Negociação do ACT 2023-2024 começa com pauta sobre planejamento estratégico da Petrobrás

1º dia

Em mesa “Defesa e Reconstrução da Petrobrás”, diretoria da FNP cobrou a retomada dos ativos, incorporação de subsidiárias e valorização do Cenpes na transição energética; companhia anunciou a retirada de Urucu do portfólio de desinvestimentos e plano de saúde e odontológico aos terceirizados

A direção da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) esteve reunida com a gestão da Petrobrás para dar o pontapé inicial das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023-2024.

Com o nome de “Defesa e Reconstrução da Petrobrás”, a primeira mesa tratou do novo planejamento estratégico da companhia para os próximos anos, a partir da proposta de ACT enviada pela FNP.

No encontro, foi anunciada a retirada dos Polos Urucu (AM) e Bahia Terra (BA), Campo de Manati (BA) e Petrobrás Operaciones (ARG)  do portfólio de desinvestimentos.

A princípio, os gestores da companhia fizeram uma longa apresentação sobre o Plano Estratégico 24-28, que está sendo formulado com a perspectiva da transição energética, em respeito a acordos climáticos de médio e longo prazo, porém sem a perda da capacidade de exploração de reservas e ampliação do refino de petróleo.

A diretoria da FNP, entretanto, destacou que essa nova era da Petrobrás e a sua estratégia precisam priorizar a retomada dos investimentos e a recuperação de todos os ativos vendidos (como a BR Distribuidora e a Liquigás) ou hibernados (Fafens), assim como a incorporação das subsidiárias Transpetro, PBIO e TBG – as duas últimas ainda em processo de privatização.

“A gente não entende porque ainda existe um portfólio de desinvestimentos. É muito importante ver os limites do marco estratégico apresentado nesta reunião, como por exemplo, vamos dizer, a missão da Petrobrás em ainda gerar lucro para os acionistas. Ela precisa ter um novo papel para o desenvolvimento do país”, criticou Eduardo Henrique, secretário-geral da FNP, destacando a importância que o Centro de Pesquisas, Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), atualmente sucateado, deve ter na produção de tecnologias disruptivas.

De acordo com com o alto escalão, a empresa não pode trazer informações à mesa de negociação a respeito de uma eventual reestatização de ativos, porque isso geraria problemas com o mercado financeiro, podendo interferir na avaliação de recompra.

A diretoria da FNP também mostrou preocupação em relação ao Ediser e a rota dos ativos de Alagoas e Sergipe, cobrando ainda um posicionamento oficial da empresa sobre os projetos Sergipe Águas Profundas (SEAP) 1 e 2 – segundo a companhia, esse é um “projeto importante”, assim como o da Margem Equatorial, na região Norte do país.

A FNP manifestou seu posicionamento sobre a necessidade da Petrobrás se voltar mais ao social e às necessidades do povo brasileiro, em contraponto à política vigente de gerar lucros para acionistas privados e especuladores do capital.

“A questão da transição energética também passa por consulta à sociedade. É preciso informar as pessoas e as comunidades que serão impactadas. A Petrobrás é de suma importância para o desenvolvimento do país. Nesse sentido, é importante a valorização das diversidades para pensar em uma Petrobrás integrada. Somente assim será possível que a companhia alcance os seus objetivos para os quais ela foi criada em lei”, ressaltou Adaedson Costa, também secretário-geral da FNP.

Gestores e gerentes bolsonaristas

Os diretores da FNP também fizeram uma nova cobrança aos representantes da Petrobrás em relação à presença de gestores e gerentes bolsonaristas em cargos estratégicos, inclusive dentro do Cenpes, que seguem aplicando as políticas da gestão anterior.

“Também é preciso acabar com o rodízio de gerentes nas áreas operacionais que não possuem identidade alguma com o local. Isso tem prejudicado severamente a ambiência”, ressaltou Adaedson Costa.

Plano de saúde e odontológico para petroleiros contratados  
A Petrobrás confirmou na reunião de hoje com a FNP a extensão do benefício do plano de saúde e odontológico aos empregados contratados de empresas terceirizadas e seus respectivos familiares.

Essa é uma cobrança de muitos anos da Federação Nacional dos Petroleiros e uma importante vitória para essa categoria tão explorada nos últimos anos.

Fonte: FNP - texto editado