Petrobrás muda política dos combustíveis, mas falta garantir “abrasileiramento” dos preços

Fim do PPI

A nova estratégia comercial da Petrobrás para calcular o valor da gasolina e do diesel, anunciada na última de terça-feira (16/05), é positiva porque acaba com a política de paridade de importação, mas não apresenta critérios objetivos que garantam, de fato, o “abrasileiramento” dos preços, como prometido pelo presidente Lula.

“Os parâmetros utilizados não são claros em relação à definição dos preços, critérios esses que seriam muito importantes para assegurar a ligação dos preços aos custos reais de produção (o abrasileiramento), e assim ofertar ao consumidor brasileiro valores menores do que a paridade de importação”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP) e Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Segundo ele, a principal e mais importante mudança na estratégia comercial da Petrobrás é o fim do PPI (Preço de Paridade de Importação), política que vinha sendo adotada pela estatal desde outubro de 2016. Essa medida foi responsável pelos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha mais altos da história do Brasil em 2022, mesmo tendo uma estatal no setor e produzindo 82% dos combustíveis consumidos internamente no país.

“O PPI, na prática, invertia a lógica fazendo o Brasil se comportar não como um produtor, mas sim como se fosse um consumidor de produto importado”, destaca Dantas.

O aspecto negativo da nova política de preços de combustíveis da Petrobrás, de acordo com o economista, é que os parâmetros apresentados são subjetivos. A estratégia comercial usa como referências de mercado o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobrás.

“Na prática, as duas referências já ocorrem. A estatal já oferece, na média, preços mais competitivos do que os importadores e as refinarias privadas em qualquer região do país”, argumenta.

Para Dantas, com a nova estratégia comercial a Petrobrás voltará a ter liberdade para precificar seus produtos, “abandonando uma regra que, de certa maneira, foi imposta para garantir a existência dos importadores”, declara.

Na opinião do secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Eduardo Henrique, o fim do PPI é um passo importante para se criar uma dinâmica de preços diferente, mas existe ainda uma outra medida essencial.

“Para ‘abrasileirar’ os preços de verdade é preciso reestatizar tudo o que foi entregue por Bolsonaro, iniciando pela retomada da BR Distribuidora e das refinarias. Se a direção da empresa seguir condicionada às regras de mercado, não haverá as mudanças necessárias para atender a população”, conclui o dirigente.

Fonte: FNP