Em reunião com a Transpetro, Sindipetro cobra retorno do GPI da Alemoa e melhorias em Pilões 

gerências dos terminais

Na última sexta-feira (5), a diretoria do Sindipetro-LP realizou uma reunião com as gerências dos terminais Transpetro das três unidades abrangidas pelo Sindicato. O encontro teve como objetivo principal discutir várias demandas dos trabalhadores, incluindo a retirada de representantes do Grupo de Planejamento e Intervenção (GPI), a situação do efetivo, a transparência da gestão, e as condições precárias de trabalho na Estação de 
Carregamento Rodoviário, em Pilões.

Descontinuidade da presença dos operadores do GPI da Alemoa
Durante a reunião, o Sindipetro-LP expressou preocupação com a retirada dos técnicos de operação do GPI. A equipe é importante no planejamento das manutenções e intervenções dos equipamentos de forma segura. É importante destacar que o terminal da Alemoa apresenta um dos piores cenários de emergência da Baixada Santista, pois comporta tanques refrigerados e esferas de GLP. A mudança levanta questionamentos sobre a intenção da empresa em aumentar a terceirização, que já é uma realidade nos terminais.

A forma intempestiva que a descontinuidade se deu ocorreu após o sindicato tentar ajudar um trabalhador que desejava voltar para o turno. A empresa resolveu o problema permitindo seu retorno ao turno, no entanto, nesse processo, os gestores “perceberam” uma não conformidade com o setor e decidiu corrigi-la sem negociar com o sindicato, o que é inaceitável.

Cabe aqui informar à categoria, que o atual gerente setorial de operação, que inclusive participou da reunião com o sindicato, fez parte do GPI, sob as mesmas condições que hoje alega inconformidade. 

O Sindipetro-LP deixou claro que se há uma não-conformidade, não se deve descontinuar sem a devida negociação. O Sindicato Litoral Paulista, na boa fé negocial, exigiu à empresa que os técnicos de operação do GPI retornassem aos seus postos de trabalho no grupo e se iniciasse uma negociação com o Sindicato a fim de se encontrar uma saída que atenda tanto os interesses de conformidade da companhia, como os interesses dos trabalhadores. 

O Sindipetro-LP destacou que a não observação desse pleito por parte da empresa caracteriza um acirramento desnecessário no momento, uma vez que estamos em uma fase de diálogo entre empresa e sindicato. A posição do atual gestor do terminal de passar por cima da categoria assemelha-se ao modus operandi da gestão bolsonarista, anteriormente no comando da empresa.

O sindicato vai conversar com os trabalhadores para consultá-los, e adiantou aos gestores na reunião que não hesitará em realizar até mesmo uma greve, se for necessário.

A reunião com os gestores dos terminais foi agendada para a próxima sexta-feira (12). 

Concurso público e reposição de efetivo
O sindicato solicitou informações sobre como a gestão lidará com o concurso público vigente, destacando a alta demanda por horas extras nos terminais, especialmente em Pilões, que conta atualmente com apenas dois operadores. A empresa foi questionada sobre a reposição de efetivo, especialmente diante do Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) previsto e da idade avançada de alguns trabalhadores, em vias de se aposentarem, alertando pela necessidade de uma visão preventiva para evitar problemas futuros, como  os que ocorrem na Alemoa.

DE ACORDO COM A EMPRESA, ESTÃO PREVISTOS A CONTRATAÇÃO DE APENAS UM OPERADOR PARA CADA TERMINAL TRANSPETRO DO LP. O sindicato cobrou maior ação dos gestores para reestruturar o efetivo, apontando também a planilha de horas extras da empresa, que mostra mais de 1600 HE mensais, em alguns meses. AS PLANILHAS COMPROVAM A NECESSIDADE DE, NO MÍNIMO, MAIS DOIS TÉCNICOS DE OPERAÇÃO POR TURNO, EM CADA TERMINAL. 

O sindicato questionou novamente a gerência de operações devido à percepção de inconsistência na abordagem da não conformidade do GPI, enquanto que, por mais de três anos, tem sido observado um excesso de mais de mil horas extras em cada terminal sem que tenha sido identificada nenhuma não conformidade. 

