8 de Março: Dia Internacional da Mulher e as Lutas na Petrobrás

Será que avançamos?

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data importante para reafirmar as batalhas necessárias para assegurar às mulheres conquistas sociais, políticas e econômicas que são muitas vezes prejudicadas pelo machismo arraigado em nossa sociedade. Já estamos em 2024, mas apesar de alguns avanços, é evidente que a luta pela igualdade de gênero ainda está longe de ser concluída. Dentro da Petrobrás, essa luta também é travada.

Na apresentação da última turma dos novos funcionários, aprovados em um dos últimos concursos realizados pela empresa, dos 364 chamados, 94 são mulheres (26% do total, maior índice de mulheres já registrado nos cursos de formação), dentre as quais teremos engenheiras de diversas áreas; segurança do trabalho, de segurança de processo, do petróleo, engenharia mecânica, de produção; analistas de comércio e uma série de outras profissões que elas puderam escolher e foram acolhidas pela Petrobrás. Apesar de ser menos do que um terço da nova mão de obra contratada, podemos vislumbrar no futuro ter um número equivalente de homens e mulheres na companhia, mas para isso precisamos cobrar com mais veemência e acelerar o processo de equiparação de gênero, dando mais oportunidades para que as mulheres entrem na empresa.

As mulheres participaram da criação da Petrobrás, mas sempre em menor número. Na primeira turma formada, pelo então Conselho Nacional do Petróleo, no Curso de refinação do Petróleo, em 1952, antes mesmo da Petrobrás ser criada, duas mulheres estavam no grupo, as pioneiras, Glória Conceição Oddone e Ileana Zander Williams, ambas engenheiras de processamento. Mas, diferente da única homenagem que geralmente as empresas dispensam às mulheres no dia 8 de março, dando-lhes rosas, na Petrobrás nem tudo são flores.

O ambiente de trabalho na empresa reflete o que acontece na sociedade, onde se negam, principalmente para as petroleiras contratadas, direitos básicos das mulheres, e onde enfrentam violência e assédio. Em uma empresa com 70 anos de história as mulheres ainda enfrentam problemas como a falta de banheiros e uniformes adequados para seus corpos, mas isso é apenas a ponta do iceberg.

Os sindicatos de petroleiros há anos recebem denúncias graves de assédio sexual, injúria racial, ameaças e até mesmo de estupro, dentro das instalações da empresa. Os casos envolvem trabalhadoras próprias e contratadas, que muitas vezes deixam de denunciar e enfrentam todas as formas de opressão sozinhas, por medo de retaliação, vergonha ou de serem demitidas, o que ainda é bem comum, principalmente entre as contratadas.

Nos diversos locais de trabalho da empresa, os casos são recorrentes e os processos de investigação das denúncias nem sempre avançam ou punem os assediadores. Entre as demandas urgentes que os sindicatos cobram da empresa, destacam-se o teletrabalho integral para gestantes no último mês de gestação, a efetivação do Programa de Parto Humanizado, a disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados para as mulheres e o suporte à amamentação, incluindo o direito à retirada de leite, ambiente adequado e suporte para a guarda do leite para as mulheres lactantes que desejam trabalhar em plataformas.

Outras demandas incluem  redução da jornada para lactantes e a melhoria do Programa de Assistência à Saúde (PASA), com a garantia de mamografias anuais para as aposentadas, sem coparticipação. Essas são lutas importantes e a participação de todos é fundamental para conquistá-las.

Exigir essas e outras pautas para todas as trabalhadoras do Brasil é um desafio que, tanto a curto quanto a longo prazo, parece não ter uma solução imediata. No entanto, na Petrobrás, seria possível avançar significativamente nesses temas se houvesse um comprometimento de todos os envolvidos, sejam homens, mulheres, trabalhadores próprios ou contatados e entidades representantes da categoria.

Mais do que um dia de homenagens superficiais, o 8 de Março reforça a necessidade de um esforço coletivo pelo fim da desigualdade de gênero, do assédio e dos crimes cometidos contra as mulheres diariamente, direta ou indiretamente.

Enquanto a jornada nacional por essas pautas ainda tem um longo caminho a percorrer, na Petrobrás é possível avançar na resolução desses problemas com união, organização e luta.

A todas as mulheres, apesar de sabermos que serem fortes não é uma escolha, mas uma condição necessária para enfrentar o dia a dia, nosso muito obrigado e garantia de comprometimento para enfrentarmos juntos as batalhas, para que um dia possamos superar o tema de equidade de gênero, da equiparação salarial e de representação em todas as esferas profissionais dentro da Petrobrás.