Dirigentes da FNP acham 'estranha' a comprovação de apenas 10 casos de assédio e questionam Petrobrás

Esclarecimento

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) está questionando a informação dada pela Petrobrás de que foram comprovados somente 10 casos de assédio e importunação sexual entre as 81 denúncias de funcionárias da empresa. “É no mínimo estranho esse número apurado pela companhia”, afirma a diretora da entidade sindical Natália Russo. Na manhã desta sexta-feira (14), o Grupo de Trabalho (GT) Diversidade da FNP se reúne com a diretoria de Recursos Humanos da estatal e cobrará esclarecimentos sobre as investigações e providências contra os gestores que teriam sido coniventes.

Segundo a dirigente, um dos fatores que pode estar dificultando as apurações é o tempo, já que muitos dos casos de assédio ocorreram há vários anos. “O assédio é um caso muito sensível e subjetivo. Se as pessoas acharem que a materialidade das provas é só a confissão do culpado ou um vídeo gravado, que mostre o fato cabalmente, poderemos nunca comprovar o crime. Por isso, a palavra da vítima tem que ser considerada, além de ouvir testemunhas. Ninguém se expõe assim a troco de nada”, argumenta.

Russo se mostra indignada com o fato de os gestores, que foram coniventes e não estabeleceram processos de segurança às vítimas na época que foram importunadas sexualmente, serem mantidos nos cargos. “Nos diversos relatos de assédio sexual, a palavra que mais se destaca é gerente”, lembra ela. 

Na reunião desta manhã, os diretores da FNP vão solicitar um compromisso da Petrobrás de permitir o acesso e a participação das Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e do sindicato nos processos de apuração. “É muito importante que a Cipa e o sindicato sejam informados dos casos com o compromisso de sigilo, assim como ocorre com acidentes de trabalho, e participem da investigação caso a vítima autorize”, explica a diretora.

De acordo com Russo, houve uma mudança recente na legislação, que estabeleceu à Cipa a atribuição da prevenção e combate ao assédio moral e sexual. “Por isso, nosso entendimento, corroborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT), é uma questão de cumprimento da legislação”, destaca.

A dirigente declara que o papel da Cipa nas apurações de assédio na Petrobrás tem sido apenas de caráter informativo e preventivo. “Precisamos de mais avanços no combate ao assédio. Essa notícia de que a Petrobrás confirmou somente 10 casos demonstra que os avanços obtidos, infelizmente, não foram suficientes”, conclui Russo.

Fonte: Brasil 247