Lutar não é crime
No dia 7 de setembro, Dia da Independência, dois manifestantes foram presos pela Guarda Civil Municipal (GCM) de São Sebastião (SP) durante um ato realizado na avenida da praia. Os integrantes do tradicional ato do Grito dos Excluídos estavam organizados para realizar a manifestação após o encerramento do desfile oficial, levar à avenida os cartazes, faixas e palavras de ordem do movimento.
Com a informação de que o desfile já havia terminado, os ativistas entraram na avenida, mas foram impedidos pela GCM. Os guardas municipais utilizaram gás de pimenta e, enfileirados, formaram uma barreira com grades para impedir a entrada dos manifestantes. Dois deles foram presos. Em nenhum momento os manifestantes desrespeitaram ou discutiram com os policiais. O diretor do Sindipetro-LP, Tiago Nicolini, e Rodolfo Fernandes Martins, advogado e portuário, estavam entre os detidos.
Se há alguma dúvida sobre a responsabilidade da gestão municipal e da GCM na confusão, marcada pela truculência dos guardas envolvidos, a liberdade dos manifestantes provou que, de fato, há responsabilidade. As manifestações do Grito dos Excluídos, que há mais de três décadas acontecem em todo o Brasil, visam a construção de uma sociedade sem desigualdade de classe. Isso não tem nada a ver com insubordinação ou tumulto.
O que mais chamou a atenção na ação conjunta orquestrada pela Prefeitura e pela Guarda Municipal foi a eficiência em reprimir, intimidar e prender aqueles que defendem um país melhor. Por outro lado, essa mesma conduta não é aplicada quando se trata de coibir casos de violência na região ou resolver o problema do déficit no saneamento e a escassez de água.
Infelizmente, esse fato apenas reforça que ainda estamos longe de um país verdadeiramente democrático. O direito à livre expressão e manifestação é rotineiramente desrespeitado. Contamos com todo o nosso apoio e solidariedade para os companheiros detidos injustamente.
Lutar não é e nunca foi crime!