40 anos do incêndio na Vila Socó: tragédias continuam acontecendo como resultado de negligência

Desastre

Há 40 anos, em 24 de fevereiro de 1984, um incêndio sem precedentes na história do país devastou a Vila Socó, hoje conhecida como Vila São José, em Cubatão. O desastre foi desencadeado por um vazamento de combustíveis de oleodutos conectando a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) ao terminal portuário da Alemoa.

O incidente pegou de surpresa famílias inteiras, enquanto muitos já dormiam, sendo consumidas pelas chamas que se propagaram entre as moradias de madeira. O número oficial de mortos, 93 corpos encontrados, ainda é motivo de contestação por moradores e entidades que surgiram após o desastre, representando as famílias. Estas estimam que mais de 500 pessoas perderam a vida na tragédia.

Conforme as investigações da época, o vazamento ocorreu durante a transferência de combustíveis por uma tubulação que não resistiu à sobrepressão, resultando na ruptura do duto e no derramamento de cerca de 700 mil litros de gasolina pelo mangue.

O produto se espalhou sob as palafitas com o movimento das marés, e cerca de duas horas após o vazamento, ocorreu a ignição, seguida pelo incêndio. As chamas se alastraram por toda a área alagadiça superficialmente coberta pela gasolina, consumindo as moradias de madeira.

Essa tragédia na Vila Socó é uma triste lembrança das consequências devastadoras, serve de alerta para que a segurança na área industrial seja redobrada, nunca descuidada. o incêndio, serve como um alerta para a necessidade de redobrar os esforços na área industrial em termos de segurança.

O problema do baixo efetivo é uma questão antiga. Há um déficit no quadro operacional pelos mais variados motivos, que vão desde os desligamentos via aposentadoria e PIDV; afastamentos diversos, seja pela necessidade de quarentena, seja por outros motivos relacionados à saúde, até transferências de trabalhadores para outras unidades da empresa, sem permuta, ocasionando uma vacância nos grupos de operadores. Em 2017, por exemplo, houve uma redução de 20% no quadro mínimo de operadores do processo produtivo. Atualmente com 60% do efetivo reduzido e aumento das áreas de produção e atuação, essa "conta não fecha".

O “enxugamento” do quadro funcional tem se agravado ano após ano, intensificando-se especialmente no último governo devido à política adotada pela alta cúpula da Petrobrás, que consistentemente colocou o lucro acima das vidas. O resultado desse descaso nos últimos quatro anos é evidenciado pelo significativo aumento de acidentes, mortes e danos ambientais.

Com a mudança de governo e da gestão do Sistema Petrobrás gradativamente essa realidade está mudando. Apesar de estarmos esperançosos com a nova gestão e a realização de novos concursos, o Sindicato dos Petroleiros e a categoria petroleira estão atentos para que realmente toda essa lacuna de vagas seja suplementada por esses concursos, a fim de evitar a repetição de tragédias como o da Vila Socó, Brumadinho e Mariana.

Este é o momento de reconstrução da Petrobrás, e esperamos que todo o prejuízo causado nos últimos seis anos seja reparado. Estamos vigilantes. A oportunidade que temos agora é crucial para evitar que eventos semelhantes a esses ocorram no futuro, visto que a Petrobrás está implementando uma política de valorização das pessoas. O concurso para o Sistema da Petrobrás está prestes a ocorrer, e cabe à gestão da RPBC, em Cubatão, e do Terminal da Alemoa, em Santos, solicitar operadores para repor o efetivo que há muito tempo opera no limite.