de 1/3 para próximo de metade.

A retomada da construção de navios por estaleiros brasileiros será uma prioridade para a nova gestão. Sérgio Bacci solicitou à Federação Nacional dos Petroleiros um documento oficializando as pautas pontuadas no encontro.

Avaliação
Para o diretor da FNP e do Sindipetro PA/AM/MA/AP, Bruno Terribas, esse encontro inicial foi importante pela reabertura do diálogo com a alta administração da Transpetro.

“A FNP seguirá organizando os petroleiros e as petroleiras da Transpetro para recuperarmos os direitos, salário e as condições de trabalho, além de avançarmos na questão da incorporação da empresa ao Sistema Petrobrás”, disse. “Relembrando sempre da nossa postura de independência sindical frente a qualquer governo, patrão ou gestor”, complementou o dirigente.

Fonte: FNP e Sindipetro-RJ