Gasto da Petrobrás na extração terceirizada no pré-sal supera custos das instalações próprias

Dieese

Os custos de produção de petróleo e gás em unidades afretadas — terceirizadas contratadas pela Petrobrás para operar na Bacia de Campos, no Rio — são maiores do que o custo para utilizar as plataformas da própria estatal. 

Esta é a conclusão da pesquisa divulgada nesta terça-feira 12, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, a pedido do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.

Com base no relatório de desempenho financeiro da Petrobrás do segundo trimestre deste ano foi possível verificar que no primeiro semestre, o custo de extração médio de cada barril de óleo equivalente (boe) nas plataformas afretadas foi 52,15% mais caro do que nas plataformas próprias (US$ 3,72 contra US$ 5,66).

O gasto foi maior nas afretadas em dois dos três níveis de profundidade das áreas de exploração e no terceiro, foi igual.

Ou seja, o custo só é igual entre estatal e terceirizada se as plataformas forem para extração de petróleo e gás em águas rasas. 

No pré-sal e no pós-sal profundo e ultraprofundo os custos são sempre maiores na terceirizada do que na estatal. Ali, as plataformas contratadas tiveram custo 14,46% mais caro do que em nas plataformas operadas pela Petrobras (US$ 12,93 contra US$ 14,8).

Em terras ou águas rasas, os custos foram iguais para plataformas afretadas e próprias, de US$ 15,21.

Para o Sindipetro-NF, os dados mostram que o afretamento não se justifica e revela precariedade na qualidade dos empregos e perda do estímulo ao desenvolvimento brasileiro.

“Petrobras tinha suas plataformas próprias, até mandava fazer aqui no Brasil, isso agregava conteúdo local, desenvolvia a indústria e chamava para si a responsabilidade, da empresa operar, contratar, ter um quadro grande e qualificado de trabalhadores”, avalia o economista do Dieese, Carlos Takashi. 

Os afretamentos das duas plataformas do Rio foram realizadas em 2019, com parceria com a empresa japonesa Modec e a malasiana Yinson. Na época, a justificativa era de que os navios-plataforma eram fundamentais para a extração de petróleo no pré-sal, pois, segundo a Petrobras, podem produzir, armazenar e transferir petróleo e gás.

Atualmente, a estatal fechou contrato para afretar duas plataformas na Bacia Sergipe-Alagoas, com o intuito das unidades serem estratégicas para ampliar a disponibilidade do gás nacional e abrir nova fronteira de produção feita no Nordeste.

(com informações da Agência Brasil)