Além disso, apesar do compromisso com a valorização das pessoas e a geração de emprego, refletido na assinatura do edital do concurso público vigente, a gestão não tomou medidas para repor esse contingente, como evidenciado pelas planilhas de horas extras. Esses fatos, no mínimo, indicam a incompetência tanto dos gestores anteriores quanto dos atuais, considerando que muitos deles já integraram os quadros operacionais e administrativos dos terminais em questão. 

A não reposição desse déficit por meio do concurso público vigente levanta dúvidas sobre se a gestão não está ainda contaminada pelo modus operandi da gestão anterior, onde a máxima era produzir mais, com menos, maximizando o lucro, negligenciando a saúde dos trabalhadores e a segurança nas instalações.

Será que também não se trata de improbidade os gestores não resolverem o problema das milhares de horas extras, necessárias para cumprir as tarefas do dia a dia e os padrões operacionais dos terminais, ainda mais com um concurso público em vigência?

Estação de Carregamento Rodoviário – Pilões
Apesar de a Estação de Carregamento Rodoviário ter sido inaugurada recentemente, com toda a pompa, inclusive com a presença do presidente da Transpetro, Sr. Sérgio Bacci, em visita realizada recentemente pelo sindicato foi constatada uma série de irregularidades. 

Um dos problemas encontrados pelo sindicato se refere a sala de controle, onde não se encontram detectores físicos de benzeno, o que deixa a operadora do local exposta ao agente cancerígeno. 

O sindicato criticou iniciar a operação no local, sem que todos os sistemas de detecção de vazamento de benzeno estivessem em plena operação.
Também foi constatado que não há um planejamento de lavagem dos uniformes dos operadores ali locados, que levam os seus uniformes, juntamente com o agente cancerígeno, para dentro de suas casas, contrariando todo o procedimento da Transpetro e da Petrobrás, descumprindo a NR 24, que determina que as roupas devem ser lavadas em lavanderias industriais. A situação é absurda e o sindicato exige a imediata adequação ao padrão da empresa.

Também foi constatado que não há um refeitório adequado para que os trabalhadores que ali trabalham façam as suas refeições. As instalações, tanto na parte de escritório e despacho de notas, se comunicam de forma inadequada com a parte de vivência da operação e se confundem, inclusive, com o próprio lugar de se alimentar, contrariando mais uma vez as normas da empresa e das NR’s. 

O sindicato exige que seja feita uma intervenção imediata, conforme a NR -24, que estabelece padrões para vestiários, sanitários, refeitório e outras normas específicas para o trabalho em local com exposição a substâncias tóxicas. 

Os operadores auxiliares contratados encontram ainda mais precariedade no local. No local utilizam máscaras de carvão ativado, que não agüenta nem mesmo uma hora de exposição ao benzeno, mas reutilizado várias e várias vezes até ser trocado. Também não recebem o macacão Tyvek descartável, mas sim utilizam outro, de material impróprio para as tarefas, e que é trocado apenas de três em três meses. O sindicato não encontrou no local nenhuma estação de ar mandado ou máscaras de fuga, equipamentos autônomos que comportem todos os presentes na estação de carregamento rodoviário. 

O sindicato cobrou uma promessa antiga da gestão, de apresentar o funcionamento da estação de recuperação de vapores. Já se passaram meses e a reunião ainda não aconteceu.

Vale destacar que operação feita por operadores contratados acontece à revelia do Sindicato, uma vez que primamos pela operação com mão de obra própria do Sistema Petrobrás.

É preocupante notar como a administração agiu rapidamente para “resolver” um problema que foi ignorado por anos, mesmo que isso tenha causado atritos com a categoria, como no caso do GPI. Por outro lado, é alarmante que um problema que realmente afeta a saúde e a segurança dos trabalhadores nem sequer esteja em discussão. Isso ficou evidente quando os gestores demonstraram surpresa com as informações apresentadas pelo Sindicato durante a reunião.